Capítulo 7 - Fragmentos de Memórias (parte II)

22 5 24
                                    


Fomos até o campo de flores e nos sentamos lá.
- Vou chamá-lo de Chacal - tenho a impressão que era este seu nome.

- Nome interessante - falou o menino, ele se deitou por cima das flores e suspirou.
- Espero ansiosamente por nossa vez.

- Do que está falando? - pergunto.

- Quando estivermos no lugar deles.

- E o que isto significa?

- Você é muito jovem para saber - respondeu me olhando nos olhos. Ele aparentava ser mais velho que eu, com uma beleza encantadora. 

O lobo começa a chorar de repente.
- O que foi, Chacal? - questiono.

- Creio que esteja com fome. Vamos voltar, deve haver algo para ele comer em casa. - Fala o garoto.

- Sim, vamos. - digo.

Ao entrarmos na casa vejo Madalyn servindo a mesa, enquanto Tenebrus cortava uns pedaços de carne crua.

- Oh! Vejo que vocês encontraram mesmo! Hahaha - ele ri.

- Você ainda tinha dúvidas da capacidade desses dois? - pergunta Madalyn.

- Mas é claro que não! Afinal, eu os treinei! - se envaidece, Tenebrus.

- Como sempre, convencido - fala Madalyn, com os olhos entreabertos.

- Tudo para te impressionar, meu amor! - disse Tenebrus, agarrando sua cintura e a beijando.

- Quando será a nossa vez? - o menino pergunta, se referindo a nós dois.

- Ainda não é tempo para pensar nisto - responde Madalyn.

- Eu também era assim. Hahaha. Sentem-se à mesa - disse Tenebrus.

Mesmo achando estranho o ocorrido, sento ao lado do garoto, que sorri para mim. Madalyn põe uma bandeja com frango e batatas na mesa, dá uma piscadela para nós dois. 

Tenebrus coloca uma tigela com pedaços de carne no chão ao lado da minha cadeira. Imediatamente, Chacal pula do meu colo direto para sua tigela, eu acabo rindo com a sua atitude.

- Gostou de seu presente? - indaga Tenebrus, sentando ao lado de sua mulher na mesa.

- Adorei! - respondi, sorrindo.

O menino põe sua mão sobre a minha e diz algo que não pude ouvir. A minha visão parecia estar falhando. Tenho flashs de estar sendo levada por alguém, só conseguia ver árvores se movendo. Olho para o casal, eles tinham as mãos uma sobre a outra também, sorriam um para o outro e depois para nós. Tudo ficou escuro.

Acordo pelo barulho da chuva e trovões, me encontrava no meu quarto. Não estava muito lúcida, pois um cansaço enorme tomou conta do meu corpo assim que abri os olhos. 

Vejo que alguém estava sentado na poltrona, a qual se situava ao lado de uma estante de livros. O indivíduo estava lendo, eu não conseguia distinguir quem era. A minha colega de quarto não estava presente. O ambiente era iluminado por um abaju, por cima dele havia um pano bordado. Formas curiosas tomavam o quarto. Um barulho de trovão ecoa tão forte que me assusto.

- Não tenha medo, é apenas um mero trovão - disse, a voz era de Valentyn. - Você está bem?

- E-estou, cof cof...- me engasgo ao falar. Sem dizer mais nada, Valentyn sai do quarto. 

Levanto e toco meu pescoço, estava suando. Vejo que eu estava vestida com uma camisola, penso em quem poderia ter feito isso... Nesse momento, Valentyn volta para o quarto, segurando uma bandeja com chá e biscoitos.

- Você deve estar com fome, coma por favor - fala, depositando a bandeja sobre minhas pernas. Bebo um pouco do chá e como um biscoito. Avisto o olhar de Valentyn passar pelo meu corpo.

- Diga-me, q-quem trocou minhas roupas? - questiono envergonhada.

- Sua colega de quarto, é claro - responde, virando o rosto. 

- Ah...claro. - Digo, mordendo os lábios.

Quando termino o lanche, Valentyn retira a bandeja e põe sobre a escrivaninha. Ele senta na poltrona cruzando as pernas e acaricia seu queixo, parecia pensativo.

- Presumo que você deve saber o motivo por eu estar aqui - disse. Ele se refere ao nome que eu disse na sala do Armin.

- Sim, bom... E-eu - enquanto eu tentava falar, Valentyn olhava para mim atentamente, ansioso pela minha declaração.

- Eu tenho sonhos, muitas vezes pesadelos. Ontem, quando eu finalmente consegui dormir, sonhei algo diferente. Eu vi um menino, e pensando bem... ele se parecia com você. Estávamos correndo num campo de flores. - Valentyn desvia o olhar na comparação.

- O que mais? - pergunta excitante.

- Então, uma mulher nos chamou. Ela era linda, ela tinha alguns traços marcantes. Quando chegamos numa casa, havia esse homem, Tenebrus. Ele disse que um presente nos esperava na floresta, era um pequeno lobo, que por sinal eu tinha o pressentimento que seu nome era Chacal - Valentyn sorri ao ouvir isso.

- Esse garotinho não parava de repetir "quando será a nossa vez?" - continuei. Olhando para Valentyn. Ele encarava a chuva que batia contra janela do quarto,

- Hum... não são sonhos - interrompe ficando de pé, de costas para mim. - São lembranças - concluiu, saindo rapidamente do quarto antes mesmo que eu pudesse dizer algo.

Parada fiquei, em choque. 

Século Sombrio - Dark Century On viuen les histories. Descobreix ara