Capítulo 16 - Feridas

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O sol brilhava entre as poucas nuvens que passavam pelo céu. O dia parecia feliz, exceto para aqueles que sangravam em seu leito. Feras dormiam, após a noite de caça. Em seus corpos, havia sangue de suas vítimas. Uma noite fria, sangrenta e violenta tinha acabado de terminar em seu último dia de Lua Cheia.

A floresta, densa e aparentemente tranquila. Ninguém imaginaria que o terror ocorreu por entre suas árvores. Os mais desavisados sofreram as consequências. O medo daqueles que sobreviveram perdurou.

A Instituição recebeu as notificações de ataques, o número aumentou exponencialmente. As aulas foram suspensas devido aos ataques nas redondezas, deixando muitos alunos insatisfeitos e outros assustados.

Na enfermaria, um vampiro puro sangue estava de cabeça baixa pensativo, enquanto segurava as mãos de uma jovem muito ferida.

- Eu vou encontrar quem fez isso com você, Julliet - disse se levantando. - E irei matá-lo com as minhas próprias mãos - continuou, cerrando seus punhos. Rapidamente saiu do local, deixando a jovem sozinha na enfermaria.

Benjamin estava conversando com os seguranças em seu escritório da Diretoria, quando Valentyn chega ao local silenciosamente, ninguém notou sua presença.

- Teremos que fazer uma expedição na procura dessas feras, mesmo que elas não tenham se aproximado das limitações, não podemos permitir que ataquem as redondezas. - Disse Benjamin, e todos concordaram. 

- Eu vou cuidar disso, protejam a Instituição - interrompeu Valentyn. Benjamin olhou surpreso para ele.

- O quê? O que está pensando em fazer? Não há chan... - tentou falar Benjamin.

- A decisão está tomada, fiquem aqui e cuidem de todos, assegurem-se que Julliet ficará bem - ordenou Valentyn, se retirando do local. 

- Mas quem ele pensa que é? - irritou-se Benjamin. Batendo o punho na mesa.


No dormitório do turno da noite, encontrava-se os alunos noturnos. A grande porta de madeira da entrada do dormitório explodiu, surgindo Valentyn. 

Seus passos eram lentos, as mãos estavam no bolso do sobretudo e ele encarava o chão. A sua chegada fez com que todos ficassem apreensivos. 

A áurea em sua volta era maligna. As plantas presentes no cômodo apodreciam conforme sua presença se aproximava. Mas então, ele para. O cheiro do sangue de Julliet estava no ar. 

Isso porque durante a passagem de Hefesto buscando bolsas de sangue para salvá-la, deixou rastros por todo o dormitório. Os seus olhos imediatamente ficaram em um vermelho intenso e brilhoso. 

- Para aqueles que ousarem tocar em Julliet, sofrerão uma morte horrível - falou ferozmente, alertando todos aqueles presentes. Todos assentiram. 

Valentyn dirigiu-se ao quarto de Hefesto. O qual estava deitado dormindo. Ele o agarrou pelo colarinho e lançou-o pela janela.

Os alunos vampiros logo se assustaram e foram para fora ver o que estava acontecendo. Hefesto, apesar da queda, levantou-se imediatamente. Seus olhos expressavam uma fúria assustadora. 

Entretanto, isso não intimidou Valentyn, ele pulou da janela e parou na frente de Hefesto, seus olhos encaravam o chão, até que lentamente ergueu seus olhos para Hefesto.

- Era apenas uma função, e você falhou miseravelmente - disse Valentyn, mesmo com toda a situação, sua voz agora era calma. 

- Julliet só está viva por minha causa - cuspiu Hefesto. Valentyn observava Hefesto, enquanto aguardava a explicação dele. - Mesmo que eu a trancasse em uma masmorra, ela veria um jeito de escapar e se meter em problemas - continuou Hefesto.

Nesse momento, Valentyn mantinha-se pensativo com o que Hefesto acabara de falar. Uma brisa leva passou por entre os dois, fazendo seus cabelos voarem de acordo com o vento. Não ouvia-se pássaros, apenas o som da ventania, e um silêncio ensurdecedor. 

Alguns minutos se passaram, e algo fez com que Hefesto se alarmasse. Uma chama se acende por todo seu corpo. No entanto, ele de repente para. Seu corpo se estremecia pela dor. Por entre os alunos, surge um belo homem, seu nome era Demitry.

- Permita meu Lorde, que eu cuide disso - disse Demitry para Valentyn. O mesmo pareceu pensativo, mas concordou no fim. 

Então, Valentyn se dirigiu ao lado de Hefesto e tocou em seu ombro, enquanto olhava para frente.
- Vou permitir que você viva, apenas por tê-la salvo no fim - dito isso, ele some.


No quarto de Julliet, sua cama estava bagunçada. Havia livros em sua penteadeira. Peças de roupas estavam espalhadas pelo quarto. Um curativo ensanguentado estava no chão próximo a lareira, a qual estava sem chama.

Valentyn aparece na porta e adentra o local. Ele pega no curativo ensanguentado e cheira. Seus olhos reviram em êxtase, mas ele logo põe fogo no tecido e joga as cinzas na lareira.

Quando ele estava para fazer algo, nota uma camiseta preta masculina pendurada na cabeceira da cama. Era a camiseta emprestada a Julliet por Kenji. Ele se aproxima dela e a pega.

- De quem poderia ser essa peça de roupa..? - pergunta num sussurro para si mesmo.

Pensativo, ele observa a janela. Até que voltou sua atenção para a penteadeira. Em um rápido movimento, abre a gaveta e pega no bilhete e na adaga. Ao ler o bilhete, ele abaixa seu braço amassando o papel.

- Ela procurava por alguém - constatou, virando-se e com a outra mão que segurava na adaga, lançou em direção a camiseta preta, ficando contra a cabeceira da cama. Valentyn deixa o local rapidamente.


Pela tarde, Joseph corria por entre a floresta, ele tinha raiva e lamentava-se. Joseph parou de correr e sentou-se próximo a uma rocha. Uma brisa forte passa trazendo um ar gelado, mas isso não o incomodou. 

Ele começa a jogar pequenas pedras para longe. Passado um tempo fazendo isso, uma das pedrinhas retornou, o que fez Joseph se assustar e levantar rapidamente.

- Quem está aí?! - perguntou Joseph gritando. 

Apenas o silêncio reinava nos próximos minutos. Ele procura por alguma pista do que pudesse ser olhando ao redor, todavia, não encontra nada. De repente, ouve-se risadas diabólicas rondando Joseph.

Prontamente ele pega seu arco e flecha que trouxe junto. Ele tenta mirar em algo, mas não encontra o alvo.

- Droga! - gritou Joseph. 

Tudo ficou calmo e sem som algum, não havia mais risadas. Mesmo assim, Joseph continuava em alerta. Ele não estava com um bom pressentimento sobre isso. Galhos se quebram à sua esquerda, onde ficava uma árvore enorme e grande em sua extensão.

Joseph mira naquela direção e atira a flecha. Entretanto, ao que se parece, ele não acerta o alvo. 

Até que se escuta uma respiração ofegante atrás dele. Joseph engole em seco. Mas antes de virar-se para trás, ele dá uma cambalhota para frente e dispara mais uma flecha para a criatura que estava atrás dele. No entanto, nada se encontrava lá.

- Eu só posso estar alucinando - disse Joseph, coçando a cabeça. 

Ele se vira para trás e dá de cara com uma grande fera, saia saliva de sua boca enorme. Antes que ele pudesse fazer algo, ela rasga Joseph com suas garras. 

Pássaros voam para longe com o que acabara de acontecer.

Século Sombrio - Dark Century Where stories live. Discover now