CAPÍTULO 44

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Gift chegou à sua cabana exausto, era madrugada e Opal tinha furado com ele.
Se ele não estivesse tão esgotado, iria ligar para o filho da puta e ameaçá-lo, mas ele foi e voltou correndo, agora suas pernas pareciam de chumbo.
Quando viu que Harrison estava esperando-o, ele juntou suas últimas forças e voou naquele filhote idiota que não devia ser um bom vidente no fim das contas, pois Gift estava puto e ele ficava na linha do punho dele?
Harrison desviou, Gift caiu de cara no chão e ficou lá mesmo.
"Me carrega até a minha cama? Se fizer isso eu não quebro seus dentes amanhã." Gift pediu. Ele tinha cruzado praticamente toda a porra do caralho do Estado da Califórnia.
Harrison o arrastou pelos cabelos, eles estavam perto da porta, Gift só desviou o rosto do chão e se deixou arrastar.
Harrison o jogou na cama, Gift suspirou de alívio.
"Quer que eu tire sua roupa?" Harrison perguntou, Gift assentiu.
O filhote o despiu, Gift se deitou de costas, pouco se importando com seu pau flácido caído para a esquerda.
"Tem comida aqui?" Harrison perguntou, Gift se lembrou que ele era um comilão, o pior da Reserva.
"Se vira." Ele disse.
Porém quando o cheiro de carne tomou a cabana o estômago de Gift roncou alto, ele se levantou penosamente da cama e foi até a mesa da cozinha. Harrison o serviu, ele comeu devagar. Estava ótimo! Quase tão bom quanto a comida de Noah.
"Que porra é essa?" Gift não levantou os olhos do prato para responder o próprio Noah quando ele entrou na cabana.
"Gift parece ter sido atropelado por um avião, eu só ajudei." Harrison disse.
"Você não foi de jipe por que pensava em entrar em Homeland."
Gift não respondeu.
"Opal te fodeu? Sério? Quem diria que ele não teria honra?" Noah disse, ele e Harrison começaram a rir.
Gift continuou comendo. Talvez ele tenha errado em voltar para a Reserva, mas entrar em Homeland seria fazer merda. Smy estava lá, Harmony estava lá e seria muito difícil ele entrar lá e não lutar com Smile Two. Ele disse para Tia Elizabeth, madrinha de Brave, que não iria lutar com Smy e esperava cumprir essa promessa.
"Eu vou dormir. Lave a louça Harry, ou vou te bater amanhã." Ele se levantou e ia para o quarto quando Harrison disse:
"Eu tenho um grupo agora e estou tendo dificuldades." Ele disse, Gift o encarou.
"Um grupo? Bom, que se foda você e seu grupo. Boa noite." Ele disse e voltou para o quarto.
"Isso é legal. Você é o líder?" Noah perguntou, Gift não entendia por que os dois idiotas estavam ali, afinal eles eram irmãos e moravam na porra da mesma casa.
"Sim. Igual a você." Harrison respondeu, Gift bufou. Ele fechou os olhos com força, ele estava esgotado, por que não conseguia dormir?
"É. Mas ser líder é a parte mais difícil. Você estar tendo dificuldades é normal. Só seja bem sincero e conheça seus companheiros de grupo. Conheça-os bem, Harry. Um bom líder se mostra ao saber distribuir as tarefas." Gift fez barulho de vômito. Noah só era o líder do grupo deles por que via o futuro, só isso.
"Meu grupo é um pouco diferente e isso é a dificuldade."
"É, eu sei. Mas precisávamos de um grupo como o seu, irmãozinho. Um grupo fabuloso, cheio de recursos. E delicioso, diga-se de passagem." Noah riu.
Aí, Gift achou que já era demais.
"Quem faz parte do seu grupo, idiota?" Gift disse voltando a cozinha.
Harrison ainda estava comendo acabando com todo o estoque de carne dele.
"Ananyia e Laylah." Harrison contou.
Gift piscou, foi a única coisa que conseguiu fazer.
Laylah. Linda e alada. Com poderes psíquicos, super poderosa.
Ananyia. Humana, mas com uma mente super poderosa, inteligente, sensual.
Como aquele merdinha conheceu elas?
"Eu quero o seu grupo. Te dou Noah, Bravery e ainda consigo chantagear quem você quiser para participar."
Elas o ajudariam a ter Harmony. Se se reunisse com elas naquela mesma madrugada, Harmony poderia estar na cama dele na hora do almoço.
"Um grupo não é uma coisa que se possa trocar, Gift." Noah disse.
"Duvida? Por mim, se você quiser ir para o grupo dele em troca de Laylah eu apenas te diria para não deixar a porta bater no seu rabo quando você fosse embora." Gift disse pegando um bife do prato de Harrison e mordendo.
"Ignore ele, Harry. Seu problema está no fato delas serem fêmeas? Desejáveis?" Noah disse, Gift se sentou de novo.
"Sim. Quase que eu passei o tempo em que nos reunimos pensando em Peace comendo."
Gift franziu o nariz. Por que Harrison pensava no irmão dele comendo?
"Sério assim?" Noah disse e ficou em silêncio.
Eles esperaram, quando mais rápido aquela conversa ridícula acabasse, mais rápido Gift iria dormir.
"Eu não te vejo compartilhando sexo com nenhuma das duas." Gift teve de rir.
"Nem eu e eu não sou vidente. Elas são deusas, você é só um merdinha."
Harrison o ignorou.
"Eu estou pensando em arrumar alguém. Para não ficar excitado demais em nossas próximas reuniões. O que acha?" Ele perguntou para Noah.
"Que tal Ella?" Noah sugeriu, Gift juntou as sobrancelhas. Ella era linda e muito sensual, não tinha muito da moral das outras filhotes, era uma alma livre, mas nova demais. Brave fez a besteira de dar um pouquinho de atenção para ela e hoje em dia, Joe estava de olho nele. E Joe tinha recursos, muitos recursos, não era uma boa coisa estar no radar dele.
"Muito novinha."
"Sim, mas ela é bem livre, bem senhora de si e de seu corpo. E que corpo, irmãozinho!" Noah disse.
"Eu pensei em Jewel." Harrison disse e Noah rosnou.
"Ela não." Harrison se levantou da cadeira devagar, Noah arreganhou os dentes.
"Peace gosta dela." Noah disse.
Harrison assentiu, Gift ficou boiando, era uma coisa de videntes. Os dois tinham os olhos distantes e a mesma fisionomia. Gift pensou que o rosto de Harry tinha traços delicados que ele devia ter herdado de Mariah, mãe dele. Só reparando bem é que dava para ver.
"É. Eu acho que ela é ideal. E está pronta, já é madura e..." Noah rosnou alto.
"Ela não!" Ele disse, seus olhos brilhavam gelados, sua voz soou animalesca. Interessante.
"Ok, Noah. Pense em alguém então, por favor. Eu já vou, obrigado pela conversa." Harrison disse.
Gift voltou ao quarto e à cama, Noah, Peace e Jewel. Não fazia sentido agora, mas em algum momento faria, ele aprendeu isso com Noah.
O dia seguinte chegou, Gift tinha dormido até tarde e teve de ir comer na casa de seus pais, pois Harrison tinha comido toda a carne dele.
E sim, ele sentia falta de morar ali. Quando tomou a cabana de Collin foi para ficar lá com Harmony, não sozinho. Mas agora que ela estava em Homeland, ficar sozinho naquela cabana era ruim. Mesmo Noah e Bravery indo lá quase todos os dias.
"Que bom que você voltou, meu amor!" Sua mãe disse quando ele se sentou a mesa e começou a comer. Gift apenas lhe beijou a mão.
"Ele não voltou, ele veio comer, Soph. Preguiça de cozinhar?" Seu pai perguntou. Brass estava revoltado por Gift ter saído de casa, então estava sempre fazendo essas piadinhas.
"Harrison esteve na minha cabana e comeu tudo o que eu tinha, então tive de vir para cá." Gift admitiu.
"Viu, Amor? E ele ainda admite! Onde nós erramos com esse filhote, Sophia? O criamos exatamente como todos os outros e ele cresce e fica assim!" O pai dele disse com a cara fechada.
"Já pensou que eu fiquei assim por que sou parecido demais com você?" Gift retrucou.
"Ele tem um bom ponto, Brass." A mãe dele estava apenas se divertindo.
"Não. Ele não se parece comigo. Eu sonhei a vida inteira com uma família. Eu não tive nem pai e nem mãe e esse daí tem, mas despreza e vai morar numa cabana no fim do mundo!" Seu pai disse agitado e ele não se agitava.
"John foi para Homeland com dez anos. Você não ficou assim." Gift afirmou.
"John é o amor em pessoa. Ele voltava a cada quinzena e eu sou muito orgulhoso do trabalho que ele está fazendo. Força Tarefa! E um dos líderes!" Seu pai aumentou o tom de voz. Gift não precisava olhar para sua mãe para saber que ela não disse nada simplesmente por que estava armando o bote. Ela deixava Brass falar e depois vinha uma frase que fazia seu pai, um gênio, ficar sem palavras.
"Eu sou engenheiro. E dos bons. Mas isso parece não ter muito valor quando John arrisca sua bunda nas missões."
"Eu não disse isso." Seu pai o encarou.
"Você viciou uma fêmea. Uma que não te quer. Uma que já tinha um macho. Esse macho é filhote dos nossos melhores amigos, eles são padrinhos do seu irmão. Você poderia voltar para casa pelo menos, já que fez tanta merda quando saiu." Seu pai rosnou as últimas palavras.
"Quer que eu volte? Mesmo tendo feito uma 'merda' dessas? Não deveria ser melhor eu nunca voltar pra cá?" Gift perguntou.
"Não, é claro que não. Você não deixa de ser meu filhote só por que você fez merda. O fato de ter feito merda só prova que tem de ficar aqui onde eu posso protegê-lo! Eu ia lutar com Torrent por você. Eu enfrentaria qualquer macho desse lugar por você. Os clones, Vengeance, Leo, Valiant, os Quimeras! Qualquer um! Mesmo você estando errado! Mas aí você toma a cabana de Collin e sai de casa!" Seu pai disse, Gift sentiu um bolo na garganta. Ele sempre se sentiu amado por seus pais. Mas o que via nos olhos de Brass era algo a mais do que ele sempre sentiu.
"Se você pensar que ninguém toma nada dos trigêmeos, bom, eu tomei."
"É. Isso..." Seu pai tremeu a boca.
"Foi bom demais dizer a Valiant que você tomou uma cabana do filhote dele! Ele não teve resposta! Eu disse que tudo bem, afinal, Collin era um chip. Como Valiant usa isso para dizer que tem onze filhotes, ele disse que Collin é filhote dele e eu então disse que meu filhote tinha superado um dele. Ele rugiu de raiva!" Brass contou e riu.
"Vamos, Brass? E eu prefiro pensar que você só está dormindo em outro lugar. Que é só ligar e você vem. Estou errada?" Sua mãe disse com a fisionomia bem séria.
"Não, mãe. Você está certa."
"Essa é a minha frase preferida." Sua mãe sorriu. Gift se levantou da mesa e a abraçou. Ela o apertou nos braços, ele suspirou. Ele era um sortudo. Devia se lembrar disso mais vezes.
"Até logo, meu amor." Sua mãe o beijou, ela e seu pai saíram.
Bronzy, Charity e as gêmeas estavam na casa de Emma, eles foram para lá.
Gift suspirou, meio sem saber para onde ir. Na verdade a cabana de Collin era muito fria. Gift se deitou no sofá e ligou a tv. Haviam projetos que ele devia entregar, mas desde que Harmony saiu da Reserva estava tudo atrasado. Talvez Honor poderia terminar e ficar com o pagamento, era uma boa grana.
John veio do corredor dos quartos deles, Gift o ignorou. John estava melhor, o plano de vingança ao dono da boate estava em curso, John queria expor os crimes dele para os investidores internacionais que ele tinha. O país em que a boate ficava permitia que ele fizesse o que quisesse com as fêmeas que lhe pertenciam, então o plano de John era uma difamação mundial. Era uma forma de continuar vivo, Gift agora entendia seu irmão.
"Veio assistir tv? A tv da cabana estragou?" John perguntou se sentando. Gift assistia uma luta, os lutadores humanos até que eram bons.
"Aquele humano parece um aprimorado." John disse se aproximando da tv.
"O outro também." Gift disse.
"É mesmo. Isso devia ser contra as regras."
"Envie uma carta ao comitê de luta. Talvez eles te respondam." Gift disse, aborrecido.
"Vamos, John?" Brave saiu do corredor, Gift se deitou melhor no sofá. Ele ficaria sozinho. Ótimo.
"Ele não sabe?" John perguntou para Brave, Gift não ligava para onde eles iam então aumentou o volume da tv.
"Abaixa isso, idiota!" Brave disse.
"Como se sua audição fosse sensível. Você é um bosta, Brave. Sua única qualidade é ser bonito e isso graças a mamãe." Gift disse sem abaixar o volume da tv.
"Sou mais bonito que você. Isso já me faz ser melhor que você." Brave disse se sentando no sofá, Gift teve de cobrar as pernas.
"Eu sou mais forte, mais rápido e sou temido. Você no máximo é fofo. Parabéns!" Gift disse.
"Vamos, John. Ele não merece ir." Brave disse, Gift não tinha nada para fazer, tirando os projetos que não ia mesmo terminar, então se levantou.
"Eu também vou."
"Não, agora sou eu que não quero que você vá." Brave disse. Gift o ignorou e olhou para John. John desviou os olhos, o que estava acontecendo?
"Onde estão indo?" Gift perguntou.
"Há uma luta em Homeland." John disse, Brave rosnou.
Gift voltou a se sentar. Dois machos lutando! E em Homeland! Provavelmente iriam pedir licença para se socar e depois pedir desculpa por terem se socado, uma bosta.
"Podem ir. Os machos de Homeland são uns idiotas." Ele trocou o canal para um onde um filme antigo passava.
"Vamos, John." Brave disse e saiu arrastando John, Gift suspirou. Não havia lugar para ele. Harmony não estava ali.
Ele se recostou no sofá pensando se essa luta poderia lhe dar uma chance de entrar em Homeland.
Não, não faria diferença, Harmony não gostava de assistir às lutas. Ela não era violenta, ela era doce.
A costumeira vontade de se masturbar veio, o pau dele já devia estar todo esfolado. Gift resistiu, estava cada vez pior se masturbar e gozar no chão, na parede, em qualquer superfície que não dentro dela.
A porta se abriu, Noah e Bravery entraram, Gift rosnou.
"Ainda está aqui." Noah observou.
"Uma luta em Homeland! Me poupe, idiota!"
"Até Tiberius foi." Bravery observou.
"Tiberius que vá tomar no cu." Gift disse.
"É, eu não quero ir também." Noah disse.
"Que tal a gente ir caçar?" Bravery perguntou, Gift ergueu as sobrancelhas. Por que não?
"Você não quer mesmo ir para Homeland? Ir ver Harmony?"
Gift engoliu em seco com a pergunta de Noah.
"Vê-la? Só? Não. Eu quero vê-la, mas também quero possuí-la! Com tudo o que eu sou. Quero penetrá-la, chegar no lugar mais íntimo do corpo dela e ficar lá. Quero apertá-la com meus braços, com as minhas pernas, beijá-la até fazê-la perder os sentidos. Mas ela não me quer. E eu estou sem planos. Eu acreditei que o filho da puta do Opal teria honra e a levaria na tal lanchonete, mas ele é um idiota. Um idiota que eu vou castigar, mas no devido tempo."
"Talvez na última hora, Harmony não foi." Bravery disse.
"Não importa, ele vai sentir muito quando eu mostrar que ninguém me fode."
"Vamos caçar, Gift. Você vai se sentir melhor." Noah disse.
Gift assentiu. Eles pareciam querer ir ver a tal luta, mas mesmo assim iam caçar com ele. Amigos. Eles eram amigos dele e Gift agradecia por isso.
"Só vou pegar algumas roupas limpas. Passamos na minha cabana rapidinho e iremos caçar." Gift disse e saiu da sala.
"Ele vai machucar muito a gente quando descobrir?" Gift ouviu Bravery perguntar.
"Vai quebrar os seus braços e me me morder. Eu vou ficar no hospital dois dias por causa do veneno." Noah disse.
Gift sorriu.
Não, Noah estava errado.
Se todo mundo estava indo para Homeland só podia ser uma luta: Justice contra Darkness. E sim, era uma puta luta, mas se Gift fosse para Homeland, se respirasse o mesmo ar que ela, ele faria uma besteira muito grande, ele se conhecia. Era melhor ir caçar.


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