CAPÍTULO 57

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Violet se sentou entre as pernas de Daisy dentro da água, Daisy a abraçou pelos ombros Violet suspirou. Ela não queria a irmã triste, mas o término com Romulus veio bem a calhar. Parecia que o tempo tinha retrocedido e as duas eram só duas filhotes, irmãs e melhores amigas. É claro que a barriga de Violet a trazia para a realidade sempre, mas ainda assim ter a companhia de Daisy estava sendo bom demais.
"Que tal separar esse espaço para as grávidas?" Livie apareceu e sentou, na posição clássica de grávida, projetando a barriga para frente e se apoiando num braço.
"Eu tô dentro então." Lily também apareceu com um grande sorriso no rosto, Livie lhe beijou a testa, Violet abriu um grande sorriso.
"Eu não vou sair daqui." Daisy disse com a cara fechada.
"Já pensou que é isso que falta para vocês? Um bebê ia fazer a cabeça dos dois ficar menos dura!" Livie disse. O bebê chutou, ela gemeu, Violet quase morreu de inveja, seu bebê ainda não tinha se mexido.
"Se pelo menos Honor terminasse a minha casa! Eu vou acabar dando uma voadora na cabeça dele se esse ano acabar e minha casa não estiver pronta." Daisy rosnou.
"Sabe que pode quebrar sua perna fazendo isso, não é?" Livie disse toda orgulhosa do fato de Honor ser meio indestrutível.
"E ele está demorando por que você encarregou a decoração a ele e disse que queria a casa mais espetacular de todas. É muita pressão em cima dele, Daisy!" Livie completou.
"Eu sei. E é isso mesmo! Minha casa tem de ser a melhor." Daisy disse, Lily riu.
"Eu adoraria um priminho igualzinho ao meu tio Rom. Ele é tão lindo!" Lily disse, elas olharam para Romulus no deck, ele se virou, soprou um beijo para Lily e se virou. Daisy até abriu as narinas por se sentir ignorada.
"Qual o problema de vocês? Sério, Daisy! Eu tentei falar com ele, Rom nem quis ouvir. E agora você está com raiva por que ele te ignorou. Quando vão deixar de serem tão infantis?" Violet perguntou, Livie pegou uma mão de Daisy.
"Nunca deixe nada para depois, cunhada. Eu só consigo pensar que quando eu vi Honor meio encolhido no canto do quarto do hospital, eu o achei tão forte! E então ele ergueu os olhos para responder a Grace e..." Livie sorriu de uma forma tão apaixonada, tão amorosa, que os olhos de Violet se molharam.
"E..." Daisy a encorajou a continuar, a voz dela tremeu um pouquinho.
"E eu me vi diante de uma folha de outono. Olhos tão cheios de vida e ao mesmo tempo tão calmos, tão seguros! Eu tinha fugido da escola, eu tinha chegado aqui brigando com James e morria de medo de Evan aparecer a qualquer momento e me levar embora, mas eu esqueci tudo isso. Ele piscou e baixou os olhos, hoje eu entendo que eu não queria parar de olhar nos olhos dele. Que eu poderia gravar na minha mente cada nuance de cor daquelas íris." Livie disse, Daisy suspirou.
"Mas levou muito tempo até chegarem onde estão, Livie. E eu acho que cada momento foi necessário para terem o que vocês têm hoje." Daisy disse, Violet se virou e cheirou o rosto dela.
"Sim, mas não tem de ser assim com vocês. Não tem mesmo. Vocês se amam." Daisy assentiu e descansou o queixo sobre a cabeça de Violet.
"É, nós nos amamos." Ela disse. Violet não gostou muito do tom dela, mas isso era algo para as duas conversarem sozinhas.
"Oi." Milly veio e entregou um pacote para Lily.
"O que é isso, Milly?" Lily perguntou, Lily sorriu um grande sorriso.
"Eu que fiz." Ela disse.
Lily ficou de pé, elas estavam bem na margem, abriu o pacote e era uma torta, o cheiro fez o estômago de Violet roncar. Milly e Lily riram. Elas partiram a torta com as mãos mesmo e comeram rapidamente, estava deliciosa.
"O que acharam?" Milly perguntou. Ela era bem alta para seus dez anos, já que Hush era um dos gigantes. De Cassie ela só tinha herdado os olhos.
"Uma delícia, Milly!" Livie disse com um sorriso.
"O vovô virá nos visitar hoje, já deve estar chegando. Como a mamãe está como vocês e ele vai ter um ataque, eu fiz muita comida para dar a ele antes de mamãe dar a notícia." Ela disse com um sorriso esperto. Violet pensou que os genes de raposa de Albert Turner não estavam só em Jewel.
"E como ela se sente?"
"Mal. Está vomitando muito, o papai está muito preocupado. Tio Simple fez o suco, mas ainda assim ela não se sente bem." Milly disse.
"Eu irei lá mais tarde, está bem?" Livie disse, Milly a beijou no rosto.
"Obrigada, tia! Tchau!" Ela disse e foi embora.
"Não deveria ser Niyati a ir lá?" Daisy perguntou.
"Não. Niyati não pode. Ela também está grávida." Daisy bufou.
"Eu estou começando a me sentir sufocada no meio de tantas fêmeas barrigudas." Ela disse, Violet riu.
"Isso é só o começo, Titia. Eu vejo uma nova onda da salada de frutas. Até vovó Marianne irá engravidar e de dois dessa vez." Lily disse, Violet arregalou os olhos.
"Eu não tive um descanso, faz sentido." Livie concordou.
"Papai vai ficar possesso. Ele usou Collin para igualar os filhotes com o tio V . Agora não vai dar." Violet observou.
"O Tio V usa os clones para se igualar, então é justo no caso de Collin que é Honest." Daisy disse.
"Se a mamãe tivesse útero!" Daisy continuou e Violet sorriu. Daisy era tão competitiva quando o pai delas.
"A mamãe tem útero, Daisy. Ela fez foi uma ligadura de trompas." Violet explicou.
Honor apareceu com Remo chorando nos braços, Livie foi até o filhotinho e lhe beijou o dedinho da mão que ele tinha torcido.
"Pronto! Sarou." Ela sorriu, Honor lhe beijou a boca. Remo arranhou a bochecha dele, Honor riu.
"Meu tigrinho!" Ele disse, Remo esticou os braços para Livie, ela o acomodou sobre a barriga. Romulus, o segundo, não estava a vista.
"Vamos pra casa?" Honor perguntou, Livie soprou um beijo para elas, Honor a ajeitou com Remo no colo e foi embora. Havia muito pouca gente ali.
"Eu também já vou. Eu espero que minha priminha não demore muito, Titia." Ela disse, Daisy abriu um lindo sorriso, mas fechou a boca com a cara de Romulus no deck. Ele se virou e foi embora.
Daisy apoiou a bochecha dessa vez no topo da cabeça de Violet e elas ficaram caladas olhando a água. Março tinha chegado e a primavera também, algumas flores já tinham brotado. A Reserva ficava linda no auge da primavera. Seu bebê nasceria em pleno verão, Violet sorriu ao imaginá-lo correndo só de fralda pela estrada.
"Eu acho que Romulus está me escondendo alguma coisa. E a cara dele agora a pouco só me deixou mais certa disso." Daisy disse, Violet alisou os braços de sua irmã.
"Lily dizendo que seria uma priminha." Violet começou, ela suspirou. Romulus deveria ter visto a imagem da visão na mente de Lily.
"É."
"O que Lily vê pode ser, pode não ser. Eu ainda espero que Livie e Honor tenham uma filhotinha." Violet disse tentando animar Daisy.
"Não vai rolar. Oito filhotes, todos iguais a Honor. Está indo exatamente como ela disse."
"E você viu a cara dele. A aparência da filhote não deve se parecer com ele."
Violet balançou a cabeça.
"Grace não se parece com o Tio V, nem Livie, nem Beauty. A filhotinha pode se parecer com você. Eu torço por isso." Violet disse.
"É, você tem razão." Ela disse desanimada.
"Por que não conversa com ele?" Violet perguntou.
"Por que eu estou cansada. Ele é inteligente demais e vê tudo o que eu estou pensando. Ele me manipula e também me deixa confusa. Eu acabo concordando com ele na hora, mas depois eu me sinto manipulada. E ele é teimoso demais." Daisy disse e realmente havia cansaço em sua voz, Violet tentou se colocar no lugar dela e foi difícil.
"Você disse que Augustus leu sua mente, mas não parece ser como Romulus faz." Daisy disse.
"É diferente. Eu acho que Augustus tem coisas demais na mente para poder só olhar para alguém e ouvir seu pensamentos. Ele precisa de foco e conexão. Mas algumas vezes ele respondeu a um pensamento meu, como Rom faz."
"Por que vocês estão conectados." Daisy disse, Violet quis chorar. Sim, eles estavam conectados e ela se sentia fraca e vazia sem ele.
"Eu, no seu lugar, voltaria para lá. Eu gritaria até me mostrarem onde é a tal entrada secreta deles e depois bateria a cabeça dele na parede até ele me aceitar." Daisy disse.
"Por que não bateu a cabeça de Rom numa das paredes do Deck?" Violet perguntou.
"Por que eu estou querendo distância. Ele pulou minha janela uma noite dessas."
"E como eu não o ouvi?" Violet perguntou surpresa.
"Por que agora você é uma dorminhoca que dorme tão pesado que as vezes me assusta. Sério, Violet, eu levanto pelo menos uma vez e coloco o ouvido no seu peito." Ela disse, Violet puxou os braços dela aumentando o contato.
"Eu te amo."
"Todo mundo me ama, eu sou incrível." Ela disse, Violet riu.
"E o que aconteceu? Você e ele..."
"Eu estava dormindo e acordei com ele sobre mim tapando a minha boca. Eu fiz força para me soltar, ele me segurou com muita força. Eu olhei para você dormindo, ele disse que estava com saudade e que me esperava no quarto dele. Ele me soltou e pulou a janela. Foi muito rápido e..."
"O quê?" Violet se virou totalmente e alisou o rosto de sua irmã.
"Eu percebi o quanto ele é forte e isso me fez me sentir estranha. Impotente, sabe."
"Os machos são mais fortes, D. Isso é a nossa biologia. Os ossos são mais duros e maiores, até o cérebro deles tem mais cavidades, lhes proporcionando uma maior oxigenação. Os músculos são mais densos e por aí vai." Violet disse.
"Sim, eu sei e tudo bem. Numa luta a força é só um dos elementos, muitas vezes a estratégia é a que conta. Mas ele se impôs sobre mim. Eu não gostei disso, não gostei da sensação."
Violet se levantou, Daisy também e as duas se abraçaram. Parecia que a história de Daisy e Romulus estava mudando, ela só esperava que fosse para uma melhor compreensão deles de seus sentimentos e que no fim continuassem juntos.
"Olá?" Violet ouviu a voz de Ann Sophie atrás delas, se separou de Daisy e sorriu para sua amiga.
"Ann!" Ela disse quando Ann Sophie a abraçou. Ann Sophie e Daisy se encararam, mas Daisy acabou puxando Ann para um abraço de urso.
"Eu sou mais forte, você sabe disso, então não há por que não te abraçar e dizer que eu gosto de você." Ela disse, Ann a encarou, mas depois deu de ombros.
"Que seja." Ela disse.
"Se eu estivesse no lugar de Harmony seria muito mais difícil." Daisy disse.
"Eu acho que ela pode ser mais forte que você já pensou nisso? Ela não tinha experiência nenhuma de luta, mas sua força foi superior. Ela me atacou pouco e isso diminuiu demais as minhas chances."
"Vamos pra casa e lá Violet faz um suco de perdedora para você." Daisy disse e elas pegaram a estrada.
Chegando na casa delas, Violet e Daisy foram tomar banho juntas para tirar a areia das pernas, Ann Sophie as esperou a janela. Quando Violet saiu, Ann Sophie se aproximou e lhe tocou a barriga com carinho, Violet lhe beijou o rosto.
Daisy se vestiu e separou um vestido para Violet, Ann Sophie se sentou na cama de Daisy. Os pais dela compartilhavam sexo, era possível ouvir os rosnados do pai delas, elas riram.
"Tá bom, diga o que você quer." Daisy exigiu.
"Vocês poderiam ligar para o Candid? Só pra ver se ele atende?" Ela pediu, Daisy ergueu as sobrancelhas.
"Ele não te atende?"
"Não." Ela ligou, o celular tocou até que a chamada foi recusada.
Daisy pegou o celular discou o número de Simple e colocou no viva voz.
"Fale, D." Ele atendeu. Ann Sophie abriu a boca para falar alguma coisa, Daisy fez um sinal para ela ficar calada.
"Onde vocês estão?"
"Em Nevada. No pior lugar do mundo." Ele disse de mau humor, Violet olhou para Daisy.
"Os idiotas estão por perto? Preciso te perguntar algumas coisas."
"Assim você parte o meu coração, D." A voz brincalhona de Candid foi ouvida, Ann Sophie baixou os olhos. Daisy rosnou.
"Se você estivesse aqui eu chutaria suas bolas com tanta a força que papai nunca teria um netinho seu."
"O que eu fiz dessa vez?" Ele perguntou, Ann balançou a cabeça furiosamente para Daisy.
"Eu posso falar com o Sim? É particular."
"Pode. Eu e Cam iremos comprar comida, fiquem a vontade. E Violet, como ela está?" Honest perguntou.
"Bem." Daisy disse.
"Você está cuidando dela, observando o quanto ela come e anotando?" Honest perguntou, Violet olhou para Daisy, Daisy deu de ombros.
"Estou. Agora dá para darem o fora e me deixarem conversar com o Sim?"
Elas ouviram o barulho de uma porta se fechando e então, Simple disse:
"Ann está aí?" Violet abriu a boca.
"Sim, eu estou. Deu muito na cara?"
"Deu. Mas eles realmente foram comprar comida."
"Por que ele não me atendeu?" Ela perguntou, Simple suspirou.
"Por que ele e você precisam conversar. Pessoalmente." Ele disse.
"Tudo bem pra mim, mas por que ele não pode me dar um oi? Só isso?"
"Essa missão está uma droga, querida. Ananyia é impossível de rastrear até por mim e o pior é que eu sinto o cheiro de Flora quando tento. Eles podem estar aqui, do nosso lado, mas são invisíveis. E Laylah pode usar qualquer pessoa para nos vigiar. Cam está tão paranóico que matou todos os ratos que encontrou pela cidade."
"Por que acham que eles sequestraram Tiberius?" Violet perguntou, preocupada com o irmão de Augustus.
"Provavelmente querem resolver o problema dos caninos. Da sede de sangue deles. É só um palpite, mas Laylah como filhote de Adriel, deve querer redenção."
"A família de Augustus vive bem lá, eles são felizes." Violet disse.
"Você foi feliz lá, Violet. Eles convivem com a morte e a angústia de ver os lobos matarem humanos inocentes." Simple disse, Violet sentiu vontade de chorar, por que era verdade.
"Por que não unem os propósitos? Vocês vão pro Alasca com elas e resolvem as coisas." Ann Sophie sugeriu.
"Por que não é assim que nós agimos. Elas sequestraram Tiberius. Ele é nosso convidado, não deviam ter feito isso." Simple disse, mas parecia estar citando Honest.
"Eu não acredito nessa merda. Você está nos ocultando alguma coisa e se não falar agora o que é, eu sou capaz de ir aí chutar a sua bunda." Daisy disse.
"Por mim, podem vir. Eu não queria estar aqui mesmo." Simple disse.
Ann abriu um grande sorriso.
"Podemos usar um jatinho da empresa de uma amiga minha!"
"Tá. Se vierem eu aproveito o jato e volto. D., você quebra a cara de Honest pra eu correr." Ele brincou.
"Não é assim que funciona. Se Honest não autorizar, você não pode voltar." Violet disse.
"É. Eu devia ter pensado nisso quando abri mão da liderança para ele."
"Você não abriu mão de nada, Simple, Honest ganhou o direito de ser o líder. Agora pare de choradeira e alugue um quarto para nós." Daisy disse.
"Ok. Amo vocês." Simple desligou.
"É uma pena que eu não vou poder ir." Violet disse.
"Nós vamos ligar e te contar tudo. Todos os dias." Daisy disse com um sorriso.
"Levem a Mony. Ela está meio sem lugar aqui, com o Gift fora." Violet sugeriu.
"Se o avião cair ela pode levá-lo nas costas, segundo Ann Sophie." Daisy disse, Violet rosnou.
"D!"
"O quê? Ela não é mais forte que eu?"

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