Capítulo 36

49 8 0
                                    

Kyoshi's P.O.V

Tinha aguardado aquele momento com bastante ansiedade, por mais que Rangi houvesse concordado em me enviar uma foto da nossa filha. Estar perto da Koko e poder pegá-la nos braços era completamente diferente.

Deixei os meus homens na esquina e entreguei para eles a minha arma. Eu não queria dar motivos para que ela quisesse me afastar.

- Chefe, não deve baixar a guarda, os russos ainda estão por aí e podem querer atingi-la quando estiver desprotegida.

- É por isso que vocês vão ficar de olho na área e garantir que ninguém suspeito se aproxime.

- Mas...

- Vou ficar bem se fizerem o trabalho de vocês.

Acabaram assentindo e eu me aproximei da portaria. O homem atrás do balcão era diferente dessa vez e não parecia saber que eu tinha apontado a arma para o outro.

- Sou Kyoshi Kerrington. Diga a Rangi Sei'naka que eu cheguei.

- Sim. - Ele puxou o telefone do gancho e interfonou para ela.

Esperei por um breve momento enquanto o homem conversava com a mãe da minha filha. Torci para que ela não houvesse mudado de ideia sobre as minhas visitas para que eu não tivesse que me impor.

- Pode subir. - Ele indicou o elevador e eu passei sem falar mais nada porque sabia o caminho.

Bati na porta do apartamento dela e esperei que abrisse. Não demorou muito para que ela viesse até mim e me permitisse passar.

Reparei bem nela. Era sexta-feira à noite e ela estava usando uma roupa diferente da social de costume. A saia apertada havia dado lugar a um short preto apertadinho e a camisa social à uma regata over size branca. Ela estava de cabelos grandes e soltos, muito gostosa e irresistível.

- Você veio? - Rangi franziu as sobrancelhas.

- Parece surpresa?

- Achei que você fosse mudar de ideia.

- Eu não vou.

Subi os olhos, reparando melhor nela e foi então que vi o seu pescoço, havia uma linha arroxeada bem parecida com o que era causado por uma corda.

- Quem fez isso com você? - Agi por puro impulso, indo para mais perto dela e segurando o seu rosto para que pudesse observar melhor.

- Ninguém com quem tenha que se preocupar. - Ela se esquivou, empurrando a minha mão para longe e me afastando.

- Quero um nome, Rangi. - Cerrei os dentes.

- Quê?! Fica longe disso, Kyoshi. Já disse que não foi nada demais. Estou passando uma pomada e logo vai desaparecer.

- Se eu souber quem machucou você... - Eu estava bufando.

- Vai ficar quieta! - Ela se impôs, valentona como sempre. - Já disse que não tem nada demais. Só estava tentando provar para o júri a periculosidade de um suspeito.

- Colocando a si mesma em risco? - Voltei com a mão para a sua bochecha e ela arregalou os olhos, deixando transparecer que o meu toque provocava efeitos.

- São ossos do ofício. - Voltou a se esquivar, dando um passo para trás.

- Rangi, por favor. Temos uma filha...

- Por falar isso, não foi ela que você veio ver? Porque se a sua intenção for só se intrometer na minha vida é melhor que dê meia-volta.

Soltei um suspirou, antes de concordar de cabeça baixa.

- Sim, eu vim vê-la.

- Ela está dormindo no berço, acabou de mamar.

- O cão de guarda não está aqui hoje? - olhei em volta e não percebi nenhum sinal do irmão mais velho dela. Tinha certeza de que se ele estivesse ali iria fazer questão de que eu soubesse disso.

- Precisou ir à apresentação de escola da filha, mas eu disse que poderia me cuidar sozinha.

- Você é corajosa...

- Devo ter medo de você? - Estufou o peito me encarando de braços cruzados e cerrando aqueles lindos olhos dourados.

- Não.

- Então não tem nada com que o meu irmão precise se preocupar.

- Você está certa. - Sorri para ela, percebendo o leve rubor das suas bochechas que tentou disfarçar. - Posso ver a minha filha?

Rangi fez que sim e indicou o caminho.

Segui pelo corredor até a porta de um quarto que estava aberto. Era rosa, com nuvens e lacinhos, bem menina e fofo demais para o que eu esperava de Rangi, mas digno da nossa princesa. Cheguei perto e a vi no berço. Koko estava dormindo tranquila. Inclinei-me e acariciei a sua cabecinha, tomando cuidado para não a acordar.

- Oi, minha bebezinha.

Fiquei alguns minutos só olhando para ela e Rangi, que estava perto, não fez absolutamente nada para estragar o momento.

- Ela parece maior do que da última vez em que a vi.

- Nessa época os bebês crescem rápido.

- Dá para perceber. - Sorri. - Ela se parece com você.

- Ugh, não seja uma mentirosa. - Rangi torceu os lábios.

- E você ainda queria que eu acreditasse que ela não era minha?

- Não percebe o quanto isso tudo é complicado, Kyoshi. - Rangi deu um passo receoso para trás e acabou encostando no guarda-roupa, o que a assustou.

- Só porque eu sou uma Kerrington.

- Só?!

- Meu sobrenome não muda em nada na minha capacidade de cuidar de uma criança, Rangi.

- Está bem além disso. - Balançou a cabeça, negando, mas eu me aproximei dela e voltei a segurar o seu rosto.

Durante o último ano, eu não quis me relacionar com nenhuma outra garota. Eu só pensava em Rangi, e ficava imaginando como seria tocá-la de novo e era isso que eu queria fazer. Rangi piscou os olhos e eu a percebi oscilando entre escapar ou permanecer no meu toque.

- Do que você tanto tem medo? - questionei num tom baixo.

Havia muito mais do que o meu sobrenome fazendo com que ela fosse tão reticente à minha aproximação.

- Do que o que eu sinto por você me faça trair tudo o que eu acredito. - As suas palavras soaram trêmulas e estranguladas por uma vergonha do que para ela parecia ser um pecado.

- Querer ficar comigo não é um crime, Princesa.

- É sim, o pior que eu poderia cometer.

- Então eu te absolvo por ele. - Puxei a sua nuca e trouxe a sua boca para minha, pegando-a de surpresa.

Rangi bateu com as mãos nos meus ombros, tentando me afastar e interromper o beijo, mas quando pressionei a minha língua pedindo passagem aos seus lábios, ela deixou que as mãos caíssem, escorregando pelos meus braços e se rendeu ao beijo.

...

The Mobster's Unexpected Daughter (Rangshi)Onde histórias criam vida. Descubra agora