Capítulo 38

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Kyoshi's P.O.V

Depois de ter vestido minha calça e a minha camisa social preta de botões, entrei no quarto da bebê e acendi a luz.

Ela ainda estava chorando, mas se acalmou quando me aproximei do berço e ela pôde me ver.

- Oi, minha bebê. - Inclinei-me para pegá-la nos braços.

Beijei-a no topo da cabeça e a trouxe para perto do meu peito, o que a deixou mais calma. Ela era tão pequena e tão frágil que eu sentia que precisava tomar muito cuidado para que não a machucasse.

Puxei a lateral da calça dela e percebi que a fralda estava ensopada. Provavelmente foi o xixi que a tinha acordado e feito com que chorasse.

Deitei-a no trocador e tirei a sua calça, dobrando-a e colocando-a de lado para poder trocar a fralda. Não era como se eu tivesse feito aquilo antes, mas já tinha visto a minha mãe e Asami trocarem a Asuka, e eu costumava ser uma boa observadora. Não deveria ser assim tão difícil. Não tinha feito um curso, mas poderia aprender rápido.

Limpei-a usando os lenços umedecidos que estavam sobre o trocador e peguei uma fralda limpa no pacote. A minha filha estava olhando para mim com atenção, esperando para ver como eu me sairia e admito que fiquei um pouco nervosa.

- Está torta.

Levantei a cabeça e vi Rangi na porta do quarto, usando apenas uma camisola enquanto eu tentava colocar a fralda limpa.

- Espera que eu vou conseguir. Sou boa com simetria.

Ela riu e chegou mais perto.

- Deixa que eu faço.

- Não. - Cobri a bebê com o corpo para que continuasse ali. - Eu posso trocar a fralda dela.

- Não precisa se esforçar tanto, Kyoshi.

- É o mínimo, Rangi. Eu deveria ter feito muito mais se você tivesse deixado.

- Acha que foi fácil para mim? A minha família está surtando. Nem quero pensar nos meus colegas de trabalho e no procurador de justiça.

- Ninguém tem nada contra mim, Rangi.

- Porque quem tem ou se cala ou desaparece.

- Teorias. - Terminei de colocar a roupa na minha filha e a peguei de volta no colo.

Ela se ajeitou em mim e voltou a dormir.

- Vai dizer que é inocente?

- Eu não sou só a pessoa que falam nas ruas.

- É o que mais?

- Agora eu sou mãe. - Sorri ao olhar para a Koko e Rangi acabou fazendo o mesmo.

- Sim, ela é a sua filha, mas nós duas...

Atravessei o quarto e coloquei a Koko de volta no berço antes de ir na direção de Rangi e segurá-la pela cintura.

- Kyoshi...

Abaixei a cabeça e encostei a sua testa na minha.

- Nós duas estamos bem aqui, agora.

- Isso não vai funcionar.

- Por que você não quer?

- Po-porque... - começou a gaguejar. - Porque eu não posso.

- Acho que isso vai funcionar.

- Se você ficar longe. - Ela tentou empurrar os meus ombros, mas eu não a soltei.

- Eu não vou ficar longe. Temos uma filha para criar.

- Isso não significa que temos que ser um casal.

- Nem que não podemos ser.

- Não vai rolar. - Negou com a cabeça e acabou se esquivando de mim. - Eles não vão aceitar você.

- Eles quem? A única pessoa que tem que me querer é você. Não está se saindo muito bem em disfarçar.

- Sou uma promotora.

- Esqueça a sua profissão um pouco e pensa no que realmente quer.

- Consegue esquecer quem você é? - Rangi tentou me confrontar.

- Posso me adaptar.

- Fala como se fosse simples. - Bufou.

- Nunca disse que era fácil, mas sim sobre acatarmos o que queremos.

- E você me quer? - Seus olhos dourados firmes, lindos e claros voltaram a me confrontar e me encantavam tanto que eu poderia mergulhar neles.

- Desde o primeiro momento.

- Kyoshi... - Prendeu a respiração e tentou se esquivar de novo.

- No parque eu fui atrás de você. Descobrir sobre a Koko foi só uma consequência.

- Passamos um ano sem nos ver.

- Porque você não me queria por perto.

- Então porque não acatou isso e ficou longe?

- Porque queria você e quero ainda mais agora. - Segurei o seu rosto e ela ficou me encarando.

Rangi piscou os olhos por alguns instantes e imaginei que estivesse buscando por um argumento melhor naquela nossa discussão, mas não conseguiu encontrá-lo.

- Kyoshi...

- Não me afasta, Rangi.

- Estou tentando ser racional.

- Para o inferno a racionalidade! - Segurei o seu rosto, embrenhando os dedos no seu cabelo.

- Você me enlouquece demais... - Ela ficou na ponta dos pés e acabou com a distância que havia entre nós.

Envolvi a sua cintura e a puxei para mais perto, mergulhando a minha língua na sua boca e alternando o beijo cada vez mais urgente. Estava louca para levá-la de volta para cama, mas antes que conseguisse nossa filha voltou a chorar.

- Ei, pequena, o que foi dessa vez?

- Ela deve estar com fome. - Rangi se esquivou de mim e foi até o berço para pegá-la.

Fiquei parada, observando até que ela tirou a menina do berço e sentou-se na poltrona.

- Não vai embora?

- Estou bem aqui. - Dei de ombros e me escorei na porta.

Eu queria ficar perto daquelas mulheres nem que fosse a última coisa que eu fizesse.

...

The Mobster's Unexpected Daughter (Rangshi)Onde histórias criam vida. Descubra agora