A batalha de Hogwarts

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O Salão Principal de Hogwarts estava exatamente como Olívia se lembrava. O céu estrelado vazava pelo teto encantado, milhares de velas flutuavam pelo ar, somando-se à luz das tochas e lareiras de um jeito que trazia uma sensação reconfortante, e a conversa espalhava-se pelas quatro mesas em uma cacofonia indistinguível. Por um momento, ela era apenas mais uma garota naquela multidão, e era como se nunca tivesse saído da escola.

No entanto, após aquela mensagem horripilante — aquela voz fria, clara como gelo, que vazou pelas paredes e se permeou em calafrios pelos presentes — toda a ordem se dissipou no ar, e o salão foi reinado pelo caos. O recado de Lord Voldemort tinha sido simples. Aqueles que ficassem iriam enfrentá-lo diretamente.

Todos os menores de idade passaram a ser evacuados das mesas. Olívia e o tio observavam, de um canto, e ela sentiu o peito despencar quando percebeu o número quase insignificante que iria restar.

"Vamos para lá", ela disse, apontando com a cabeça em direção aos Weasleys, que haviam se concentrado na mesa da Grifinória. Olívia havia decidido se sentar na mesa da Sonserina — o que parecia um pouco bobo, ela sabia, mas não conseguia evitar manter certa lealdade à Casa que lhe acomodara por sete anos.

"Liv, aí está você", disse Fred quando a viu, gesticulando para que ela se sentasse a seu lado. Ela parou e franziu o cenho, porém, quando reparou no homem que estava a seu outro lado.

Percy Weasley sorriu, descontraído. "Oi, Olívia. Fiquei sabendo que você também agora é minha cunhada."

Ela ainda estava perplexa demais para emitir alguma resposta sensata, então apenas redirecionou o olhar confuso para Fred.

"Percy acabou de chegar aqui", ele disse simplesmente. "E admitiu que estava sendo um debilóide sedento de poder, então está tudo bem."

Olívia finalmente sorriu. Ela se lembrava da conversa que tivera com Fred, meses atrás, quando ele dissera que já tinha perdoado o irmão há muito tempo. E lembrou-se, também, do dia de seu casamento, quando encontrara a mãe arrependida, e de como não tinha encontrado forças dentro de si para permanecer zangada. Talvez houvesse esperança para todos eles, afinal. Ainda iriam conseguir reatar todos aqueles laços que tinham sido desfeitos durante a guerra.

"Oi", ela respondeu. "Que bom que conseguiu vir."

"Demorei mais tempo do que deveria", Percy se desculpou. "Mas não estava fácil sair do Ministério, estão prendendo traidores a todo momento. Inclusive, uns meses atrás prenderam um tal de Alfie Fulman. Gui disse que ele tinha sido seu estagiário em Gringotes, e eu também o conheci; ele virou monitor no ano em que fui monitor-chefe."

O estômago de Olívia pareceu dar um nó, e ela se forçou a engolir o vômito. "Alfie?" repetiu, apenas.

Fred segurou sua mão enquanto ela tentava processar aquela informação. Ela tinha enviado uma carta a Alfie no final do ano anterior, convidando-o para participar do Observatório Potter, e ele nunca respondera. Olívia tinha apenas assumido que ele não estivera interessado — inclusive, até tinha o ressentido por isso — mas nunca tinha sequer cogitado a possibilidade de que ele estaria em apuros. Não só em apuros, mas preso.

Em Azkaban. Há meses.

Um novo sentimento se formou dentro dela, e a mão da varinha passou a formigar. De repente, ela mal via a hora da batalha começar. Mal via a hora de poder enfrentar os Comensais novamente.

"E o meu pai?" ela perguntou, a voz controlada.

Percy pareceu um pouco apreensivo, mas concedeu após um aceno da cabeça de Fred. "Ele ainda está lá. Mas não parece nem um pouco bem. Os cabelos grisalhos pareceram que duplicaram, e..."

A Última Dança | Fred Weasley (Livro 3)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang