Epílogo

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Olívia não gostava nem um pouco de estar atrasada, mas, para o seu aborrecimento, era uma situação na qual ela frequentemente se encontrava.

Ela tinha imaginado aquele dia muito diferente, é claro. Tinha sonhado por anos, fantasiando com o cenário perfeito: chegaria à estação com antecedência, com tempo mais do que suficiente para despedir-se da família (e eles estariam aos prantos, obviamente), e então embarcaria no trem e faria amizades que durariam todos os próximos sete anos. Não, amizades que lhe durariam a vida inteira! Afinal, os próprios pais haviam se conhecido na escola, não era mesmo?

No entanto, aquele tão esperado primeiro de setembro acabou por virar uma sequência após sequência de eventos desastrosos. Primeiro, seu suéter favorito havia misteriosamente desaparecido, e ela tinha perdido boa parte da manhã revirando a casa de cima para baixo em busca dele. Logo depois, o pai havia percebido que não havia Pó de Flu o suficiente para transportá-los todos até a casa dos avós, então tiveram que esperar que ele aparatasse até o Beco Diagonal e voltasse — e nisso perderam mais preciosos minutos. Quando por fim chegaram à casa dos avós, estavam tão atrasados que Olívia nem teve tempo de comer o café da manhã que a avó havia preparado especialmente para ela.

"Vamos", ela reclamava, empurrando apressada o carrinho por entre a multidão de King's Cross. Os pais, contudo, pareciam obstinados a continuar andando em velocidade geriátrica, batendo papo fora com os avós como se já não se vissem todos os domingos.

Olívia gesticulou mais uma vez, e eles finalmente apertaram o passo. Ela permaneceu liderando o grupo, até que finalmente chegaram à barreira que dividia as plataformas nove e dez.

O momento havia chegado. Depois de tantos anos ouvindo tantas histórias, havia finalmente chegado a sua vez.

"Vamos juntos?" O pai estava de repente a seu lado, uma mão em suas costas.

Ela assentiu, engolindo em seco, e os dois correram em direção à parede de tijolos.

E, como prometido, emergiram em outra plataforma — coberta por uma fumaça densa e clara, igualmente cheia. Vultos passavam, indistinguíveis, e Olívia prendeu a respiração quando finalmente avistou a locomotiva preta e vermelha, toda reluzente, com uma placa de metal que dizia "Expresso de Hogwarts".

Os pais e os avós já tinham recomeçado mais uma conversa saudosa, relembrando os seus "velhos tempos". Olívia grunhiu, checando o relógio. O trem iria partir em quinze minutos!

"Mãe!" ela protestou. "Preciso embarcar!"

A mãe sorriu — ela sempre parecia achar graça de tudo que a filha fazia — e lhe deu um beijo na cabeça. "Nem vou me despedir, porque nos veremos em breve."

"É", Olívia respondeu. Ainda estava tentando se acostumar com a ideia de ter a mãe também em Hogwarts, mas imaginava que não iria encontrá-la tanto — contanto que não fosse parar na Ala Hospitalar com frequência. "Pai?"

Ele, por outro lado, parecia à beira de lágrimas. "Ah, minha querida..." Ele respirou fundo. "Comporte-se, divirta-se... Tenha um bom ano, ok? Talvez nos veremos só no Natal, mas sua mãe ainda vai tentar convencer a diretora McGonagall a abrir uma exceção para você nos visitar em Hogsmeade, ok?"

"Ok." O coração havia acelerado, ao ver o pai tão emocionado, como se sua ficha estivesse finalmente caindo.

"Escreva assim que puder", ele pediu.

"Sim, pai", ela respondeu, virando os olhos, tentando parecer irritada.

O pai levou seu malão enquanto ela despedia-se dos avós. Quando finalmente conseguiu se livrar de todos os abraços, Olívia correu para a porta mais próxima e embarcou.

A Última Dança | Fred Weasley (Livro 3)Where stories live. Discover now