DOIS

196 41 9
                                    

                         02



Mesmo que tudo que eu queira fazer seja balançar um machado até que não consiga mais me mover, aceito o convite e sigo ao lado dele quando ele começa a andar.
O irmão Connor poderia me pedir para limpar a merda de vaca das paredes do celeiro e eu concordaria, porque confio nele por completo. Ele é um homem branco, baixo e esguio, com um bigode branco e olhos azuis vivos, já com seus sessenta anos, mas com a energia e a força de um homem com metade dessa idade. Antes de vir para o Monte Sergius nos anos 80, ele era dono de uma escola de karatê e, na maioria dos dias, pode ser visto sob um grande carvalho perto do cemitério, praticando suas velhas formas sob os galhos sombreados.

— Sei que você fez voto de silêncio hoje, então não há necessidade de responder às minhas divagações, — disse-me o irmão Connor.
É uma cortesia, porque na abadia não existe prisão para “você quebrou seu voto de silêncio” ou coisa parecida. Na verdade, não há votos de silêncio nos mosteiros católicos, pelo menos não no sentido permanente. Há períodos de silêncio ao longo do dia, e irmãos e visitantes costumam fazer votos de silêncio temporários para induzir maior introspecção e contemplação - como tenho feito nas últimas duas semanas - mas não há rendição total de palavras.
Os únicos silêncios impostos - principalmente por meio de desaprovação e repreensão moderada (por infrações graves) - são o Grande Silêncio entre as Completas Penitências e o café da manhã, o silêncio nas refeições e nas capelas onde monges e visitantes vão rezar. Mesmo assim, agradeço a cortesia do irmão Connor. É significativo para eu honrar meus votos a mim mesmo - mesmo que sejam importantes só para mim.
Especialmente se são importantes só para mim.
Como, por exemplo, o voto de ter Deus e só Deus como o único objeto de minha adoração.

— O abade quer vê-lo, — diz o irmão Connor, enquanto saímos do refeitório sob uma passarela coberta em direção ao prédio que abriga nossos vários escritórios e o centro de acolhimento. Os visitantes já começam a perambular pelo claustro, sentados no gramado verde ou nos muitos bancos de madeira.
— E espero que não se importe, mas pedi o privilégio de estar junto enquanto ele fala com você. Acho que você ficará muito animado com o que ele tem a dizer e queria ver meu irmão Lenhador sorrir pela primeira vez.

Ele diz a última parte com uma voz provocante. Todos os irmãos aqui são designados para trabalhar de acordo com seus pontos fortes e, com minha formação em finanças, tenho trabalhado principalmente com QuickBooks e Excel. Mas meus outros pontos fortes são literalmente fortes, então o abade me designou como o trabalhador braçal oficial do Monte Sergius. Eu carrego os baldes com lúpulo na cervejaria, arrasto resmas de papel na gráfica e, quando estou no eremitério, o que é menos frequente do que gostaria, tenho a tarefa de cortar as árvores caídas e levá-las ao irmão Andrew, que é nosso carpinteiro. E os anos de trabalho deixaram sua marca. Embora eu sempre tenha sido alto e de ombros amplos, nunca houve qualquer dúvida de que meus músculos vinham de uma academia, mas agora...
Bem, agora sou um lenhador, provavelmente também pareço com um.

— E se você não se importa que eu diga isso, — diz o irmão Connor enquanto esfrego meu queixo, — parece que hoje você precisa de um sorriso.

Agradeço meu escudo de silêncio agora, porque me preocupo se começar a falar, minha antiga versão assumirá o controle e nunca pararei. Estou preocupado em prender meu amigo neste lugar e fazê-lo me ouvir descrever o arco preciso das sobrancelhas de Yibo e os tons baixos e roucos de sua voz.
Portanto, em vez de falar, aceno lentamente com a cabeça.
Sim.

Talvez eu precise de um sorriso. Deus sabe que não vejo mais o de Yibo.
Mas me sinto melhor enquanto andamos pelos espaços da abadia. As janelas estão abertas em todos os prédios pelos quais passamos, deixando entrar o ar úmido da primavera e uma brisa forte com a intenção de agitar cada papel no prédio. Tem cheiro de café, grama e algo exclusivo do Monte Sergius. Como incenso, papel velho e goma de roupas de marca.
Cheira a vida, a viver. A estar vivo.
E como acontece todos os dias quando me lembro porque estou aqui, a gratidão chega. Estou grato por estar aqui; sou grato a Deus e a este lugar e até à minha versão que me trouxe aqui.
Estou grato e contente. E contentamento é o suficiente, apesar do ocasional sonho molhado.

— As lembranças não devem ser tormentos, irmão Sean, — diz o irmão Connor com uma voz muito casual, o que significa que ele adivinhou o que estou pensando. — São presentes.

Presentes uma ova, eu quero dizer. Mas não digo. O irmão Connor sabe o que abandonei quando vim para cá. Ele sabe quem abandonei. Todo mundo sabe, porque não queria que fosse segredo que eu era bissexual. Não é mais um segredo, assim como as falecidas esposas dos irmãos viúvos, não é mais um segredo, assim como namoradas e namorados adolescentes lembrados com carinho. Não voltei ao rebanho católico porque sentia vergonha de quem gostava de levar para a cama ou de quem deixei entrar em meu coração.
Vim para cá por Deus. Vim para cá para ficar vivo.
De qualquer forma, olhando para trás, não posso deixar de pensar que Deus me trouxe ao Monte Sergius por uma razão, porque o abade me entendeu completamente quando expliquei minha posição a ele, e então me apresentou ao irmão Connor, que acabou me falando sobre o homem que abandonou para vir para cá quase quarenta anos atrás, e que ouviu com a compreensão de alguém de coração partido como eu quando lhe contei sobre Yibo.
Só o padre Harry foi o que eu esperava: olhares frios, leituras de Levítico pontuais na hora das refeições etc. Eu poderia ter me resguardado melhor contra isso se ele também não tivesse sido meu mestre no noviciado, mas depois do quinto encontro quando ele sugeriu que minha alma estava em perigo mortal se eu não me arrependesse de minha luxúria por homens, fui até o abade e pedi ajuda. Foi então que meu desenvolvimento espiritual foi entregue ao irmão Connor. Era um arranjo incomum, mas os mosteiros têm seus próprios pequenos mundos, um tanto distantes da política ultramontana que sufoca as paróquias e dioceses, de modo que o abade Jerônimo podia fazer o que quisesse. E então, quando o ano acabou, o posto de mestre de noviciado foi entregue ao padre Matteo e o padre Harry ficou encarregado de encomendar rolos gigantes de papel higiênico e sacos de café de tamanho industrial e outros suprimentos semelhantes.
O irmão Connor parece sentir minha discordância interior com suas palavras de sabedoria, e seus olhos brilham quando ele me dá um tapinha no ombro.
— Presentes, irmão Sean, — repete. — Por causa do que podem nos ensinar.

Minhas lembranças não estão me ensinando nada além de como esconder lençóis manchados como um adolescente, mas não digo isso, é claro, porque não digo nada. Voto temporário de silêncio e tudo mais.

O abade Jerome já está sentado atrás de sua mesa quando chegamos ao seu escritório, a brisa onipresente soprando pela sala e um audiolivro tocando de algum lugar desconhecido. É em francês e o irmão Connor pergunta:
— Proust de novo?  Enquanto nos sentamos nas cadeiras de madeira robustas colocadas em frente à escrivaninha. O irmão Andrew as fez anos atrás, e agradeço por elas agora, porque os braços estão afastados o suficiente para que eu possa me sentar com as coxas separadas, o que me deixa mais confortável com a gaiola. Engraçado ter esquecido como me mover e me sentar com ela quando era uma companhia quase constante para mim nos meus primeiros dias no mosteiro. Mas nos últimos dois anos, tenho precisado cada vez menos.
Bem, até ontem à noite, é claro.

— Vou para Camus agora, — diz o abade, erguendo os olhos dos papéis em sua mesa para nós. — Vivre, c'est faire vivre l'absurde , e assim por diante. Olá, irmão Sean.

O abade se parece demais com Frei Tuck do desenho animado Robin Hood, só que com barba e cabelo . E ele não é um texugo, obviamente. Ele é baixo e arredondado, com pele clara, sobrancelhas espessas e cabelos grisalhos. Seu nariz é tão enorme quanto seu queixo não é, e suas broncas são tão comuns quanto seus sorrisos. Ele passa a maior parte de seu tempo livre escrevendo sobre uma pessoa muito, muito morta chamada Gregório de Nissa.
Vendemos seus livros na loja de presentes. Eles têm muitas notas de rodapé.
Eu cumprimento com a cabeça e o abade empurra algo pela mesa - espalhando canetas e algo que parece suspeito como Tic Tacs espalhado para o lado.

— Estou ciente de que você está fazendo voto de silêncio hoje, — diz o abade enquanto me aproximo para pegar o maço de papéis que ele está oferecendo. — Portanto, não espero que responda imediatamente ao que está prestes a ver. Mas queria que tivesse a chance de pensar sobre isso enquanto estiver sozinho no eremitério esta noite. Isso, eu acredito, exigirá muito discernimento.

Presas em um clipe de papel na parte superior do maço estão três fotos. Nelas, penhascos rochosos se projetam contra um mar escuro e de aparência fria; uma igreja medieval simples fica entre colinas austeras com uma série de lápides desgastadas ao redor; uma pequena estrutura de pedra - chalé parece um termo generoso, talvez cabana seja melhor - empoleira-se na beira do penhasco, sem portas, janelas e telhado. O céu está escuro e coberto de nuvens, e a névoa do mar paira no ar. A grama ao redor da casa parece quase achatada com o vento.
Parece o fim do mundo. O fim absoluto do mundo, e alguém construiu um mosteiro lá.
Minha alma dá um grito agudo e silencioso ao vê-lo.

— Mosteiro de St. Columba, — o abade diz suavemente. Quando olho para cima, ele está me observando atentamente.
— Um mosteiro trapista na costa oeste da Irlanda.

Trapista.

O Monte Sergius é uma abadia beneditina, o que significa que seguimos a regra de São Benedito, que foi a primeira pessoa a traçar um plano real de como grupos de pessoas poderiam viver, trabalhar e rezar no mesmo lugar sem cair no caos espiritual ou fedor irremediável. Mas quinhentos anos depois que São Benedito escreveu seu plano, um grupo de monges decidiu que ninguém estava seguindo o plano com austeridade suficiente e se mudaram para um pântano e passaram o resto de suas vidas unidos em uma espécie de austeridade. Até que finalmente transformaram o pântano em terras cultiváveis   e todos se lembraram de que era bom comer, descansar e usar sapatos de vez em quando e, algumas centenas de anos depois, os cistercienses,{ordem católica derivada de Notre Dame}  não eram muito mais austeros do que os beneditinos com quem tinham rompido. Então, outro grupo de monges se separou deles e foi para a austeridade hardcore. Quase nenhum alimento, trabalho constante, silêncio, penitência, isolamento - tudo. Por um tempo, eles até viveram sem um teto sobre suas cabeças. Literalmente.Eles são chamados de trapistas. E, diferentes dos Bobs Calados antissociais da vida monástica cristã - os trapistas são os mais dedicados a uma vida de oração e contemplação de todas as ordens monásticas.
Eu olho de volta para a paisagem desolada nas fotos.

— Você verá algumas informações sobre St. Columba abaixo das fotos, e abaixo das folhas de St. Columba, há mais mosteiros. Todos trapistas.
Folheio os papéis silenciosa e rapidamente. Mesmo que eu costumasse ser definido com um empresário festeiro, era mesmo muito bom no meu trabalho, e parte desse trabalho era ser capaz de ler e metabolizar informações com precisão enquanto as pessoas me olhavam do outro lado da mesa. E então vejo que, de fato, todos os mosteiros são trapistas. Dois são aqui na América - o famoso Mepkin e o ainda mais famoso Getsemâni - e o restante está espalhado entre a França, a Bélgica e a Itália. Todos têm fotos também, e vislumbro arcos de pedra encharcados de sol, jardins alegres e uma floresta de contos de fadas antes de empilhar todos os papéis como estavam.
Do topo da pilha, os penhascos solitários de St. Columba me encaram, acenando para mim. Posso praticamente sentir o cheiro do mar e ouvir as rajadas de vento. Posso imaginar meus músculos doendo e minha alma cantando. Purificado de tudo menos o amor pelo meu eterno noivo, porque num lugar como esse, não sobraria nada. Haveria apenas mar, céu e Deus.

A brisa está bagunçando as sobrancelhas do abade enquanto ele me estuda.
— Sei que você tem desejado mais, irmão Sean. Mais silêncio, mais solidão, mais trabalho. Mais oração. E já refleti algum tempo sobre os papéis que você tem em mãos, porque já vi essa paixão nos jovens antes. Eles anseiam mais, desejam ser queimados até os ossos com devoção e, na maioria das vezes, isso leva a um consumo irrecuperável. Eles não queimam, se extinguem. E ou vão embora ou ficam apáticos e sem amarras, e batalham para encontrar a paz em uma comunidade novamente.

Olho para as minhas mãos, ásperas e calejadas pela silvicultura amadora. Ser queimado até os ossos com devoção é tudo que sonho agora, minha única visão para o futuro.
Quero ser santo e completo. Quero que meu coração e corpo sejam de Deus por inteiro, tudo queimado em seu altar.
Volto a olhar para a foto de St. Columba.

— Por outro lado, — continua o abade, — há outros homens que vejo passar por aqui, com seu ímpeto e sua busca implacável. Eles continuam a fazer grandes coisas e a levar uma vida que só posso chamar de santa. Mas devem encontrar um lugar que lhes seja adequado. Este é o problema da vida monástica, entende - você deve ser capaz de encontrar uma vida inteira em um único lugar. Deve ser capaz de encontrar os cantos mais profundos de sua própria alma em um rincão do mundo escolhido, e às vezes me pergunto se o leste do Kansas é o rincão escolhido para você. Às vezes me pergunto se os beneditinos são a ordem certa para você. E então, nesse ponto…

Ao meu lado, o irmão Connor ajusta as mãos no colo. Em qualquer outra pessoa, o gesto não significaria nada. Mas, vindo do irmão Connor, significa que ele está agitado de tanta empolgação.
O abade sorri para o irmão Connor e depois para mim. — E então tenho permissão e os fundos para enviá-lo a três dessas casas monásticas para ver se uma delas pode ser uma boa opção.

O irmão Connor se intromete.
— Oficialmente, esta seria uma viagem de pesquisa em nome de nossa cervejaria, então você faria um tour pelas cervejarias em cada mosteiro e se envolveria em alguma espionagem corporativa moderada enquanto estivesse lá.

— Espionagem corporativa ética, — diz o abade. — Você sabe, espionagem corporativa cristã. Ser santo sobre isso e outras coisas.

— Mas a pesquisa é apenas a justificativa para enviá-lo, não o verdadeiro motivo, — diz o irmão Connor. — Você é a verdadeira razão. Seu futuro é o verdadeiro motivo. E nossa esperança é que você encontre as respostas que procura nesta viagem.

Mesmo se eu não estivesse em silêncio hoje, ainda não saberia o que dizer. Esse tipo de viagem é extremamente rara para meros irmãos como eu, especialmente viagens para fora da ordem e fora do país. Quero passar uma viagem bebendo cerveja e em busca de um solo sagrado? Sim, claro, mas também sinto uma profunda incerteza. Uma indignidade e uma dúvida cortante.
Eu não mereço este presente.

— Estou muito animado por você, — diz o irmão Connor, tocando minha mão onde ela está na papelada de St. Columba.
— Mas também sei o que estamos discutindo. Se você fizer esta viagem e, no final das contas, decidir se juntar a uma nova ordem…

O vacilo com o entendimento é instintivo. Se eu entrar em uma nova ordem, nunca mais verei o irmão Connor depois de partir. Ou o abade Jerome ou os irmãos Thomas, Titus e Andrew. Nunca mais verei minha floresta ou meu incômodo riacho.
Vamos escrever e-mails um para o outro, tenho certeza, mas não vamos mais cantar juntos, rezar juntos ou caminhar juntos sob as árvores. Esses homens se tornaram minha família e eu teria que abandoná-los. E para quê? Por alguma necessidade amorfa que mal consigo expressar nem para mim mesmo?

— Bem, a vida de St. Columba é difícil, — começa o abade, encostando-se na cadeira.
— Mas o prior deles está procurando - bem, ele usou a palavra robusto - e não há ninguém mais robusto do que meu irmão Lenhador. Ah, sim, irmão Thomas, o que foi?

Eu me viro para ver o irmão Thomas e o irmão Titus aglomerados na porta, seus ombros arfando como se tivessem corrido para dentro do prédio.
— O irmão Sean tem uma visita, — diz o irmão Titus. — No claustro sul. Esperando.

— Vejo que o Senhor está usando seu instrumento favorito para ensinar hoje - interrupções, — disse o abade secamente. — Muito bem, então. Suponho que informaram a visita que o irmão Sean ficará em silêncio hoje?

— Informamos, — diz o irmão Thomas. — Ele disse que está tudo bem.
Ele.

Eu me levanto, meu interesse desperto. Só existem quatro eles que podem me visitar no momento - meus três irmãos e meu pai. Imagino se Zhuocheng trouxe um bebê de sua crescente ninhada de filhos para eu segurar enquanto me atualiza sobre as fofocas da família. Meu coração humano comum se aquece com o pensamento.

— Irmão Sean, — diz o abade antes de eu partir, — você tem tempo para decidir sobre a viagem e quais mosteiros gostaria de visitar. Três semanas antes, teríamos que finalizar os arranjos. E eu e o irmão Connor estaremos aqui a qualquer hora que quiser conversar sobre isso.

Dou a ambos os homens um aceno de gratidão, esperando que possam ver meu humilde agradecimento em meu corpo, já que não posso expressá-lo em palavras. E segurando firmemente as informações sobre os mosteiros trapistas, sigo o irmão Titus e o irmão Thomas para fora do prédio e através do labirinto de passarelas cobertas que leva ao claustro sul, onde meu visitante aguarda.

Os jovens monges pairam na entrada do jardim enclausurado, curiosos, e não posso culpá-los. Não acontece muita coisa que valha a pena comentar, e às vezes os visitantes acabam sendo pessoas bastante interessantes - católicos proeminentes ou artistas ou visitantes de outros países. Mas ficarão desapontados quando perceberem que é apenas um idiota chamado Xiao Zhuocheng.
Só que eu finalmente vejo quem está esperando por mim do outro lado da fonte, e não é  Zhuo. Não é nenhum dos meus irmãos e não é meu pai.

É o homem mais lindo que já vi, com o braço pendurado nas costas do banco e as longas pernas espalhadas por toda parte, como um rei entediado em seu trono. Sua sobrancelha está levemente levantada, como se eu fosse o enigma aqui, como se eu fosse a anomalia em um mundo perfeitamente ordenado.

Eu me esqueço de como respirar.
Eu me esqueço de como pensar.
— Oi, Zhan, — diz Yibo..


(.....)

Santo DesejoWhere stories live. Discover now