Capítulo 1

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Janine


Como fui capaz disto? Saí de casa, após uma grande discussão com os meus conselheiros, e vim parar à floresta proibida. Não me apercebi, que ao correr, tinha trespassado os portões do Reino Negro. Aquele que estava rodeada com muros e apenas existiam dois portões para entrar naquele local. Um no nosso reino e, outro, no Reino Boreal. Eles não precisavam de estar fechados pois não haveria uma alma que ousasse trespassar. Só quem fosse idiota é que se aventurava a entrar no reino do meu avô sozinha. Consegui fugir mesmo aos meus espiões, que me guardam a toda a hora.

Quando era mais nova, os meus guardiões e conselheiros, contavam-me histórias aterradoras sobre o local. Acreditava-se que aquele local estava amaldiçoado, ou pior, que existisse um monstro! Nenhum ser que tenha trespassado aqueles portões, tinha voltado. Vários aventureiros tentaram, mas nunca regressaram. Alguns até fizeram cordas de heras, com dezenas metros, para as atarem aos portões. Pensaram ser inteligentes, mas as cordas foram encontradas cortadas.

Apesar de ser filha das trevas, o meu avô nunca me deixou passar os portões. Ele dizia que era para a minha proteção. Poderia correr perigo se estivesse sozinha naquele local. Não poderia arriscar. O futuro dos Reinos Crepuscular e Celeste estão todos sobre os meus ombros.

Respirei fundo, após me dar conta que estava na Clareira Iluminada. Um dos lugares mais assustadores que poderia haver. Um local rodeado de árvores e, onde éramos facilmente uma presa. Não havia nada onde nos esconder, nenhum lugar onde poderíamos fugir. Olhei em meu redor, não sabia por onde tinha vindo, nem por onde havia de ir. Estava perdida! Ajoelhei-me e tentei invocar as minhas raízes. Talvez a magia negra me ajude a sair desta alhada.

Ouvi um cavalo ao longe, não consegui entender de quem se tratava, mas tive o instinto de correr para a Floresta Negra. Teria de me esconder, antes mesmo que fosse apanhada por alguém. Apesar de futura rainha deste reino, ninguém me conhecia aqui. Teria medo de alguma coisa me pudesse acontecer. Puxei o capuz da minha capa, para não ser reconhecida na vegetação.

O galope do cavalo cessa, mas sou agarrada por alguém antes de chegar às árvores.

— Vossa alteza, princesa Janine, o que faz no Reino Crepuscular? — A sua voz era um sussurro, mas sabia de quem se tratava. — Ainda por cima, na Clareira Iluminada. Não sabe dos perigos que se encontram por aqui?

— Axel, ajude-me.

Rodei sobre os meus calcanhares e fiquei próxima dele.

— Princesa, tem sorte de ser a minha equipa a estar a patrulhar a floresta esta noite. E, de ser eu a encontrar. Se fosse outro, poderia não ter a mesma sorte. — Fez uma breve pausa. — Sabe, por ser o braço direito do rei, sei quem a princesa é. Serei dos únicos, talvez. Imagine se a apanhasse e a fizessem de refém...

Estremeci ao ouvir aquelas palavras.

— Leve-me daqui, Axel.

— Vou levá-la de volta para o seu reino, Vossa Alteza.

— Não!

— Para onde pretende que a leve? — Levantou a sobrancelha.

— Arranje-me algum lugar para pernoitar, preciso de estar longe do meu reino.

— Muito bem! Há uma cabana dos vigias da zona.

— Perfeito!

— Tem a certeza?

Assenti. Segui-o até ao local onde estava a cabana, sem trocarmos qualquer palavra. 

Vingança - A PromessaWhere stories live. Discover now