Capítulo 6

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Alex

A sério? Ela não sabe o que ele é capaz. Volto a mandar-lhe uma mensagem:

Preciso de falar consigo em privado. Será que podemos encontrar-nos antes da conversa do teu avô?

Foi a única conversa coisa que pude ter, antes que o Rei Negro confirmasse o local de encontro à neta. Ao desaparecer, ainda consegui ter um vislumbre do seu aceno. Teria de fazer de tudo para conseguir vir falar com ela, antes do encontro marcado. Ela corre perigo! Não posso permitir que um ser puro sofra nas mãos daquele monstro.

Fiquei espantando com as capacidades dela! A princesa Janine conseguia mandar mensagens telepaticamente. Não sei onde ela marcou o encontro, mas acredito que tem medo de que alguém ouça as suas conversas.

Eu sei que arrisquei muito ao mandar-lhe aquela mensagem, mas teria de o fazer. Ela não sabe o que está em jogo. Começo a juntar as peças do puzzle. Ele quer que me case com a sua neta, devido a todo o poder que ela possui, mas não entendo até que ponto eu serei um trunfo a favor. Ela é poderosíssima, mais do que eu. Não sei qual os seus planos, mas tenho receio que uso a Janine para seu proveito próprio.

— Presenciaste o que a minha neta é capaz de fazer? — Questionou-me Máximo, quando entrámos na sua sala do trono.

Assenti.

— Ela é poderosíssima! Ela será a próxima a herdar o Reino Crepuscular, após eu desaparecer. Ela será a herdeira de um império! — Riu-se. — Depois de eu não estar mais por cá, daqui a uns valentes anos. Terei tempo para conquistar o resto da ilha e governá-lo. Ela será a minha sucessora!

— E onde é que eu entro nesta equação? — Tive a ousadia de perguntar. Ele estava, finalmente, a abrir o jogo comigo. Notava-se que começava a confiar em mim.

— Tu serás o Rei consorte! — Respondeu. — Serás a pessoa responsável por manter a linhagem real.

— Era para isso que eu fazia parte do seu plano? — Questionei. — Desde que me libertou do meu raptor que eu sou o seu trunfo?

— Tu eras dos seres mais poderosos deste mundo! — Respondeu. — Eu precisava que a linhagem continuasse assim. Precisava que os meus sucessores fossem fortes e temíveis por todos! Quero deixar o meu legado para a minha neta.

Ao menos, ele tinha conhecimento que morreria. Não se considerava como um Deus, mas daí até conseguir conquistar o que Simon tinha era muito sonhador.

— Quanto tempo precisas até apareceres em público e declaraste Rei de Misoris? — Questionou-me.

— Quando o senhor me permitir. O meu povo sabe quem eu sou, eles vão assumir-me como rei num abrir e fechar de olhos.

Era mesmo isto que queríamos. Precisávamos disto para conseguir reclamar o que era nosso. Com a princesa Janine na equação, melhor ainda. Eu precisava de aliados para conseguir libertar o meu povo.

— Eu preciso que assumas o cargo e cases com a minha neta, para depois renunciares o cargo a meu favor?

— Sim, Vossa Alteza!

Por muito que a Janine me desse permissão de imediato para a tratar por tu, o seu avô sempre pretendeu que o tratasse com respeito e pelo seu título.

— Estou aqui para ver isso, senão...

A sua voz era muito assertiva, enquanto me ameaçava. Eu temia quando ele falava assim, mas que opção tinha no momento? Eu precisava que ele confiasse em mim e, precisava que a princesa Janine estivesse do meu lado. Eu necessitava de formar uma aliança de sangue com a ela, para que pudesse arranjar forma de recuperar as minhas terras e o meu povo.

Os pequenos passos estavam dados, nós tínhamos plantado várias sementes do plano. O meu povo regressara às suas terras e a Iota estava a fazer o seu trabalho, enfraquecendo Máximo e tirando-lhe anos de vida.

A sua tosse tirou-me dos meus pensamentos.

— Raio para esta tosse! — Reclamou. — Há mais de uma semana que não me larga.

Apeteceu-me abrir um sorriso vitorioso. Realmente, os meses em que ele usava aquela coroa, tinham vindo a resultar.

— Talvez devesse pedir à governanta que lhe fizesse um remédio para essa tosse.

— É o que tenho de fazer! Já tens o plano definido?

— Vou aproveitar o baile anual para me expor. Aí pedir-lhe-ei a mão da princesa em casamento.

— Muito bem!

O baile anual era um evento que acontecia em honra ao tataravô do Reino Negro, que foi o último a reinar a Grande Ilha. Ele dividiu-a em três reinos, para não prejudicar nenhum dos seus trigémeos. Desde essa altura, que se faz um baile na zona neutra da ilha. É um dos eventos mais importantes, onde se firmam alianças e se declaram inimizades. Aquilo é uma espécie de uma reunião dos líderes dos quatorze reinos. Sim, quatorze. Apesar das doze ilhas, existiam quatorze reinos. A Grande Ilha constituía três reinos, mas a nível de decisões mundiais, apenas possuíam um voto. Os três reinos teriam de ter uma decisão unanime para que pudesse contar o voto deles.

O baile anual, também, coincidia com o aniversário da princesa Janine. Eram sempre celebradas as duas ocasiões em conjunto. Este ano, o baile tinha algo a mais, pois iria ser a sua coroação e o seu pedido de noivado. Não iria deixar escapar a oportunidade de me revelar.

— Posso-lhe pedir um favor? — Questionei ao pensar que teria de o recompensar de alguma maneira.

— Sabes as condições?

Engoli em seco e assenti.

— Muito bem, sou todo de ouvidos.

— Gostaria de oferecer um anel à sua neta, quando lhe pedisse a sua mão em casamento.

Ele abriu um enorme sorriso.

— E o que posso ter eu a ver com isso?

— Estou-lhe a pedir se poderia ir ao castelo de Misoris, buscar o anel da minha família, para oferecer à sua neta.

— E o que eu ganho em troca? — Colocou a mão sobre o queixo.

— O que pretende?

— A possibilidade de usar os teus melhores homens no meu exército.

Eu sabia que o meu pedido teria consequências, mas não podia deixar que os meus homens sofressem nas suas mãos.

— Deixe estar, então.

— Vais desistir tão facilmente? — Respondeu com uma voz de gozo.

— Não vou deixar os meus melhores homens deixarem as suas famílias para lutarem. Em Misoris, somos a favor da paz! Não nos envolvemos em conflitos, a menos que sejam necessários.

— Isso é muito bonito, mas os teus pais não tiveram problemas em declarar guerra ao Reino Boreal. — Interrompeu-me. — Talvez porque ele roubou o seu amado sucessor.

A gargalhada que tomou conta da sala, transformou-se num ataque de tosse. Realmente a Iota estava a fazer o seu trabalho.

— Raio para esta tosse! Chamai a curandeira, imediatamente. Tenho de curar esta tosse, antes do baile.

Assenti e fiz-lhe umavénia, antes de me ausentar. Assim que trespassei as portas da sala do trono,um sorriso apoderou-se dos meus lábios. Finalmente o plano começava a verfrutos.

Vingança - A PromessaWhere stories live. Discover now