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O silêncio da sala de aula não condizia com o cérebro da professora naquele momento.
Jenna estava encostada na mesa, os braços e as pernas cruzadas. Seus olhos estavam fixos nos alunos e sua expressão era de apavorar qualquer um. Mas Jenna não estava dando a mínima se eles colariam naquele teste, não naquele. Sua mente só conseguia pensar em como fazer a amiga de S/n sofrer durante todo o ano letivo.
Não, ela não havia gostado da forma que elas se abraçaram, de como seus braços ficaram enganchados após o término do abraço e nem de como S/n sorria para a loira. Não, Jenna não havia gostado, e nem queria gostar. Sua raiva crescia por não saber nada sobre elas e por não dar aula para S/n hoje, sua impaciência a colocaria em problemas.
Emma Myers não perdia por esperar.
[ ... ]
─ Então você é o bichinho da professora?
─ Emma!
S/n reclamou, com as bochechas queimando. A outra loira deu de ombros, sem se importar muito. As duas estavam no refeitório e pela primeira vez, S/n não estava comendo sozinha, o que lhe deixava muito grata.
─ Não é nada demais, S/a . Não dá para mudar o fato de que você é a favorita dela, e seus colegas de classe são uns idiotas por te tratarem mal.
─ Eu não sei. — S/n encolheu os ombros. ─ Eu entendo que eles fiquem assim. Quer dizer, a senhora Ortega é uma tirana, ela trata todo mundo da pior forma possível. Eu também ficaria chateada se fosse uma das que ela não gosta.
─ Eu entendi S/a , mas a culpa não é sua. Se é para culpar alguém, culpem a professora oras! Foi ela quem cismou com você, não o contrário!
─ Mas Emm-
─ Olá S/n
Tanto S/n quanto Emma congelaram no lugar. Jenna se esgueirou no banco e sentou-se, a bandeja de comida perfeitamente arrumada. As roupas pretas lhe caíam bem, e o cabelo estava impecável e arrumado como sempre, a franjinha imóvel.
─ Senhora Ortega . — Disse baixinho com a cabeça baixa. ─ A que devemos a honra?
─ Vim almoçar com você. — Ela olhou na direção de Emma, de forma tão fria que a garota tremeu. ─ A menos que eu esteja atrapalhando algo.
A loira mais velha entendeu imediatamente porque ela era tão temida. O refeitório inteiro estava em silêncio, olhando para a interação das três, fazendo as bochechas de S/n queimarem.
─ Não senhora. — Respondeu, olhando temerosa para Emma.
─ Que bom. — Ela abriu um dos potinhos com salada e começou a mexer com o garfo. ─ Senhorita Myers .
Emma levantou a cabeça lentamente, se perguntando como ela já sabia seu nome.
─ Sim?
─ Amanhã é sua primeira aula comigo, certo?
─ Sim senhora.
─ Então creio que o trabalho que eu pedi sobre física, que, lembrando, precisa ter no mínimo 30 folhas, já esteja pronto, certo?
Jenna ergueu os olhos como quem não queria nada, vendo o terror se espalhar pelo rosto da adolescente. Ela parecia muitíssimo satisfeita com o efeito que causou na garota.
─ Não, eu... — Ela respirou fundo, olhando para S/n buscando ajuda. ─ S/a não me avisou.
─ Me descul-
─ S/n não precisa te avisar sobre nada, não é obrigação dela. — Ela mordeu uma das folhas de alface, olhando para Emma dura feito aço. ─ Ela não me entrega o trabalho essa semana.
─ Mas... — A garota começou confusa, sendo interrompida por Jenna.
─ As regras da minha turma quem faz sou eu, senhorita Myers. Eu disse a S/n que ela pode me entregar o dela na próxima semana. Não foi? — Ela olhou para S/n os olhos bem mais gentis do que antes, vendo a garota assentir envergonhada.
─ Senhora- — Emma tentou argumentar, mas bastou um olhar para que se calasse.
─ Já que gosta tanto de me desafiar, não vai se importar de explicar a matéria de amanhã, certo?
─ Mas eu não sei! — A garota falou desesperada, os olhos arregalados. Jenna deu de ombros.
─ Então aprenda. — A americana limpou a boca com o guardanapo. ─ Vou deixar que descubra sozinha, e não atrapalhe S/n com seus comentários. Vai tirar toda a concentração dela desse jeito. ─ Jenna levantou-se, dando um último olhar para uma Emma aterrorizada. ─ Até amanhã S/a.
