Capítulo I

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— Corpo de bombeiros, responda! — gritava em meio ao fogo, arrombando portas na esperança de encontrar qualquer sinal de vida.

— Corpo de bombeiros, responda! — Sarah gritou ao meu lado.

Por volta das 17:45 o alarme soou no batalhão, incêndio em altas proporções em um prédio domiciliar. Nós éramos os primeiros a serem chamados, devido ao nosso tempo de resposta.

Era um daqueles chamados complicados, um prédio de seis andares, totalmente tomado pelo fogo, com muitos danos às estruturas, o que acabou dificultando a busca.

— Ok, mais dois minutos e eu quero todo mundo fora dai. — a voz de Jonh, nosso chefe de batalhão soou no rádio.

Além de nós, havia mais equipes espalhadas pelo prédio, tanto do nosso batalhão quanto de outros.

Tínhamos que ser rápidos, cautelosos, pois cada segundo era importante e todo cuidado era pouco. Sabíamos que o tempo para salvar uma vida era o mesmo que uma batida de coração.

— Danvers? — a voz no rádio soou preocupada. — Você me ouviu? Preciso que evacuem o prédio imediatamente.

— Está ficando quente aqui, chefe. O fogo se alastrou muito rápido, dificultando muitos pontos de acesso, estamos terminando, só precisamos de mais uns cinco minutos.

— Vocês não têm cinco minutos, preciso que saiam daí, agora! — Ordenou.

Seguindo a ordem de seu chefe e aparentemente não restando nenhuma vítima no andar, as duas bombeiras deram meia volta e seguiram o mesmo caminho, mas um barulho de choro chamou a atenção e uma pausa é feita na tentativa de descobrir de qual cômodo aquele som surgiu.

— Tenente, precisamos sair daqui. — levanto o indicador em sinal de silêncio.

— Acho que escutei um choro. — assim que ela me ouviu, Sarah também ficou em alerta, seguimos em direção às portas novamente, abrindo depressa.  — Corpo de bombeiros, responda! — gritei mais uma vez.

— Aqui… — uma voz soou de uns três cômodos à frente. — por favor, estamos aqui, alguém nos ajude. — uma mulher tossia e gritava desesperada, seguido de um choro estridente de uma criança. Sem demora e desobedecendo as ordens do chefe as duas bombeiras saem depressa em direção aos gritos.

O cômodo que indicava ser um quarto de criança, estava todo destruído pelo fogo, parte do teto desabou bloqueando a passagem entre mãe e filha.

— A minha menina, salve a minha menina. — a mulher chorava e gritava desesperada, quase se enfiando em meio ao fogo.

— Por favor senhora, fique onde está. — estendi meu braço com a mão aberta em direção a mulher. — Sam, você fica com a criança. — me viro para ela — tire ela daqui! — passeando os olhos rapidamente pelo local, busco encontrar qualquer brecha entre os escombros que me ajudasse a chegar até a mulher.

— Tenente? — ela chama minha atenção, sua voz soando aflita, me viro novamente para ela e nossos olhos se encontram por milésimos de segundos, cientes do risco que representava ficar.

— É uma ordem, Sara! — falo sem hesitação.

Relutante, porém seguindo a minha ordem, ela pega a criança que chorava dentro do berço, esconde dentro da jaqueta e a abraça antes de sair.

Os minutos que se seguiram foram tensos, os nervos à flor da pele, o calor aumentando, a pressão para realizar o resgate. No relógio, o ponteiro não parava de girar e cada segundo perdido o risco de se manter ali tornava maior, era necessário pensamento rápido, mas ao mesmo tempo um cuidado que exigia calma, foram exatos três minutos entre acalmar a mulher e convencê-la a atravessar para o outro lado. Uma pequena ponte que eu havia improvisado para que a mulher atravessasse em meio ao fogo.

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