Capítulo IV

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Depois de um longo plantão e de deixar todas as orientações e observações sobre o segmento do tratamento dos meus pacientes, deixei o hospital e segui direto para o meu apartamento, tomei um banho quente e deitei na cama, exausta.

Amanhã, no primeiro horário, será a reunião para discutir sobre a viabilidade da cirurgia, quais são os possíveis riscos e possíveis soluções para diminuí-los. Sei que pode haver complicações anestésicas e pós-operatórias, trazendo o maior risco de infecções respiratórias, baixa da oxigenação do sangue, fora outras complicações. Mas optar por não fazer essa cirurgia traz tantos riscos como não fazê-la.

Deitada na cama e com a mente menos acelerada, penso em como a vida pode ser injusta. Kara parece ser uma pessoa extraordinária, com a alma bondosa e o coração gigante. Ela é capaz de tocar os corações das pessoas com seu jeito alegre, sorridente e divertido, pude ver nos olhos daqueles bombeiros quando chegaram com ela no hospital ou como lotaram a sala de espera e ficaram aguardando durante horas, por notícias dela. Sei que ela tocou o meu, tão profundo que em uma noite ela foi capaz de quebrar todas as minhas barreiras, me fez ignorar todas as minhas regras e eu estava totalmente entregue a ela naquela noite.

Limpo algumas lágrimas do meu rosto ao pensar que eu desejei muito que um dia eu pudesse reencontrá-la. Sentir novamente aquele olhar penetrante sobre mim, ter a chance de admirar aquele sorriso alegre e contagiante mais uma vez, me perder novamente ao sentir o toque quente e firme das mãos dela e quem sabe desta vez acordar com ela ao meu lado. Ter a chance de conversar mais, conhecer a mulher, filha, irmã, amiga e bombeira incrível que agora eu imagino que ela seja. Mas eu nunca pude imaginar que seria da maneira que se seguiu, não com ela deitada em uma cama de hospital, lutando pela vida.

As vezes a vida é realmente muito injusta.

Os olhos pesam e eu adormeço em meio às lágrimas insistentes.

[...]

— Megan!

Ela olha em direção ao som da voz e para o que está fazendo, apoiando sobre o balcão do posto de enfermagem.

— Oi Lauren, oi Nia — ela sorri — O que fazem aqui?

— Viemos trazer um paciente e aproveitamos pra saber notícias de Kara. — ela nega

— Nenhuma mudança até o momento, o que eu sei é que a Dra. Luthor pediu uma reunião com os especialistas de várias áreas do hospital.

— Uma equipe multidisciplinar? Porque? O que você não está me contando? — a mulher fecha os olhos — Megan? Megan, você me conhece! Sabe o quanto Kara é importante pra mim, pra nós.

— Lauren, se acalme. — Nia pede, colocando as mão sobre o ombro dela

— Eu sei, mas tenta me entender, eu não tenho autorização pra passar nenhuma informação. Dra. Luthor é muito rigorosa em relação aos seus pacientes, e deixou isso muito bem claro ontem, antes de ir embora. Sinto muito, Lauren.

— Desde quando você segue ordens à risca assim?

— Olha, eu só não quero arrumar problemas, ela pode ser uma novata, mas se impõe naquele tom de voz autoritário e toda aquela pose de superioridade. Ontem ela já me passou um sermão, não quero levar outro.

— Está com medo dela?

— Claro que não, só não quero arrumar mais problemas. Um médico me infernizando já é difícil, imagina dois.

— Ela não é assim — afirmo

— Você não à conhece — retruca

— Nem você! — dou de ombros — Olha, só pra você saber... — bato devagar com a mão no balcão — aquela mulher...

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