(Vol. IX) Ano XII p.e. ⎥ 5. Aceitação.

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NÃO SABERIA DIZER SE ERA O EFEITO dos remédios metodicamente obrigados a descerem por minha garganta hora após hora conforme o novo médico havia receitado

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NÃO SABERIA DIZER SE ERA O EFEITO dos remédios metodicamente obrigados a descerem por minha garganta hora após hora conforme o novo médico havia receitado. Também não saberia dizer se era por causa de todo apoio e carinho que eu havia recebido daqueles que eu tanto amava e me importava nos últimos dias, a minha família, até finalmente me sentir melhor. Mas, a verdade era que talvez houvesse sido um pouquinho dos dois. Uma mescla perfeita da ciência e do emocional.

A febre estava controlada há poucos dias. O meu corpo não queimava mais e nem parecia interessado em me transformar em cinzas como nos preocupamos tanto anteriormente. As dores haviam passado gradativamente, conforme a temperatura ia diminuindo e a constatação desse fato quase conseguia me fazer tentar voltar para a minha rotina de antes. Antes de todas as merdas que praticamente me transformaram em lama no fundo do poço.

Essa vontade de continuar estava sendo discutida fortemente em minha cabeça enquanto eu me mantinha sentada aos pés da minha cama, sobre o meu colchão.

Havia acordado muito cedo, saído debaixo das cobertas com delicadeza e aberto as cortinas como um ritual sagrado, deixando entrar toda a luz do dia amanhecendo devagar e de forma azulada pelo frio, através daqueles vidros quadrados.

Queria que ela entrasse não apenas no cômodo, mas também em minha alma e me trouxesse um pouquinho de luz para que eu pudesse enxergar a minha sanidade com mais clareza.

Observei durante um longo tempo a forma como o céu estava completamente branco hoje. Contemplei a paisagem totalmente sem graça de outras casas feitas em madeira e tijolos vermelhos, como vizinhos de beco, além de algumas árvores que perderam todas as suas folhas.

Um tronco escuro, retorcido e limpo de qualquer folhagem não era apenas uma prova de que o Outono havia partido e o Inverno começava a nos abraçar. Aquilo era, de certa forma, também bastante poético. Afinal, o que representaria melhor a renovação de um espírito forte do que uma árvore milenar resistindo a todas as passagens do ano? Talvez as folhas fossem importantes, mas não eram o absoluto. Eram as suas raízes que deveriam ser indestrutíveis.

Resiliência era a chave para a sobrevivência.

E eu precisava alimentar as minhas raízes.

Tudo poderia parecer apenas um movimento banal para qualquer pessoa olhando de fora, mas para mim – devido ao meu estado deplorável nas últimas semanas – aquela era uma vitória digna de ser comemorada. Talvez comemorada com um bom café da manhã.

Esse foi o pensamento intrusivo que se infiltrou em minha mente quando eu descruzei os meus braços, arrumei a minha postura e encarei a porta de madeira fechada diante de mim.

Daryl havia acordado quando o céu ainda era noite, saído do quarto por algum motivo (talvez pronto para preparar mais um dia de rotina da nossa estadia no Reino, principalmente do nosso menino) e agora eu me perguntava se devia sair e tentar fazer o mesmo.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking DeadDonde viven las historias. Descúbrelo ahora