Conversa com a Lua

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   Lua,
    apenas a luz que é tua
    me faz enxergar a rua,
    quando ando na escuridão
    Sempre aqui quando anoitece,
    me cobres se o meu corpo adormece,
    e a minha alma, não

    E mesmo estando tão distante,
    me manténs ainda no alcance
    da tua luz na imensidão
    Mas se somes quando amanhece,
    o sol então não aparece
    dentro do meu coração

   Lua,
    há tantas estrelas no céu,
    mas se as nuvens se tornam um véu,
    só tu aplacas minha solidão
    E mesmo de dia o mundo escurece
    e minh'alma se entristece,
    se te perco da visão

    Até em silêncio dizes mil palavras,
    e elas me encontram nas águas,
    e me dão inspiração
    Meu coração se abastece,
    e tua voz calada então tece
    murais em minha imaginação

   Mas, Lua,
    talvez só eu desse modo te escute,
    e as maravilhas, com que tua voz me ilude,
    não sejam mais que alucinação
    Pois essa mente, ansiosa, efervesce,
    mas ao olhar tua luz, se esquece
    da realidade com a obsessão

    És o futuro distante que anseio,
    os desejos pelos quais pelejo,
    meu destino ou minha ilusão?
    Só sei que ao olhar-te, tua luz transparece
    a esperança que desaparece
    se me atento à real situação

   Por isso, Lua,
    te olho faminto,
    esperando que talvez o Destino
    algum dia corrija meu tino
    e desfaça minha frustração
 
    Até lá, no horizonte, tua luz permanece
    e minha mente em tua visão reflete
    os sonhos que anseiam por realização

De Um que AcreditaWhere stories live. Discover now