08. hell is other people

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Sam Winchester

Sam estava sentado no grande sofá em frente à lareira, a escola por ter sido outrora uma casa vitoriana, toda sua estrutura e decoração lembravam um mansão mal assombrada, o garoto sacudiu os braços, tentando expulsar o arrepio incessante que subia pela sua espinha. Tentava ignorar os pensamentos intrusivos que lhe dominavam a cabeça.

Ele já esteve face a face com o mal mais vezes do que ele poderia contar, porém sentia que agora as coisas eram diferentes, ele não sabia dizer exatamente o porquê e nem como, mas ele sentia dentro de si que alguma coisa tinha mudado, alguma chavinha havia virado. Sam tentava ao máximo não pensar que o que havia mudado era Hope. A presença da garota confundia suas emoções, sua razão ficava deturpada, não conseguia assimilar de maneira coerente o que devia ser feito.

Ele sentia o olhar intenso da garota sobre ele, enquanto ela tamborilava os dedos no braço do outro sofá, esperando por Lizzie que havia saído para pegar alguma coisa, Sam não tinha feito questão de escutar o que era, estava se sentindo nauseado, sua visão estava turva e ele estava cansado, muito cansado. Dean estava sentado ao seu lado, e ele conhecia o irmão o suficiente para saber que ele estava entediado, quando Dean se entediava, não conseguia ficar quieto, o mais velho ficava o tempo todo se mexendo, cruzando e descruzando as pernas, bufando, impaciente.

Sam estava no seu limite, o silêncio palpável, exceto pelos ruídos que o estofado do sofá fazia sempre que Dean se mexia e o barulho da lenha sendo consumida pelo fogo da lareira, estavam lhe deixando maluco. E ainda tinha Hope, sentada na sua frente, encarando-o incessantemente. O garoto ergueu o olhar até encontrar o dela, a garota nem sequer piscou, continuava encarando-o intensamente. Sam se pegou perdido em seus pensamentos, em como a vida era uma roda gigante imprevisível.

Ele já tinha visto muitas coisas bizarras em seus 22 anos de vida, ficado frente a frente com criaturas que a grande maioria das pessoas pensavam que não passavam de vilões de histórias de terror. Sua própria mãe foi morta por um demônio de olhos amarelos quando Sam era apenas um bebê. Ele tinha tentado deixar essa vida para trás, ir para a faculdade, ter uma profissão de verdade, ser uma pessoa normal com uma vida normal, no qual sua única preocupação seriam com as contas a serem pagas no fim do mês. Entretanto, estava ali. Sentado no sofá de uma escola que já foi lar de um vampiro, na companhia de seu irmão mais velho e da garota que tinha despertado seu interesse, e claro, ela não seria uma pessoa comum. Era a porra de uma bruxa e uma loba, uma híbrida.

— Voltei! — Lizzie apareceu na sala do nada.

— Meu Deus, você tem algum problema em chegar nos lugares como uma pessoa normal? — Dean deu um pulo no sofá, resmungando. — Parece um fantasma.

— Vou ignorar seu comentário, bonitinho, porque temos assuntos mais importantes pra tratar. — Lizzie fez cara feia para Dean.

— Venham. — Hope sinalizou para que os meninos as acompanhassem.

— Onde estamos indo? — Sam quis saber, mas mesmo assim, obedeceu a garota, seguindo-a.

— Pra um lugar mais calmo.

Sam quis protestar, mas já estava cansado o suficiente para discutir, queria resolver o que tinha que ser feito e ir para casa, mesmo que casa significasse um quarto vagabundo de um motel de beira de estrada. O quarteto seguiu em silêncio para fora da escola, os raios solares nasciam preguiçosos no horizonte, iluminando o ambiente com tons claros de laranja, a brisa gélida já indicava que logo menos o inverno chegaria. Hope assumiu à frente acompanhada de Lizzie. Eles seguiram para os fundos da casa, passando pelo bosque, até chegarem numa cabana, escondida em meio às árvores.

Dark Paradise || Sam Winchester Onde as histórias ganham vida. Descobre agora