Capítulo 5

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O óculos escuro escondia as minhas olheiras, dos olhares curiosos da empresa. Passei praticamente a noite inteira revirando sobre a cama de um lado para o outro. A proposta sem pé e nem cabeça que Damon havia feito para mim na noite passada não sai da minha cabeça. Todas as vezes que eu fecho os meus olhos eu o vejo na minha frente, eu escuto as suas palavras. Entretanto uma parte de mim concorda com o que ele disse. É um absurdo? Com certeza sim. Mas é como diz aquele velho ditado; aqui se faz, aqui se paga. Mas não será através das minhas mãos que a minha irmã vai pagar pela dor que me causou. Mas na parte mais obscura do meu coração, o desejo de vingança queima como fogo. Eu não faço a mínima ideia do plano de vingança que Damon planejou, mas só de imaginar a minha própria irmã chorando de tristeza todo o meu interior se revira de tanta felicidade. É o que ela merece. Eu nunca faria absolutamente nada para magoa-la como eu nunca fiz. Mas tem um porém, nessa vingança outras pessoas podem sair feridas também, os nossos pais. Tanto os meus pais quanto os pais de Damon também devem estar sofrendo por essa traição. O meu relacionamento com o Devon era uma mentira para mim, mas era a felicidade de ambas as famílias.

Urgh! Olha eu mais uma vez desejando fazer a vontade alheia.

Quando eu vou começar a fazer as minhas vontades? Quando eu vou começar a respirar? Será que um dos meus desejos é dar as mãos ao Damon nessa empreitada? Pois uma coisa é certa, eu anseio por vê-los sofrer também.

— Bom dia, Srta. Frazier. Como passou a noite? — Perguntou Sophia levantando da sua cadeira cordialmente.

— Bom dia Sophia, é... digamos que a minha noite foi bora.

— Não senti muito entusiasmo.

— É que ontem foi o aniversário da minha irmã, a Meredith.

— Oh! Pensei que a senhorita gostasse de festas.

— Eu gostava, antes da minha irmã mais velha me trair com o meu próprio namorado. Eles me tornaram a atração principal da festa, nem mesmo Meredith teve esse privilégio.

Sophia deu um meio sorriso.

— É...eu sinto muito.

— Tudo bem. O que temos para hoje.

— Nada de muito interessante.

— E as suas férias?

Sophia colocou as suas mãos sobre o balcão de atendimento com um sorriso de orelha a orelha. Como eu a invejo por estar tão feliz, não é como se ela não tivesse problemas em casa, mas neste momento tudo o que eu mais queria era um terço da sua felicidade.

— Consegui sim. Vou poder ficar um pouco com a minha mãe, faz tempo que eu não a vejo.

— Às vezes é bom ficar perto de quem amamos, pelo menos no seu caso. As pessoas que eu amo, um uma delas, foi capaz de me machucar.

— É... — O telefone que fica sobre o balcão de atendimento começa a tocar. — Eu preciso atender.

— Claro. Se for para mim, pode enviar a chamada para o escritório.

— Tudo bem.

Caminho para a minha sala. Como é bom ter um pouco de paz, pelo menos no meu ambiente de trabalho por que dentro da minha cabeça está um turbilhão de pensamentos. Ninguém consegue disfarçar o desconforto e o olhar de pena sobre mim, entretanto, na festa de ontem eu percebi que ninguém olhava desta maneira, ou melhor, ninguém olhava de maneira alguma para a Mariana e para o Devon, o mínimo que as pessoas poderiam fazer é julga-los, pois ambos os dois traíram os seus próprios irmãos. Como a hipocrisia é filha da puta no mundo em que vivemos, o certo sai como o errado e o errado sai como o certo. Qual é o cabimento neste contexto? Nenhum.

Deliciosa Vingança  Where stories live. Discover now