Capítulo 6 - "Coração Quebrantado"

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Na teoria se diz que toda criança deve crescer num lar feliz e cercado de amor, porém na prática não é assim, pelo menos comigo nunca foi

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Na teoria se diz que toda criança deve crescer num lar feliz e cercado de amor, porém na prática não é assim, pelo menos comigo nunca foi. Até os seis anos eu vivi muito bem, rodeada de carinho pelos meus pais, mas meu pai teve sua vida ceifada pelo câncer; e o meu pesadelo se deu início quando minha mãe se casou com Charles, um homem ruim, cruel, que só pensava em si mesmo.

Tive a minha inocência arrancada de mim aos oito anos, quando aquele homem nojento encostou em mim pela primeira vez; desde que chegou em nossa casa Charles me olhava de maneira estranha, e sempre dava um jeito de ficarmos sozinhos e era aí que o tormento começava. Eu torcia para que minha mãe nunca saísse de casa, ou que ele não me levasse para a escola.

A minha vida se tornou um verdadeiro inferno.

Mas no meio disso tudo eu conheci Ethan, ele era filho de Charles e depois de algum tempo ele foi morar conosco. Ethan se tornou o meu escudo, ele foi a única pessoa que me amou e me protegeu dentro daquela casa; ele era o único que sabia dos abusos que eu sofria, e sempre que podia ele me defendia de seu pai e jamais me deixava sozinha com Charles.

Depois que Ethan chegou em minha casa, eu consegui carregar a vida com um pouco de leveza.

Ethan e eu abrimos um cafeteria e lá começamos a trabalhar, com o intuito de juntar dinheiro e alugar um lugar para nós morarmos, ele e eu. Eu particularmente amava trabalhar ali, aquele espaço se tornou o meu refúgio, uma terapia, mas de vez ou outra Charles resolve aparecer para me importunar.

Da última vez que ele esteve na cafeteria, eu tive uma crise de pânico muito forte e acabei indo parar no hospital, eu exigi ser atendida por uma médica, não conseguia ser tocada por nenhum homem. Depois daquele dia Ethan proibiu a entrada de seu pai na cafeteria, e eu o agradeci imensamente por isso.

Estava eu em meu quarto me arrumando para ir trabalhar, vestia uma calça jeans e parada em frente ao armário procurava uma camiseta, escolho uma com a estampa de girassóis que  me lembravam Van Gogh, meu pintor favorito, nos pés um all star branco; faço um coque nos cabelos e coloco meu lenço cor de rosa como uma tiara, ajeito minha franja sobre a testa e estava pronta.

Abro a porta devagar e me certifico de que Charles ainda estava dormindo, vejo que o corredor estava livre em seguida devagar fecho a porta de meu quarto, pé por pé caminho até chegar a cozinha; vejo Ethan preparando suas torradas com café.

— Bom dia maninho! — Me aproximo dele e bebo um pouco de seu café e faço uma careta. — Eca, está sem açúcar.

— É porque eu gosto assim, bom dia. — Seu humor não era dos melhores.

— O que foi? Levou um pé na bunda da Verena? Ou foi da Nath? — dou uma mordida em uma maçã.

Ele morde sua torrada e suspira.

— Nenhuma delas, foi da Lucy.

— Lucy? Ah não, a minha psicóloga?

— Ela mesma, eu estou fascinado por ela, não consigo parar de pensar nela.

A Garota dos Meus Sonhos Where stories live. Discover now