TRAIÇÃO

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E aí, meus dengos, tudo bem? Esperamos sempre que sim. Agora sem pânico, respirem e bora lá continuar essa estória.




~ Sete dias depois ~

Com o foco inteiramente no hospital, desde que Valentina foi embora a minha rotina voltou àquela mesmice cinza de sempre. É incrível que, como os prisioneiros da Caverna de Platão, depois de ter visto o mundo com ela, fora da minha caverna mental, não era mais a mesma coisa olhar para ele de dentro das janelas deste hospital.

Na realidade é que antes eu não costumava olhar pela janela, o mundo era o interior do hospital, mas agora, de tempos em tempos, eu fazia pausas e olhava o céu em seu estado azul iluminado ou mesmo nublado e chuvoso, via pessoas caminhando pelo estacionamento, conversando por vezes seriamente e outras alegres. Me perguntava sobre o que falavam, se fosse em Moreré não seria difícil descobrir. Lá as pessoas pareciam bem mais próximas, não apenas físicamente, mas no real sentido da palavra humanidade. Os moradores da vila são humanamente mais próximos.

O que me salvava um pouco a cada dia eram as nossas conversas quando achávamos tempo na agenda, alguns vídeos, chamadas ou até mesmo mensagens de texto já conseguiam me dar aquela sensação de que tudo daria certo. Assim como a passagem comprada com destino a Salvador para quinta-feira anterior ao carnaval.

Meus pensamentos foram despertados por batidas na porta da minha sala.

- Entre - falei em tom alto.

- Com licença, Doutora Luiza - Bianca adentrou a sala.

- Claro, pode falar - respondi o mais simpática que o cansaço do fim do dia me permitiram.

- O Doutor Augusto ligou e pediu para verificar a sua agenda para hoje às 18 horas, eu informei que não haviam pacientes e nem cirurgias marcadas para esse horário. Então ele pediu para marcar uma reunião com ele na sala de reuniões - estranhei as informações, o meu pai marcando uma reunião com a minha secretária e ainda por cima na sala de reuniões? Geralmente ele vem na minha sala, entra e fala.

- Que estranho, ele falou sobre o que se trata? - perguntei.

- Não, Doutora. Apenas pediu para que informasse que a sua presença é indispensável.

- Mais estranho ainda. E a rádio corredor? Sabe de algo? - perguntei.

- Bom, ouvi que a reunião é com a diretoria do hospital.

- Entendi, mais nada?

- Não, senhora. Mas se quiser, eu posso tentar descobrir.

- Não precisa, afinal já são 17 horas. Eu estou indo então, acredito que não tenha mais nada hoje, não é? - perguntei e ela confirmou que não haviam mais compromissos - Quem está na emergência?

- Hoje é o Doutor Diego.

- Tá, o Diego da conta. Se quiser ir, está dispensada, não tem porque ficar aqui.

- Certo, obrigada, boa reunião, Doutora.

- Obrigada, bom descanso, Bianca.

Ela saiu da sala, eu comi uma barra de cereal e tomei um café rapidamente e fui até a sala do meu pai. Quando cheguei a secretária dele também não estava mais lá, estranho de novo. Fui até a sala de reuniões, que fica no último andar do hospital, o décimo oitavo.

Quando cheguei, meus pais e Roberto já estavam lá. Os três conversavam sobre um paciente, me aproximei deles.

- Boa tarde, tudo bem? - perguntei desconfiada.

Mundo de IlusõesWhere stories live. Discover now