prólogo

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2024, NOVEMBRO

Rinque de Patinação Michaels

Washington, D.C.

ERA bem tarde. Nenhuma alma viva se atrevia a deixar o conforto de suas casas naquela noite fria e chuvosa em Washington. O som fraco das gotas grossas e geladas era a trilha sonora macabra que se misturava com os gemidos e choramingos, que ecoavam do prédio grande e revestido por tijolos e vidro na esquina da rua principal.

O Rinque de Patinação Michaels estaria completamente vazio e silencioso se não fosse pelo homem e a mulher no escritório da direção. Mason Michaels abriu um sorriso satisfeito, deixando o corpo grande e pesado cair sobre o corpo pequeno, frágil e dolorido da garota embaixo de si. Ele se levantou do sofá, cambaleando sorridente até a sua mesa enquanto subia as calças. A garota não se moveu, continuando na mesma posição desde que havia entrado no escritório: estática, trêmula e aos prantos.

Mason sentou-se em sua cadeira, apoiando as pernas cruzadas sobre a mesa de vidro. Ele pegou um maço de cigarros em uma gaveta e, enquanto admirava sem pudor o corpo nu da patinadora estirada no sofá, acendeu um cigarro com o fósforo velho.

— Junte suas roupas e vá — disse ele. — Amanhã você tem treino logo cedo.

Sem lhe dar uma resposta, a patinadora se sentou e, sob o escrutínio de Mason, ela vestiu as suas roupas, cada movimento lhe causando uma dor avassaladora. Pouco a pouco, a patinadora foi cobrindo sua nudez — e, consequentemente, as marcas que Mason Michaels havia deixado em seu corpo magro e pálido.

Não o olhou e muito menos se despediu. Apenas ficou de pé, agarrando os seus patins e jaqueta, abraçando-os com força enquanto caminhava cambaleante até a porta. As lágrimas escorriam por seu rosto, a maquiagem delicada que havia passado naquela manhã manchando a sua pele clara e gelada.

— Amanhã — ele falou, fazendo o corpo dela congelar com a mão na maçaneta. — Mesmo horário. E vê se não dificulta as coisas dessa vez, florzinha.

Engolindo o soluço e a ânsia que se formaram em sua garganta, a patinadora exalou e abriu a porta, sendo recebida pelo ar gelado do rinque e a escuridão assustadora que o banhava. A porta bateu com força atrás dela, deixando Mason Michaels sozinho em seu escritório. Ele soltou uma risada e cruzou os braços atrás da cabeça, encarando o teto. As novinhas sempre lhe davam mais trabalho, mas de um jeito ou de outro, ele sempre conseguia controlá-las.

O cigarro pendia em sua boca, a camisa de botões aberta, revelando seu peito e barriga cobertos por uma camada grossa de pelos e suor. Ele fechou os olhos, entorpecido pelo sabor da nicotina e do orgasmo avassalador de minutos atrás. Estava tão distraído e relaxado que não escutou a porta se abrindo.

Midnight Rain (ATO I) • Bucky BarnesWhere stories live. Discover now