Dia 01 • Eu estou morta

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PARKER, POR FAVOR, PARE! — Gritei, abrindo os meus olhos.

A minha cabeça estava ardendo e eu estava suando, o meu peito subia e descia freneticamente e ao mesmo tempo eu tentava controlar a minha respiração pesada.

— Stephanie, o que houve? — Perguntou uma senhora que entrou como um furacão no quarto.

Os seus fios de cabelo loiro estavam presos num coque desajeitado e ela estava vestindo um terno azul, com um par de sapatos alto — tipo, bem altos!

— Quem é Stephanie? — Eu quis saber, observando o cómodo e percebendo que aquele definitivamente não era o meu quarto.

— Você está ardendo em febres! — As suas mãos passeavam pelo meu rosto, a sua expressão de preocupação notória. — Não sabia que amnésia poderia ser um dos sintomas da tua enxaqueca. Fique quieta, estou indo buscar um paracetamol!

A senhora saiu do quarto na mesma velocidade que tinha entrado, me dando espaço para observar bem onde eu estava.

As paredes eram cor-de-rosa bebê, com uma estante de livros entre o guarda-roupa e uma mesa com computador de mesa, e vários posters do Harry Styles sem camisa nas paredes.

Levantei-me da cama e caminhei até a penteadeira próxima a minúscula janela que existia naquele quarto.
Encarei o meu rosto no espelho e o grito que eu soltei foi tão alto, que deve ter acordado a maioria da vizinhança.

Eu estava… Diferente! O meu rosto não era o meu rosto. Tinha sardas espalhadas e o meu cabelo era loiro.

— Pare de ser dramática — o espelho falou, revirando os seus olhos. Acho que gritei ainda mais alto.

— Quem é você? Como o espelho está falando? Onde está o meu rosto?! — Eu perguntei nervosa e assustada.

— Eu sou a Stephanie Walker, o seu cupido. Não temos muito tempo agora, Molly. Tome um banho rápido, vista-se e vá para escola, e pelo amor de Deus, não tome o remédio que ela for te dar.

— Mas porquê eu estou diferente e sou… Igual a você?

— Você está morta.

Aquela não parecia ser uma mensagem engraçada ou uma situação do gênero, mas eu gargalhei alto. Muito alto da sua piada sem graça. Mas ela enrugou o rosto e cruzou os seus braços.

— Isso não é uma piada? — Eu quis saber, sentando-me na cadeira em frente ao espelho. Eu estava mais que nervosa, mas a minha expressão não aparecia no espelho.

— Não. Você morreu, no dia do baile de finalistas… — ela inspirou um pouco de ar, que eu não sabia de onde ela tirava e continuou: — Você se lembra do dia do baile? — Eu confirmei com a cabeça. — Se lembra da festa? — Eu balancei a cabeça negativamente. — Bem, você morreu no acidente de carro.

As imagens do acidente retomaram a minha mente como um raio forte. A minha cabeça latejava e os meus olhos doíam tanto como se estivessem sendo queimados. O meu peito subia e descia, enquanto que as imagens voltavam a passar nos meus olhos como se fosse uma película fotográfica de um filme antigo.

— E o… Parker? — A minha voz falhou, quando as palavras pularam da minha boca.

— Ele está vivo.

— Como você está no espelho… O que eu estou fazendo aqui… Porquê que eu estou morta!? — Eu levantei da cadeira e chutei-a com força. O meu dedão do pé deu um mau jeito e começou a doer com força. — Aí!

— Molly, por favor, vá para escola e depois nós conversaremos. Mas por agora, siga o que eu disse a você e não vá ao hospital.

— Stephanie! Arruma-te rápido! Já marquei a consulta! — A senhora que estava no quarto gritou, o que pareceu ter vindo de um andar abaixo desse.

Trinta Dias Para Amar VocêWhere stories live. Discover now