Dia 12 • Peggy

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SABIAS QUE você só descobre que está tendo uma crise existencial quando está deitada na sua cama, presa ao celular que rola vários vídeos de ASMR de garrafas rolando das escadas e se espatifando no chão no Tik Tok e não consegue dormir à noite toda por medo de ter o mesmo pesadelo que da noite anterior, e consequentemente você fica gritando para o espelho o seu nome, e a sua mãe entra e te acha uma maluca porque você está se chamando no espelho e até ameaça sobre uma futura visita num psiquiatra local e você só da um joinha e se deita novamente na cama tomando a Coca normal e acha que a vida não tem mais sentido.

Sim, isso era sobre mim e sim, eu gritei pelo nome da Stephanie durante toda noite e a desgraçada não apareceu nem por um segundo, a senhora Walker entrou e me disse que estava estranha e que devia pensar em fazer terapia com o psiquiatra local, no caso, um senhor barrigudo de bigode farto que eu achava que ele mesmo devia fazer terapia pela maneira que se comportava e seu jeito de ser.

Eu não estava maluca e estava longe de estar pirando, eu apenas queria saber o que estava acontecendo, ao mesmo tempo que queria esquecer e ao mesmo que eu estava totalmente exausta de pensar muito.

Nós, os adolescentes, sempre pensamos em demasia. É como se toda aquela curiosidade da infância fosse aguçada, mas, num sentindo mais maduro e amplo, como se todos os nossos problemas, medos e aflições fossem o tema de conversa entre os nossos divertidamente na cabeça.

Nem me apercebi quando o sol nasceu e eu ainda estava com o mesmo vestido de ontem. A jaqueta no meio do chão do quarto. A Coca-Cola estava a meio e essa era a terceira lata que eu bebia.

O celular da Stephanie descarregou no instante que eu rolei para outro vídeo e acho que a partir desse dia a minha for you ia ser só baseada nesses vídeos.

Mas vi outras coisas além disso, até porque a parte fofoqueira que mora dentro de mim e era a mais aguçada possível estava me batendo na cabeça quase gritando: Fuxica a vida dos outros, sua fofoqueira mirim!

E foi o que eu fiz. Não sabia que a Stephanie seguia o Gregory e eu visitei o seu perfil na madrugada. Ele tinha fotos simples, mas daquelas que se ele fosse uma estrela de cinema, provavelmente mil meninas comentariam por segundo sobre a sua tamanha beleza. O Greg era muito bonito mesmo e eu não me dei muito conta disso. Quem eu queria mentir? Lógico que eu achava ele muito bonito, tipo, bonito para caralho, como aqueles bebés fofinhos, mas também como um Vinnie Hacker ou um Manu Rios. Talvez a junção dos dois, mas com cabelo cacheado e um estilo mais retrô?

E pelos vistos ele logo após me deixar em casa e me perguntar um trilhão de vezes se eu estaria bem, foi também na festa do Trainor. Pelos vídeos nas suas story's, o Dylan estava com a loira do banheiro — a Sasha — e estavam bem juntinhos como se fossem um casal. A desgraçada da minha melhor amiga que nem me ligou durante a noite para saber se eu estava bem, bem abraçada ao forte, gostoso e estúpido do seu namorado, o Luke, e Timothee era o único que parecia estar sozinho.

Ainda nos perfis deles, deu para ver que se divertiram imenso, enquanto eu rolava o Tik Tok e criava uma fanfic inteira na minha cabeça desenvolvendo o sonho para um filme de Thriller que nem o Stephen King um dia iria conseguir escrever.

— Você está horrível — Matthew falou assim que abriu a porta e eu olhei para ele assustada. — Nem me olha assim, você está aqui desde que chegou e já são quase quatorze horas.

Eu dormi (ou fingi) por quanto tempo mesmo?

— Obrigada pela sua preocupação, mas se você não percebeu, eu estou bem, melhor do que nunca! — Fingi animação, me levantando da cama e quase caí do chão pela pressão que caiu do meu corpo.

Trinta Dias Para Amar VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora