Planos para o futuro

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Wei Ying não estava na escola.

Lan Zhan tentava convencer a si mesmo de que não era nada incomum. Wei Ying faltava mais à escola do que realmente comparecia. O oficial de frequência escolar o tinha declarado seu inimigo, ficando cada vez mais agitado ao perceber que Wei Ying encarava aquilo como um jogo. Ele via o cronograma escolar como 'diretrizes', aparecendo na metade das aulas ou desaparecendo durante o meio do dia.

Mas desde que Wei Ying mencionou que tinha planejado partir. Desde que ele o ouvir dizer que realmente havia ido para longe. Lan Zhan sentiu dúvidas no fundo de sua mente. E se ele decidisse que não valia a pena ficar? E se ele se saciasse antes que Lan Zhan pudesse entender seus próprios pensamentos, seus próprios sentimentos?

Numa tarde, Lan Zhan já havia preenchido um caderno. As palavras haviam fluído dele, sobre qualquer coisa e tudo. Bem, para ser honesto, eram principalmente sobre Wei Ying. A forma como a pele deles havia se sentido junta, o prazer compartilhado entre eles. Ele começou a se perguntar se tinha sonhado tudo aquilo, se isso era algum devaneio diurno hiper-realista.

Ver Wei Ying na escola teria confirmado que era real. Aqueles olhos prateados o teriam olhado com aquela faísca de travessura. Aquele tipo que dava a alguém a sensação de estar perdendo a piada. Mas, por uma vez, Lan Zhan estaria por dentro dela.

Agora ele estava preocupado que toda essa excitação fosse em vão. Se ele fosse até a cabana, o encontraria lá? Todas as pistas de Wei Ying teriam desaparecido? Sua empolgação teria sido em vão. Ele queria prova de que isso tinha sido real. Que era real.

É por isso que ele estava pedalando até a cabana. Ele deu uma desculpa ao irmão, dizendo que queria buscar inspiração para escrever. Ele recebeu um olhar ao qual se acostumou, um de compreensão piedosa. Lan Huan o deixaria fazer o que quisesse, já que havia enfrentado o mesmo destino de preencher as expectativas de seu tio para eles. A única diferença era que ele conseguirá fazer disso algo seu, transformá-lo em algo que ele queria.

O que Lan Zhan deveria fazer? Escrever suas prescrições como poemas? Haicais para resolver dor no joelho, limeriques para o câncer? Fingir que a bela esposa que seu tio escolheu para ele tinha um sorriso ardiloso, um pênis e olhos prateados cintilantes?

Ele pedalou mais rápido, deixando a pequena cidade para trás. Ele não tinha mentido completamente para o irmão, estava buscando inspiração. Exceto que, em vez de escrever poeticamente sobre a pureza branca imaculada de uma flor, ele estaria escrevendo poeticamente sobre a sensação do pênis de Wei Ying em sua boca. A pele deles pressionada juntas. A sensação de compartilhar a fumaça do cigarro entre as respirações. As calosidades nas mãos de Wei Ying, a constelação de pintas em suas costas.

Lan Zhan ficou tão envolvido nos aspectos de Wei Ying que queria escrever sobre, que não percebeu o quanto havia pedalado. Ele diminuiu a velocidade ao começar a ouvir o som melódico da música. Parou ao virar a curva entre as árvores.

Ele estava lá.

Curvado sob o capô de Chenqing, um pano sujo no bolso de trás da calça jeans. Uma camiseta branca suja enfiada nelas, sem dúvida ficando mais suja a cada segundo. Lan Zhan conseguia ouvi-lo cantarolando junto com o rádio, acompanhado pelo som de metal contra metal. Ele viu Wei Ying colocar alguma ferramenta de lado, um prateado brilhante manchado de graxa de motor. Só para vê-la tombar da superfície e cair no chão com um surdo baque.

Wei Ying se curvou para pegá-la, e quando seu olhar se ergueu, viu Lan Zhan. Um sorriso radiante iluminou seu rosto quando ele se ergueu à altura total. De alguma forma, mesmo coberto de graxa de motor, Wei Ying era deslumbrante. Ele largou a ferramenta na caixa aos seus pés, suas mãos rapidamente pegando o pano para se limpar. O rádio ronronava ao fundo, a letra enviando outro lampejo de medo por Lan Zhan.

Louco por esse garoto (FINALIZADA)Where stories live. Discover now