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— Quando eu olho pra ela, eu fico apavorado e com tesão ao mesmo tempo. Isso é estranho? — Otto murmurou a Jakob enquanto olhava para a loira na caixa de vidro.

Era nojento, Charlotte não podia negar, mas eles precisavam dele, então a única opção era aguentá-lo. Ela estava mais atrás deles, mexendo distraidamente no zíper de sua jaqueta enquanto caminhava com eles em direção a cyber terrorista. Jakob olhou para a irmã mais nova e se manteve na frente dela, a cobrindo parcialmente da visão de Cipher, que sorria sarcasticamente dentro da caixa. Eles eram tolos demais por acharem que aquela caixinha a seguraria por muito tempo.

— Bela operação — Murmurou ela, as mãos nos bolsos da calça enquanto se encostava no vidro. — Vocês me tiraram do avião do Sr. Ninguém em pleno voo, sem nenhum arranhão, e acabaram com ele. — Os olhos dela saíram de Jakob para Otto. — Dinheiro bem gasto. — Era inegável o quanto a mulher era seduzente sem muito esforço.

— Sabe quem eu sou? — Jakob quebrou o breve silêncio.

— Eu sei quem você é. E, você? — A loira debochou e Charlotte tirou a atenção de seu zíper para olhar a cena.

Foi quando Cipher a reconheceu. Ela havia mudado, isso era notório. A mulher a sua frente estava com uma expressão sombria, totalmente mortal, facilmente semelhante a uma leoa pronta para o abate. Os olhos de Cipher a analisaram de cima a baixo, percebendo que seu estilo continuava o mesmo, mas não demorou a perceber que ela a olhava como se nunca a tivesse visto em sua vida. Bom, ela não iria se apresentar.

Charlotte percebeu a análise e se sentiu um pouco desconfortável. Odiava quando as pessoas a olhavam por mais de 10 segundos, achava uma puta falta de educação. Ela podia ter perdido a memória, mas não era uma desmiolada. Percebendo a troca de olhares entre as mulheres, Jakob raspou a garganta, chamando a atenção de Cipher.

— Crescer no leste de Los Angeles não é fácil… — Começou ela, andando pela sua pequena cela. Charlotte a acompanhava com o olhar, assim como Jakob. — Mas foi a sombra de seu irmão que transformou você nisso, não foi? — Cipher virou para Jakob, porém seus olhos estavam em Charlotte, captando o exato momento em que a mulher olhou para o homem à sua frente com confusão.

Jakob nunca mencionou outros irmãos. Ele disse que eram apenas eles e ela acreditou, afinal, não tinha nenhuma lembrança de sua vida para acreditar no contrário. O quão tola ela era? Charlotte segurou todas as perguntas que estavam na ponta de sua língua, mordendo o interior da bochecha para não abrir a boca. O pensamento de que Cipher a conhecia tomou conta de sua mente. Ela conhecia Jakob, quais as chances dela a conhecer também? Charlotte saiu de seus pensamentos com Cipher voltando a falar.

— Então você passou a vida se esforçando para ser mais rápido que o Dom, mais esperto que o Dom, mais forte que o Dom. — A provocação estava surtindo efeito. Jakob sentia seu sangue ferver e se não fosse por aquele vidro à prova de balas, Cipher estaria morta a muito tempo, ele pensaria no projeto Ares depois. — Me diga uma coisa, o ódio que sente por ele é tão grande que nem consegue dormir? — O maxilar de Jakob travou e ele engoliu seco. Aquilo foi o suficiente para Cipher ter sua resposta. — Ainda? Depois de tantos anos? — Ela sussurrou, com falsa surpresa. — Eu deveria ter contratado você em vez de coagir o seu irmão naquela época.

— Eu não trabalho para a concorrência. — Charlotte engoliu a risada com a alfinetada de Jakob.

— Que fofo… Você achar que compete comigo. — Cipher sorriu e se fosse em situações diferentes, Charlotte desconfiaria que os dois estavam flertando um com o outro.

— Disse a mulher presa na caixa. — Jakob devolveu. Ele estendeu a mão para trás e Charlotte lhe entregou a metade da esfera. — Reconhece isso? — Levantou a peça e Cipher perdeu o sorriso. — A outra metade está em um dos milhares de cofres da agência. Quero que descubra qual. Conseguimos o master drive do avião do Sr. Ninguém. O resto do hardware é antigo. Pré-internet, para garantir que não vai hackear nada que a gente não queira.

Cipher pareceu levemente surpresa, mas rapidamente virou a situação. Era engraçado o quão diferentes eram os irmãos Toretto, porém ao mesmo tempo, tão parecidos. Ela desencostou do vidro e caminhou até o teclado antigo no compartimento, com fios o ligando ao monitor fora da caixa.

— Digamos que consiga o que quer. Uma arma tão poderosa que não deveria existir por mais 50 anos. O que faria com ela? — Cipher encarou o Toretto. — Lançaria um ataque global? Venderia para quem pagar mais? Ou talvez… Você se veja como um choque necessário para o sistema. Aposto que, no fundo, você sempre quis um abraço.

Jakob sorriu.

— Leu minha avaliação psicológica. Bom pra você.

— Eu li seu boletim do 2° ano. É o que eu faço. — Ela sussurrou a última parte.

Eles ficaram se encarando por poucos segundos e Cipher tirou as mãos dos bolsos, pegando o teclado. Ela nem mesmo olhou para as teclas enquanto começava a hackear.

— Seu queixo… é bem diferente. — Cipher quebrou o silêncio, olhando para o monitor. — Sei que os Toretto têm sangue misturado, mas nunca identifiquei um traço nórdico. — Ela olhou para Jakob, sorrindo de canto. O sorriso aumentou ao ver o ódio nos olhos azuis dele. Era divertido irritá-lo. Ela quebrou o contato visual e a localização apareceu no monitor.

Edimburgo, Reino Unido. Componente Beta.

— Achar as duas metades do projeto Áries é a parte fácil. Se incluir o seu irmão Dom nisso, você não tem chance. — Sussurrou a última parte, sorrindo com nítido deboche. Sorriso esse que foi retribuído.

— Seguimos com os planos. — Jakob deu as costas pra ela, se afastando da caixa. Charlotte o seguiu com Otto.

— Qasar Khan — Cipher falou e os irmãos Toretto pararam, se virando para ela.

— O quê? — Foi Jakob quem perguntou.

— O irmãozinho de Gengis Khan. — Cipher explicou. Jakob e Charlotte se olharam com confusão, os olhos azuis de Jakob voltando rapidamente para a mulher. — Ele também é desconhecido. — Ela sorriu vitoriosa, vendo Jakob olhar para todos ali presente e voltar a andar pra longe. Charlotte estava pronta para segui-lo, porém parou ao ouvi-la. — Foi bom revê-la, Charlotte.

Como ela sabia seu nome? Charlotte não se virou para mulher, voltando a andar quando se recuperou do choque. Cipher definitivamente a conhecia, não restava dúvidas. A pergunta era se ela estava disposta a responder suas dúvidas. Qual seria o preço a ser pago? E principalmente, Charlotte gostaria de se lembrar?

 Qual seria o preço a ser pago? E principalmente, Charlotte gostaria de se lembrar?

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Me digam aí o que acharam da nova escrita.

Preferem assim ou a forma antiga?

O que acham que vai acontecer?

De sangue - Deckard Shaw (Livro Dois)Where stories live. Discover now