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— Ele é maluco

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— Ele é maluco. — O vi fazer uma curva brusca, me ultrapassando. — Ah, então é assim? Tá bom.

Aquele careca seboso não ganharia nem em mil vidas. Mudei a marcha, pisei no acelerador e fiz a curva logo atrás dele. Estava em sua cola, a polícia já muito longe. Acelerei mais um pouco apenas para dar um empurrãozinho na capota e sorri de canto ao vê-lo me olhar pelo retrovisor. Pelo GPS, vi que faltava 100 metros pra linha de chegada. Era agora ou nunca.

Mudei a marca mais uma vez, puxei o freio de mão e virei o volante com a mão livre. A janela aberta fez meu cabelo voar, mas ainda sim conseguia ver. O carro fez uma curva brusca, eu abaixei o freio e mudei a marcha mais uma vez, acelerando o carro de ré. Coloquei a mão pra fora da janela assim que o ultrapassei, mostrando o dedo do meio e gargalhei quando passei a linha vermelha.

Puxei o freio de mão mais uma vez, parando o carro cantando pneu. Eu sorria, ofegante com a adrenalina. Arrumei o cabelo e sai do carro, gritando animada junto com a multidão, batendo em mãos, abraçando pessoas que nunca vi na vida.

Não que eu me lembre, claro.

Me virei quando ouvi o Maserati parar e gostosão sair dele.

— Eu quase alcancei você — Apontou o dedo pra mim, sorrindo abertamente. Não parecia nem um pouco preocupado de ter perdido seu carro.

Ele queria me ofender? Ele estava conseguindo.

— Quase me alcançou? — Repeti, totalmente ofendida e com óbvia descrença, apontando o dedo pro meu próprio peito. — Nem chegou perto! — A multidão gritou, provavelmente achando que iríamos brigar. Estava quase. Me virei para o grupo mais próximo. — Quase me alcançou? — Perguntei e eles riram. Me virei pra ele que me encarava com diversão. — Pergunte a qualquer corredor de verdade — Indiquei a multidão com o dedo, ouvindo a euforia. — Não importa se você vence por um centímetro ou um quilômetro. Vencer é vencer! — Abri meus braços, a multidão gritando ao nosso redor.

Notei seu sorriso aumentar e estava começando a me questionar se ele era louco, o que poderia explicar a falta de cabelo, porque ele poderia muito bem ter arrancado. Me senti em um enorme déjà vu, mesmo que nada ali me lembrasse algo, porém dentro de mim, eu sabia que aquilo não era a primeira vez que acontecia comigo.

Andei até ele, ignorando totalmente que mesmo de salto alto de 15 centímetros, eu ainda tive que olhar para cima para conseguir encará-lo.

— As chaves do carro, lindinho. — Murmurei, baixo o suficiente apenas para ele ouvir. Estendi a mão, sorrindo de canto enquanto esperava.

Deckard, como ele havia se apresentado, tirou a mão do bolso e colocou as chaves na minha palma, também sorrindo, porém encarando meus lábios ao invés de meus olhos. Eu também me sentia atraída por ele, não podia negar que o careca maluco era gostoso.

Sem me despedir, virei as costas, jogando a chave para a morena que me acompanhava. Ela entrou no Maserati e eu entrei em meu Mustang, nós duas cantando pneu ao sair dali. Olhei pelo retrovisor e vi Deckard nos olhando, o sorriso tinha sumido e ele parecia que mataria qualquer um.

Careca maluco, de fato.
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Deckard saiu de lá antes que atirasse nela. Ele não podia acreditar. Como era possível? Não tinha como, mas ainda assim, ela estava lá.

Margarita estava em Roma a última vez que se falaram a poucos dias, o que ela fazia em Edimburgo? E principalmente, o que ela fazia com Charlotte? Deckard não tinha a resposta para nenhuma dessas perguntas, mas pretendia ter. Seja com ou sem sangue derramado.

Deckard foi até a concessionária mais próxima, comprando uma Bugatti azulada e voltando para o bunker. Ele não falou com ninguém, ignorando as piadinhas irritantes de Roman, os olhares curiosos de Tej e Megan, e principalmente as perguntas de Dominic e Letty. Ele ia atrás de respostas, e pra isso precisava guardar o pouco de paciência que tinha, ou acabaria sendo expulso da equipe antes mesmo de entrar.

Deckard subiu para o topo do bunker, entrando na sala de controle e ligando o monitor. Antes, ele não tinha por onde começar, mas sabendo agora que Margarita está com a sua esposa, sabe que as duas tem uma ligação. Deckard ficou horas naquela sala, entrando em becos sem saídas e saindo em intervalos de cinco minutos para encher sua xícara de chá.

Deckard se viu confuso quando conseguiu hackear um arquivo criptografado. Margarita estava envolvida com algo grande, para ter um arquivo com algoritmo de AES protegendo aquele arquivo. Deckard levaria horas para conseguir revelar aquilo, então logo começou a trabalhar, criando um programa e o deixando trabalhar sozinho.

Deckard saiu daquela sala e desceu, se surpreendendo ao ver Mia e Brian ali. Os dois conversavam com Dominic, poucos metros longe, porém isso não impedia ninguém de ouvir a conversa.

— Hobbs está com as crianças em Los Angeles, não se preocupe. Convencemos ele a ser a babá dessa vez. Ele estava com uma loira lá, devia ser uma namorada nova. — Brian riu e Deckard revirou os olhos.

Ele estava cansado de dizer a Hattie que Hobbs não valia o que comia. E ele comia bastante.

Deckard reparou nos olhos de Mia sendo direcionados a ele. Eles se olharam por alguns segundos, a Toretto do meio indo até ele em passos rápidos. O Shaw esperou xingamentos, esperou rejeição, tudo o que foi negativo passou pela sua cabeça. Mas o que recebeu foi apenas um abraço.

— Obrigada por não desistir dela. — Mia sussurrou em seu ouvido e Deckard fez um esforço para engolir o bolo que se formou em sua garganta.

— Ela é minha vida. Desistir dela é igual a morrer. — Deckard a respondeu, os dois se afastaram para se olharem.

Mia sorriu ao olhar o que antes era o seu inimigo, o irmão do homem que tentou matá-la. Ela estava disposta a perdoá-lo, pela vida de seu sobrinho e pela vida de sua irmã. Deckard já era parte da família, mesmo que ele não soubesse disso.

— Vamos salvá-la e trazê-la pra casa. — Shaw e a Toretto se olharam. Mia sorriu e Deckard retribuiu.

Aquela era uma aliança que seria difícil de ser quebrada. Eram laços de sangue que haviam sido feitos naquela capela no Vaticano. Era uma obra do destino, mesmo que Deckard não acreditasse muito em superstições.

Eles trariam Charlotte para casa. Custe o que custar.

De sangue - Deckard Shaw (Livro Dois)Where stories live. Discover now