Capítulo 1 • Prólogo

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Eu, numa fase da vida cuja juventude efervescia, relacionei-me com uma professora de música da escola. Confesso que na época me sentia o garoto mais sortudo no mundo. Como eu era tolo. Não demorou muito para a vida me enrolar com seus fios contraditórios a duas novas vidas, isto é, presenteando-me com duas filhas gêmeas idênticas. Com sua graça e mistério acreditei ingenuamente que seríamos uma família saudável, com duas lindas garotas sob a benção da saúde.

Até que tudo desmoronou, depois de pouco mais de 5 anos, o laudo médico indicara que a mais nova sofria de distúrbio de esquizofrenia e transtorno de personalidade antissocial, em outras palavras, sociopatia.

Inicialmente, não havia motivo para grande preocupação, afinal seu jeito descontraído, brincalhona, alegre e divertida dizia que estávamos, ou pelo menos eu estava, fazendo um bom trabalho na sua criação. Todavia, só precisamos oferecer-lhe um pouco mais de atenção, consultas regulares a psicólogos e psiquiátricos e alguns medicamentos, especialmente para tratar o primeiro distúrbio diagnosticado. Embora já tivéssemos alguns casos que indicavam esse problema, só precisamos de um único caso para perceber o outro transtorno, que aconteceu 4 anos depois, o qual precisou, quer dizer, me forçou a interná-la.

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A vizinha tinha um husky siberiano aparentemente manso. A gravação do vídeo do seu quintal mostrou Eva pulando a cerca de madeira, procurando o cachorro, persuadindo-o a chegar perto dela, e, oh céus, perfurando seu pescoço com uma faca de cozinha. Admito que comecei a olhar para ela diferente, eu nunca a imaginei tendo tanta força para segurar um cachorro, muito menos fazer essa crueldade.

Um dia depois do ocorrido, minha esposa me abordou com os papéis do processo movido pela vizinha contra nós. - A única opção é alegar algum problema mental - Ela suspirou quando neguei fazer isso com a minha garotinha e retrucou - Ultrapassamos nossas próprias capacidades, Alex. É preciso tratar ela em centros especializados. Sem contar que não podemos arriscar a segurança da nossa outra filha.

Portanto, Ela separou as duas, que, apesar de terem crescido juntas por quase 10 anos, agora, encontram-se separadas por algo que não compreendemos.

Entretanto, tanto eu quanto Eva sabíamos que isso era mais uma forma de finalmente expressar que Karen, minha esposa, tinha a sua preferida entre as duas, Ema. Essa tocava violoncelo, assim como a mãe, além de falar seu grande destaque na escola, e seu enorme desempenho musical, por isso se destacou tanto no grupo musical da escola quanto nos concertos de músicas clássicas internacionais.

Agora, Eva, sendo vista como possível ameaça para sua preciosa jóia, não podia arriscar deixá-las sozinhas.

Eu demorei muito para assinar os papéis da internação depois de ter recebido o segundo diagnóstico do transtorno, o qual exame aconteceu depois do ocorrido. E todo esse tempo que levei, lá estava, minha adorável esposa querendo expulsá-la discretamente da nossa família, usando um eufemismo sarcástico de que Eva, uma criança de 10 anos, era louca.

Apenas AmorWhere stories live. Discover now