Capítulo 8 • Três anos atrás

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- Acho que mereço ir na sorveteria do Groven. Minhas notas são as melhores da escola - Ema balança seu boletim.

- Claro. Por agora, arrume-se e espere lá em cima. - Ela olhou estranho para mim, mas obedeceu.

- Essa tua cara de pau não vai cair se tu oferecer um pouco de carinho para sua filha - Karen disse em pé. Ambas chegaram juntas em casa.

- Senta aqui, quero falar com você sobre a Eva.

- Prefiro ficar de pé, o que é?

Verifiquei se Ema tinha subido e continuei.

- Por que você fez isso?

- Do que você está falando, querido? - Sua falsidade me enjoava.

- Não mente pra mim por favor, eu encontrei o verdadeiro diagnóstico. Por que você falsificou essa merda? - Joguei os papéis na mesa. Eu os encontrei escondidos em um fundo falso da gaveta de roupa íntima.

- Olha como você fala comigo!

- Que exigente pra alguém que acabou com a vida da filha mais nova. Sem contar que isso - Apontei para os papéis - é crime!

- Você não entende o motivo.

- Deixa eu adivinhar: Eu fiz por que foi preciso, se isso escapasse para a mídia, minha filha iria perder a bolsa de música na Europa. - Disse, cuspindo veneno

- Aquela vaca falou que tinha um amigo jornalista. Eu precisava escolher uma das duas. - Ela suspira com raiva? Que ótimo, tá de brincadeira comigo. - O que você queria que eu fizesse? Manter essa família pobre e fudida?

- Era por causa de dinheiro?

- Ela foi a nossa única opção de subir na vida, Alex.

- Eu era isso para você também, Karen?

Ela me olhou de relance e não disse nada.

- Jesus - Minhas têmporas doíam - Por que temos que mantê-la lá? Já se passaram quase quatro anos.

- Não temos, mas eu fiz com que ela só pudesse sair se nós dois quiséssemos. Agora, prefiro deixá-la lá.

- POR QUÊ?!

- Ela pode contaminar a Ema com seu fracasso. Sem contar que ela pode me ferrar se ela sair. Então...

Sentia-me como Dostoiévski, inconformado e com vontade de...

- Eu mesmo posso fazer isso.

- Não, não - Ela riu - Você não teria coragem querido. Você é como um pássaro numa gaiola, se sair, não consegue voar, e vira alimento de outro animal.

Ela se virou e antes de subir a escada, soltou. - Deixa que eu a levo para a sorveteria. Até mais tarde.

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