Capítulo 3 • Consequência

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Sete anos depois, sob o véu escuro da noite, nós dois estávamos contemplando as frequências encantadoras do manto cósmico; os diamantes estelares eram a testemunha de um terrível e incurável sentimento que permeia meu coração por anos.

Um milhão de pensamentos surgem na minha cabeça, todos são uma tentativa fracassada de dissipar essa tensão. Se eu deixasse, o silêncio imperava nela, inclusive nas minhas visitas. Já fazem 12 meses de visitas regulares, e no início disso, eu esperava ressentimentos da parte dela, no entanto, o que vi era uma garota preenchida por um vazio insondável, permanecendo apenas como uma casca do que já fora uma grande garota cheia de sonhos. O meu coração quebrava ao perceber presencialmente a magnitude do estrago que eu causei em sua vida. A cada visita era uma certeza de que não podia resgatá-la, nunca mais.

– Eu tenho uma notícia – Minha voz fraquejou um pouco, mas ao olhar para ela, um pequeno vigor surgiu, preparando-me para qualquer final – Eu consegui sua guarda completa. – Ela continuava olhando para o tapete cósmico brilhante, e uma lembrança dela brota: “Eu ainda vou ser a maior Astrônoma do mundo, me aguarde papai!” – Isso significa que eu consigo te tirar daqui.

Demorou um pouco para reagir, mas ela reagiu, finalmente, depois de meses, ela olhou para mim. Todo esse tempo, embora eu estivesse diante dela, os seus olhos sempre me atravessavam, olhando para além de mim; agora, seus olhos me encontraram. Era simplesmente surreal, apenas como aquilo poderia me tocar, meus olhos encheram de lágrimas, rapidamente, disfarcei.

O destino é algo intrigante. Ele usa-nos, atuando com expressões contraditórias que se maquiam ao longo da vida, apenas para o que está guardado entre linhas possa reverberar em acontecimentos incontroláveis. Jamais imaginei que eu poderia fazer o que fiz, mediante as condições de fraqueza. São nesses momentos que o equilíbrio das relações são postas a prova, e o fardo, que ecoa em poder de controle maior, sempre prevalece, não importando quem seja a outra pessoa afetada. Essa pessoa foi minha filha. Eu cravei no seu pequeno e doce coração cicatrizes irremediáveis.

Eu sabia, é óbvio que eu sabia o quão cruel era colocá-la aqui, até mesmo o quão cruel eu estava sendo para mim mesmo aguentando aquela relação com a Karen. Essa linda garota de cabelos escuros e olhos de mel. Eu fiz ela presenciar o inferno por medos implantados. Não tiro a culpa de mim, muito pelo contrário, esse sentimento me corrói todas as noites.

– Eu já pedi para arrumarem suas coisas, e solicitei a sua alta…

Fui interrompido pela enfermeira que sorriu depois de eu a perceber – Já está na hora de tomar remédio e ir para cama. Vamos? – Ela a ajudou levantar e ambas foram embora.

– Sonhe com as estrelas… – Eu disse inaudivelmente – filha.

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