Capítulo 04

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Ceci💐

Firmo meu olhar com o seu, ele me encara intensamente, como eu nunca imaginaria. Seu olhar me faz querer sumir, enfiar meu rosto em um buraco. Sinto meu corpo formigar e minhas pernas quererem me abandonar, esse homem é uma tentação, senhor!

— Ceci! — Sou interrompida das minhas sensações com Cibele se aproximando de mim. — caralho,  tu vai ficar a vida inteira aí? — Pergunta com humor, começando a me puxar para dentro da multidão.

Balanço a minha cabeça tentando afastar todas aquelas sensações e pensamentos de mim. Agora presto atenção na morena na minha frente, que me puxa para longe.

— A onde estam... — Minha voz
falha miseravelmente, provavelmente ainda pelo efeito dele sobre mim. — A onde estamos indo? — Completo depois de limpar minha garganta. Caralho, ele tinha mais poder no meu corpo do que eu mesma.

— Para a igreja que não é! — Ela diz rindo, parando no meio da multidão.

Olho ao meu redor. Várias pessoas bebendo, se beijando, fumando, e  algumas quase se comendo ao vivo.

— Meu Deus...

Sussurro horrorizada com tudo aquilo. Ou eu que sou um bicho do mato, ou é esse povo que perdeu a noção das coisas né? Isso é quase uma pornografia ao vivo.

— Tá chocada amiga? — Ela pergunta rindo.

Reviro os olhos, e volto minha atenção para a escada, ele não estava mais lá. Suspiro organizando os meus pensamentos, eu não iria passar a noite atrás dele! Definitivamente não.

Cibele me olha estranha, como se tentasse entender o que eu estava pensando, mas sinceramente? Nem eu mesma sabia verdadeiramente o que se passava na minha mente.

Ela joga o cabelo de lado e cruza os braços, levantando uma sobrancelha.

— Aconteceu alguma coisa? — Ela pergunta e eu apenas nego com a cabeça.

— O que a Vanessa disse sobre você vir pro baile? Demorou convencer sua irmã de deixar você vir? — Mudo totalmente o rumo do assunto.

Seu rosto rapidamente se transformou em tédio, com certeza ela teve trabalho de convencer a Vanessa de deixar ela vir.

— Tu sabe como é ne? A Vanessa é chatona cara! Tem síndrome de mãe, sendo que ela não é minha mãe! Foi bem difícil... — Cibele começou a falar descontroladamente, mas não prestei tanta atenção, eu estava ocupada demais procurando por ele.

Assim que meus olhos se encontraram com os seus, eu tive uma surpresa. Trovão estava no camarote me encarando, o que me deixou mais confusa com tudo o que aconteceu. Porra, o que tanto ele me encara?!

Não que eu esteja reclamando, mas é estranho. A gente nunca se falou, mal se viu. Não é como se ele fosse um colega escolar meu que me vê todos os dias ou convive comigo! O roteiro é simples: eu sou uma pré adulta, obcecada por um bandido gostoso que não sabe da minha existência. Mas agora, com ele me encarando tanto, eu me pergunto: o que mudou nesse roteiro que eu não fui informada?

Ele sai do camarote, descendo as escadas  indo em direção a uma entrada, que eu acredito ser o corredor do banheiro. Ele me passa um olhar estranho, o que diabos ele queria dizer com aquilo?

Demorei um pouco para capitar, mas quando eu entendi, uma verdadeira bolha de confusão se formou na minha mente. Ele estava mandando eu ir lá? Coloco as mãos nos quadris, apreensiva. Será que eu entendi certo? Era realmente isso que o trovão queria?

Passei quatro anos da minha vida obcecada nele, acompanhando a vida dele, eu seria capaz de ler o olhar dele corretamente?

— Escuta Cibele, já volto! Não sai
daí. — Cibele me olha confusa, falei que explicaria ela depois, mas espero estar ocupada demais para isso.

Apressadamente caminhei até onde ele estava, quando cheguei lá senti uma mão firme me puxar. Eu entrei em pânico. Porra, era a mão do trovão?

— Que diab.. — Não tive tempo de ficar chocada, porque ele começou a falar.

— O que tu tá fazendo aqui, porra? — Mais uma vez fiquei confusa, sem entender nada. Ele me conhecia? Ele sabia da minha existência? Ou ele me confundiu, e caralhos, por que ele me tratou assim?

Tentei me debater, me afastar dele, eu não estava entendendo nada. Ele me segurou firme contra si, me predendo ao seu corpo. Senti o calor do seu corpo contra o meu, e minhas pernas imediatamente bambearam, se não fosse por seu aperto forte contra o meu corpo eu teria com certeza caído no chão.

— Voc.. Você me conhece? — Perguntei fraca, eu estava perplexa.

Mais uma vez seus olhos se encontraram com os meus, um sorriso cínico lateral tomou conta do seu rosto. Ele não disse nada, apenas manteve seu olhar. Senti que ele me analisava por completo, me deixando ainda mais sensível e confusa, sem conseguir mais uma vez, não entender nada.

— Porra..

Ele murmurou rouco, frustrado. Senti seu aperto sumir de mim bruscamente, me fazendo cambalear para trás e bater as costas na parede do beco estreito. Várias garotas passaram rindo, estavam gargalhando e felizes, provavelmente ao efeito de drogas.

Como eu queria ser uma delas naquele momento..

Trovão se virou contra a parede, encostando sua testa e dando um soco forte contra ela, me fazendo estremecer. O que diabos se passa na mente desse cara?

Cruzei meus braços me encolhendo, abraçando meu próprio corpo. Abaixei a cabeça calada, tentando organizar os meus pensamentos.

— Me responde.. — ele se virou rápido, apontando o dedo na minha cara. — O que caralhos você tá fazendo aqui? — Perguntou rude, se aproximando de mim, me deixando quase sem espaço. 

Nos seus olhos, eu via a escuridão. A verdadeira definição de um olhar demoníaco, senti meu corpo formigar de medo. Meu Deus, isso seria um pesadelo?

— Não é da sua conta! — Falei baixo e firme, com a voz embargada pelo choro que insistia em sair. Eu parecia uma criança inocente, eu não conseguia definir tudo aquilo.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu não tinha o que fazer, meu lado sentimental entrou em erupção, e todos os meus planos foram por água abaixo, estragados por uma situação que eu não sabia o porquêde estar acontecendo.

Por que ele estava bravo? Por que estava sendo cruel e grosso? Porra, o que eu fiz? Qual era o problema desse cara? O que eu devo fazer?

Todas essas perguntas ecoavam na minha mente. Eu não tinha ideia do que era aquilo, e do que eu faria sobre aquilo. Suspirei trêmula, abaixando a cabeça, sentindo uma lágrima escorrer e uma dor no meu peito se formar.

Era meu coração quebrando? Ou era medo? Rancor? Ódio? O que era aquilo? O fim? Ou um começo?

Depois de um tempo eu tive a resposta, era o verdadeiro começo da minha história.

Trovão esfregou a nuca impaciente. Nos seus olhos tinham uma mistura de fúria e angústia. A neblina que se formou na sua alma a 4 anos atrás tinha voltado, e eu não sabia o porquê de tudo aquilo.

Escorreguei da parede até o chão, me encolhendo. Comecei a chorar horrores. Eu queria morrer. E toda a sua presença se foi, e um vazio tomou conta de mim outra vez.

Continua..

E assim termino o capítulo, solto essa bomba no colo de vocês! Vocês que lutem, esse é o começo🥱

Obsessão - MorroWhere stories live. Discover now