Capítulo 10

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📍Rio de Janeiro, Complexo do Alemão. 17:15pm.

Cibele🍒

Entro no restaurante da minha família varrendo o local com o olhar, procurando por Vanessa. Mais cedo foi estranho, Maria Cecília estava muito estranha. Mas por outro lado, quando se trata de trovão, ela tava normal sim. O normal da situação deles é ser estranha pra cacete.

Encosto minha barriga nua na bancada, batendo os meus dedos na pedra de mármore escura. O barulho no local estava tenso, muitas pessoas que acabaram de sair do trabalho, alguns do movimento, que acabaram de trocar de turno. Tudo muito barulhento e agitado.

Eu costumava gostar de tudo isso quando eu era pequena, era especial quando meus pais estavam aqui, era diferente.

Mas agora, agora não. Agora é a mesma merda de sempre. Um bando de moleque drogado pra caralho, que não estuda e fica por aí vendendo droga e correndo risco de vida. Agora, diferente de antes, são adultos cansados, exaustos de trabalhar para dar o que comer aos filhos. Agora é gente reclamona, chata, agora não é mais a mesma coisa de antes, agora é...

— Cibele. — Me assusto com Vanessa me chamando e me despertando de tudo imediatamente.

— Oi.. — Respondo balançando a cabeça, ainda perturbada. Ela me olha com o mesmo olhar que me irrita, o olhar de mãe.

Caralho, ela não é a minha mãe!

— Tá precisando de alguma coisa? Tá com fome? Tá com algum problema lá em casa? — Pergunta preocupada. Namoral, ela quer enganar quem? Ela só se importa com ela mesma.

Bufo irritada, tentando me conter. Eu precisava ajudar a Maria Cecília, e para isso eu iria precisar da Vanessa.

— Tô precisando de uma coisa sim.. — Digo balançando a cabeça e olhando para os lados, tentando afastar o ódio que subiu em mim agora pouco.

— O que é? Pode falar. Tô aqui pra
isso. — Diz colocando a mão por cima da minha em um aperto carinhoso, como um ato de carinho.

Sinto meu corpo vibrar e minha mente se fechar instantaneamente. Mordo o lábio inferior nervosa, que bosta Cibele.  Rapidamente me livro da sua mão, recolhendo a minha disfarçadamente para mim. Seu olhar arredondado e brilhante ainda estava me encarando.

Suspirei fundo.

Ela sabia que eu suportava ela por obrigação, e eu sabia que ela se sentia mal por isso.

Meu corpo queimava com tudo. Minha cabeça se fechou em uma pressão ridícula, e tudo ao meu redor começou a ficar quente. Vanessa me lembrava meus pais, os pais que quase não tive por perto. E aquilo me deixava mal, e ela sabia disso.

Andei até atrás da bancada, puxando minha irmã para dentro da cozinha do restaurante e depois até um canto quieto. Ela me olhou curiosa, ainda mais apreensiva.

— Pelo amor de Deus, que merda tu fez? — Eu revirei os olhos.

— Não é nada sério, só que preciso da sua ajuda para algo. — Ela ficou quieta, esperando que eu continuasse a
falar. — Sabe o cabeça? — Ela murmurou um "Hum" — Então, ele é muito amigo do trovão e...

— Nem precisa terminar, não vou fazer isso. — Porra! Ela nem deixou eu terminar.

Que caralho. Ela não pode fazer um simples favor pra mim? É sério?! Que merda de irmã é essa, hein? Eu sabia, Vanessa só pensa nela, essa é a verdade. Ela não sabe escutar, não sabe entender, não sabe esperar, é tudo na hora dela, do jeito dela!!!

— Deixa eu terminar pelo menos? — Perguntei irritada.

Ela cruzou os braços, e me encarou seriamente.

— Aquele menino é um saco, Cibele. E você sabe muito bem disso. — Falou firme.

— Ele é apaixonado em você! — Afirmei de saco cheio. — Paixão não é doença! Ele é até legal, sim.

Cabeça era simplesmente apaixonado por Vanessa. Mas ela é bem mais velha que ele, e isso é o cúmulo para ela. Mas aquele troço? Ele nem liga. Vive como se a vida fosse na Disney, mas eu admiro isso nele. Ele não tem vergonha de falar que gosta dela, e isso é fofo pra caralho.

Mas porra, ele é chato também. O moleque fica o dia inteiro no direct dela, quando vem aqui, vive dando cantada nela. Manda presentes, posta storys, indiretas, marca ela em bagulho fofo no instagram, etc..

Ele é a definição de enjoado. Disso eu tenho certeza.

— É pra ajudar a Maria Cecília cara. Seria muito importante pra mim se você fizesse isso. Nem vai demorar Vanessa, ele é língua solta pra ti. — Ela balança a cabeça negativamente.

— Não sei.. — Fala insegura. — Ele é muito... — Da um pausa — ...novo. — Completa com um suspiro.

— Ele tem dezoito anos.

Mas tinha dezesseis quando começou a dar em cima dela, o que é caótico. Por partes, não é tanto, já que ela nunca deu bola. Mas por outra, é bem preocupante.

Firmei meu olhar com o seu, um olhar que implorava por ajuda. Ela revirou os olhos colocando a mão no quadril, logo dizendo.

— Porra, o que você precisa que eu faça?! — Sorri muito feliz, ela iria me ajudar.

Suspirei aliviada quando expliquei toda a situação para ela. Se a gente não descobrir o porquê do Trovão ter falado tudo aquilo para Ceci aquele dia, a gente não descobre nunca mais.

Continua...


Falei que eu ia aparecer, e apareci! Minha proposta de postar capítulos a semana inteira está de , agora resta vocês me ajudarem compartilhando e comentando muito. Enfim, amo vocês leitores do meu coração!💕

Beijocas amores!😘

Obsessão - MorroWhere stories live. Discover now