Capítulo 14

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📍Rio de Janeiro, complexo do alemão. 14:13pm.

Ceci💐

Não consigo andar sem me sentir vigiada ou seguida, parece coisa da minha cabeça, mas é a mais pura verdade. É irônico sentir medo agora, eu deveria ter sentido medo muito tempo atrás, para ser sincera. Porra, trovão é um bandido, um bandido frio e calculista.

E eu sou tão burra, meu Deus! Como não percebi isso antes? A ingenuidade que me cercava me deixou cega, cega para enxergar o que estava escancarado. Mas não vou aumentar tanto, talvez nem seja tudo isso, não é como se eu fosse uma joia rara para ser tão vigiada. Talvez uma olhada aqui e ali, uma ordem para me vigiarem cá e lá.

Na realidade não consigo acreditar, é muito surreal para ser sincera. Ele me vigia, ele me conhece como eu conheço ele, talvez até mais profundamente. A coisa mais improvável da minha vida foi isso, uma verdadeira verdade bombástica, que me deixou mais uma vez, sem rumo.

— Pensando no que nega? — Cibele pergunta se aproximando de mim, me entregando uma latinha de guaraná com um canudo.

— Você sabe.. — Falo receosa, me referindo a situação com o trovão.

— É, eu sei. — Ela completa. — Não pensa muito nisso gata — Diz — Vai ficar louca se pensar muito. — Eu já estou louca.

Fiquei quieta, dando um leve sorriso em resposta. Mexo no canudo dentro da lata, fazendo círculos no líquido gelado. O morro estava calmo, quente, como sempre. Vanessa estava descabelada aqui no restaurante, atrás do balcão fazendo mil contas. Fim de mês é só correria, pra ela e pra todo mundo que é CLT.

A minha vida escolar anda mal, não estou tão frequente nas aulas e isso me preocupa. O último ano é um ano decisivo e importante, meu futuro depende dele. Hoje mais uma vez eu faltei, ainda abalada pela notícia de ontem, fiquei realmente muito chocada e sem reação. Não tem muito o que dizer.

— Precisamos colocar a matéria em
dia. — Cibele falou, quebrando a tensão e o silêncio que havia nos cercado a pouco. Ela tem razão, precisamos urgentemente colocar a matéria em dia.

Eu concordei com ela sem falar muita coisa, procurei evitar falar, ainda estava sem muita reação e raciocínio sobre o que dizer. Tudo aquilo me confundia e me deixava confusa, e o silêncio nesses momentos era a minha maior arma.

Cabeça e JP entram no restaurante envolvidos em uma conversa, fazendo meu cérebro se despertar. Nunca conversei com nenhum dos dois, Cibele foi a que mais teve contato, mesmo não tendo quase nenhum. Os dois são estranhos, assim como todo o resto dos caras do tráfico. JP é o gerente da boca e braço direito do trovão. É o faz tudo dele. Já o cabeça não é muita coisa não, é novinho, quase não tem crédito com o patrão.

Mas pra falar a real eles são bastante apegados uns nos outros. Quando a Priscila morreu, os dois ajudaram o trovão com tudo. Cabeça era bem novinho, quem mais ajudou na realidade foi o JP mesmo. Mas o cabeça não deixou de ser prestativo, e é por isso que ele tá aqui hoje. Acho interessante a relação deles, uma relação diferente. É como se os três fossem irmãos e o cabeça fosse o caçula.

Ver os dois sem o trovão me faz ficar aliviada, não quero ver ele tão cedo. Estou com medo, e não sei como vou reagir quando eu ver ele depois do que descobri. Então o quanto mais longe estivermos por enquanto, melhor.

Mas parece que hoje definitivamente não é o meu dia. Como um karma, trovão entra pela entrada do restaurante. Seu perfume masculino se mistura com o frio na minha barriga, me causando uma vontade imensa de desaparecer. Meu Deus, como pode ser tão lindo e cheiroso?

O olhar de Cibele se encontra com o meu automaticamente, e vejo no seu rosto o esforço para segurar um pequeno sorriso lateral que insiste em aparecer. Essa desgraçada gosta do mal feito, puta que pariu.

Trovão me olha por sua visão periférica. Antes eu poderia até não notar, mas agora, depois de tudo, eu tenho a certeza que ele me olhou sim.

As coisas parecem tão mais claras agora. Tudo parece se revelar verdadeiramente, como um clarão em uma noite escura de tempestade. Meus dedos dos pés e das mãos gelam, e eu fico imediatamente nervosa. Olho para minha amiga desesperada, eu queria fugir daqui. Isso tomou uma proporção tão grande, que me assusta.

A morena na minha frente me passa um olhar confiante. Ela me conhece, sabe que o desespero está estampado no meu rosto. Trovão se senta na mesa dos seus amigos, o cabeça olha sem graça p
ra ele notando que eu também estava no mesmo ambiente que eles, será que ele contou pro trovão que falou tudo pra Vanessa?

— Cibele quero vazar daqui, pelo amor de Deus! — Falei desesperada me levantando fazendo com que a cadeira de madeira faça um barulho ensurdecedor, chamando atenção de várias pessoas ao redor de mim, inclusive do trovão e  de seus amigos.

Meu rosto queima de vergonha. De repente nossos olhares se cruzam, e tudo ao meu redor fica quente, meu rosto esquenta e minha orelha queima, fazendo meu coração acelerar. Um zumbido enjoado no ouvido me faz querer vomitar. Trovão me olha sério, o que me faz ter vontade de enfiar minha cara em um buraco e nunca mais sair de lá.

Cibele puxa meu braço para que eu me sentasse novamente, e assim faço. Me sento extremamente sem graça e sem rumo nenhum.

— Tá vendo? — Cibele chama minha atenção com um tom firme de repreensão. Eu abaixo a cabeça como uma criança.

— Desculpa. — Falo baixo com um nó na garganta, super sem graça.

Ainda sinto um olhar penetrante queimar em mim, e percebo que trovão ainda me olha. Ele fez questão de mudar de lugar só para me encarar. Porra, antes ele nem olhava na minha cara, e agora saporra quer encarar até o fundo da minha alma?!

Não retribuo o olhar, apenas me mantenho da mesma forma em que eu estava assim que Cibele me puxou para sentar de volta. Não vou me mexer, não vou olhar, vou me fingir de cega.

Continua...


Esse foi disparado o capítulo mais lixo de toda a fanfic! Vários erros ortográficos e cenas mal trabalhadas!🤦🏻‍♀️

Sinto muito amores! Agradeço se não desistirem de mim logo aqui.

Obsessão - MorroWhere stories live. Discover now