141 - Bem vindos a mansão Malfoy

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Eu não tive uma madrugada tranquila

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Eu não tive uma madrugada tranquila. A memória da dor e da tristeza ainda pairava no ar, como uma névoa pesada que se recusava a se dissipar. E havia aquele brilho verde, que eu não conseguia deixar de acreditar ser uma maldição da morte, um sinal sombrio que ecoava em minha mente como um presságio sinistro.

Mas o que mais me perturbava era a certeza de que não havia sido um sonho. Nunca tive um sonho tão realista quanto aquele. As emoções que senti não eram minhas: o orgulho, a frieza, o amor incondicional paternalista, mas totalmente estranhas e inesperadas. Era como se eu tivesse vivido uma vida alheia, uma experiência que não pertencia ao meu ser, mas que agora parecia ter se tornado parte de mim.

A sensação era de desorientação, como se eu estivesse caminhando por um labirinto sem saída, onde cada passo me levava mais longe da realidade que eu conhecia. E, no entanto, havia uma fascinação mórbida em querer entender, em querer desvendar o mistério daquela noite, daquela visão que parecia ter me marcado de forma indelével.

Também acredito que papai não se emocionaria à toa. Havia uma tristeza profunda e uma raiva contida em suas emoções, como se ele estivesse lutando contra uma tempestade interna que ameaçava engoli-lo a qualquer momento. A magia que ele usou para me fazer dormir foi suave e tranquila, como sempre, mas, desta vez, não trouxe o consolo habitual. Em vez disso, pareceu apenas uma cortina tênue que não conseguiu encobrir a realidade. E eu me lembro de tudo o que aconteceu, cada detalhe, cada palavra, cada gesto.

Isso me faz acreditar que o que papai viu o deixou realmente desestabilizado, a ponto de esquecer de apagar a minha memória. Era como se ele estivesse tão absorvido pelo que havia visto que não conseguiu se lembrar de proteger a minha mente. E agora, eu estava aqui, carregando o peso de uma lembrança que não era minha, mas que parecia ter se tornado parte de mim. A sensação era de estar caminhando em um terreno desconhecido, onde cada passo revelava um novo mistério, uma nova dúvida. E eu não podia deixar de me perguntar: o que papai viu que o deixou tão abalado?

Sim, papai sempre apaga minhas memórias, um hábito que se tornou tão familiar quanto a sombra que me segue. Ele faz isso quando acha que eu não devo saber de algo, como se pudesse proteger-me do mundo escondendo a verdade atrás de uma cortina de esquecimento. Mas eu sempre sinto o vazio, a sensação de que algo está faltando, como um buraco silencioso que ecoa em minha mente. É um sentimento estranho, como se eu estivesse tentando lembrar de algo que nunca aconteceu, mas que, de alguma forma, faz parte de mim.

Papai acredita que está fazendo isso pelo meu bem, que está me protegendo de verdades que poderiam me machucar. Mas, no fundo, ele está enganando a si mesmo. Ele está com medo da verdade, do que eu vou pensar, do que eu vou descobrir. A mentira que ele guarda parece estar se tornando grande demais até para ele mesmo, como uma sombra que cresce e se espalha, ameaçando engolir tudo. E eu começo a suspeitar que ele não é o único que está escondendo segredos. Talvez eu também esteja escondendo verdades de mim mesma, verdades que só esperam ser descobertas. E a pergunta que ecoa em minha mente é: até quando ele conseguirá manter essa farsa? Até quando eu conseguirei viver na ignorância?

𝐕𝐨𝐭𝐨 𝐏𝐞𝐫𝐩𝐞𝐭𝐮𝐨 (𝐕𝐨𝐥.𝟎𝟏)Where stories live. Discover now