A brisa do vento bateu suave em um pequeno barco de madeira. O céu, um véu dourado com feixes de luzes sobre as ondas. A figura embarcada olhou para baixo e suas roupas estavam secas. Confuso, buscou ao redor, tentando entender onde estava.
— Arthur?
Ele virou-se, e em suas costas viu Sr. Antônio, em uma postura relaxada e serena remando.
— Vô?
— Está tudo bem, filho?
— Eu... Eu não...
— Não? Achei que estivesse animado com nosso passeio...
— ... Eu não estou entendendo. — Ele tocou na borda do barco — O que é isso? Não era para eu estar...
— Não era para você ter estado em muitos lugares, Arthur. Mas você está aqui agora, e isso é o que importa.
O jovem marinheiro balançou a cabeça freneticamente, — Não, não. Eu estava em outro lugar agora mesmo!
— Eu sei. — Antônio falou calmamente — Parece que você viveu muitos anos em pouquíssimo tempo.
— Vô... Eu literalmente vivi anos em pouquíssimo tempo. Em outro tempo, parece que eu envelheci sem realmente viver. Não sei se vai me entender.
— É claro que entendo — Antônio inclinou a cabeça, interessado. — Do que você se lembra?
— Eu me lembro... de uma sala inundada. Tinha um homem... ele estava tentando me afogar. Mas quem estava se afogando não era exatamente eu. — Arthur se sentia perturbado.
— Você acha que... — Antônio fez uma pequena pausa enquanto escolhia o que falar. — Você acha que essa outra pessoa...
— Sérgio Mendes — Arthur corrigiu.
— Certo. Você acha que Sérgio Mendes está em perigo?
Arthur acenou afirmativamente, incapaz de verbalizar, mas Antônio o fez.
— Parece que você está carregando um fardo pesado.
— Eu... eu... vô. Eu não... — O jovem abaixou a cabeça — Está... tudo dando errado. Eu quero... voltar para casa.
As ondas começaram a se agitar, o céu a ficar escuro, coberto por nuvens prateadas. O barco iniciou um balanço mais violento sobre as águas.
— Hey, hey, Arthur. Olha para mim.
O garoto ergueu os olhos, vermelhos, para encontrar o rosto calmo de seu avô.
— Não se perca na sua tempestade.
— Eu não aguento mais isso. — Ele cobriu a cara com uma mão — de-esculpa... droga! Eu nem sei se o senhor é real, se isso é outra época, ou se... — ele olhou para o cenário sombrio que se formou ao redor — É muito ruim se sentir perdido.
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O relógio de areia
Teen Fiction"O Relógio de Areia" é uma obra de fantasia dramática que conta, de forma linear, a história de Arthur Menezes, um protagonista que cresceu aprendendo a viver da pesca e da carpintaria naval em uma cidade pequena e culturalmente rica. Embora Arthur...