02| Boulevard of Broken Dream

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- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende.

Clarice Lispector



Pete.


[Bar da yok, Bangkok, 19:30 da noite, 01/04/2024 ]


Se Deus existe, talvez ele esteja rindo da minha cara agora. Se minha vida fosse um filme, seria uma mistura de Jogos Vorazes com um romance do século XX: intenso, complexo e dramático. Ou dá errado, ou dá tudo errado. Ok, talvez eu esteja exagerando, mas se você conseguir se atrasar, derrubar bebida no cliente, levar um soco e perder o emprego no intervalo de 4 horas, talvez entenda o que estou sentindo. Agora estou juntando minhas coisas junto ao Porsche, talvez a única pessoa que vê graça em tudo que me aconteceu nas últimas horas.


- Desculpa, amigo. - Diz Porsche tentando falar sério.


- Você só está rindo porque não é você, mas que isso é engraçado eu tenho que concordar. - Digo, abaixo a cabeça rindo junto de Porsche agora.


- Toma. - Diz meu amigo, me entregando um saco com gelo.


- Você não parece estar muito triste por perder seu emprego. - Meu amigo afirma depois de me olhar com uma cara meio desconfiada.


- Não estou triste por ter sido demitido, não é como se eu não tivesse como arrumar outro. - Digo, com a voz neutra. De fato, isso não me incomoda, bem considerando tudo que já me aconteceu, isso é tipo a melhor coisa do ano, não tenho motivo para ficar triste, apenas sei que isso não podia ter acontecido. Eu só queria uma vida simples, sem toda a porcaria que eu tive que viver.


- Isso me deixa ofendido. - Porsche fala, fingindo estar incomodado com minha fala.


- Vai à merda Porsche. - Falei rindo.

- Mas você tem razão, isso aqui não me deixa triste, talvez só o soco, porém eu já ia me demitir mesmo, agora pelo menos vou ganhar dinheiro saindo daqui. - Digo, rindo.


- Como se você precisasse de dinheiro, mas bem que eu queria ter essa sua frieza, o mundo cai nas suas costas e você está como se tivesse gostando. - Ele diz, com um sorriso malicioso.


- É, eu gosto de ser fodido. - Digo em tom de deboche. - Eu vou indo para casa, se você quiser eu te espero. - Completei dizendo ao Porsche.


- Masoquista do caralho. Me espera, falta pouco tempo para terminar meu turno, e a gente tem muita o que conversar. - O moreno falou com uma cara de desaprovação, e eu apenas acenei rindo, indo em direção à sala do chefe.


Eu realmente fui demitido, e não, isso não importa. O Porsche tem razão quando falou isso, ele me conhece bem. O Porsche é meu amigo há mais de 3 anos, mas parece até que a gente nasceu junto. Ele é o clássico homem moreno, meio bronzeado, que chama atenção, tanto na aparência quanto na personalidade. Quando a gente se conheceu, Che estava sem grana, e eu precisava de um lugar para ficar, já que ninguém aceita uma pessoa sem precedentes para alugar uma casa, então desde então tem sido eu, Porsche e Porchay, o seu irmão mais novo.

Revenge termsWhere stories live. Discover now