A cozinheira

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FINALMENTE!!!! Depois de muito choro e ranger de dentes eu estou entregando os dois últimos capítulos de "Três Desejos" - este aqui e o epílogo. Foi uma LONGA jornada, cansativa e desafiadora, porque a dinâmica desses personagens talvez tenha sido a mais complexa de trabalhar - e recebi alguns retornos de vocês, guardando no coração. 

Saio de "Três Desejos" muito inquieta e desafiada. Acho que era isso que eu precisava: um chamado, uma pulguinha atrás da orelha, para começar um novo desafio. Muito obrigada de verdade pelos comentários e leituras e vamos ao capítulo!

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- O que você está fazendo aqui?

O sorriso de Ramón era aberto, vivo, de orelha a orelha.

- Só queria te ver uma última vez. Não vou fazer visitas a bandidos e assassinos na prisão.

Ramón exalava alegria ao ver o ex-amigo na prisão. As coisas poderiam ser diferentes para todos, mas Pietro lidou com os dilemas pela morte de Cassandra da pior forma possível. Ele simplesmente transformou a mágoa em ódio, e envolveu o filho em todo aquele conflito.

"Carlos Falcão também não é inocente. Ele é um abusador, um estuprador em série."

Pietro se encontrava envelhecido, cansado, mas não deixou a situação em que se encontrava o demover de uma postura ereta, altiva, diante de Ramón Martínez.

- Deve estar feliz, apreciando a minha derrota. Você sabe que podia ter sido você também aqui, nesta posição, mas sempre se arvorou de ser mais controlado e frio.

- Não, pelo contrário. Nunca fiz essa linha, sempre fui o mais impulsivo dos três. Fui capaz de excessos, mas nunca cheguei ao extremo de planejar um crime dessa magnitude. Toda raiva que me consumiu me fez ir embora, me afastar de tudo e todos. Algo de que me arrependo hoje, mas precisava fazer isso naquela época. Só que deveria ter voltado antes, mais cedo. Podia ter sido uma boa influência para Stéfano e os rapazes que Estêvão acolheu, em busca de redenção por seus erros. As coisas teriam sido diferentes até para minha vida, já que meu irmão teria conquistado rapidamente a mulher que eu amo.

- Também está enchendo a boca e dizendo que o seu grande amor é Marieta. Ela sabe quem é você de verdade, um egoísta, um homem que deixou tudo para trás porque não conseguiu lidar com...

- E você mandou matar Estêvão. Você ultrapassou todos os limites, de qualquer coisa, de como lidar com o luto, de como superar as dificuldades, de como lidar com o rancor. E sim, Marieta sabe de tudo, não escondo nada dela. – sorriu, erguendo o rosto, enquanto Pietro franziu o cenho. Não podia acreditar que ele realmente conquistou Marieta, que os dois estavam juntos! – É assim que se constrói uma relação. Não posso esconder a verdade da mulher que eu amo e com quem irei me casar, ter uma velhice digna e tranquila. Porque afinal de contas, - Ramón abriu os braços. - passarei o crepúsculo de minha existência numa linda mansão, infinitamente maior do que esse cemitério de vivos onde você vai perecer vivo.

- Você nunca vai ser feliz. Todos nós seremos infelizes porque nós decepcionamos a memória de Cassandra.

- Você fez isso. Você se casou com outra mulher porque ela era parecida com Sandra e duvido que em algum momento tenha comentado com ela sobre essa semelhança. Eu, pelo contrário, libertei meu coração e deixei que ela finalmente descansasse. Porque era isso que Sandra queria. Se um dia nós tivéssemos a oportunidade de encontrar alguém que amássemos, a gente amaria incondicionalmente. Agora, não posso nem deixar o convite porque você não vai ter como prestigiar o casamento. Adeus, Pietro.

Ramón deu as costas ao ex-amigo e foi embora, sabendo que depois daquele momento jamais o veria outra vez. Não que ele em algum instante fosse voltar a prisão para conversar com o outro empresário, mas o que se passava na mente de Ramón era algo simples e sombrio: muito provável que Pietro jamais sairia vivo da cadeia.

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