Capítulo 17

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Minha chefe fica furiosa quando Gustavo avisa que vou acompanhá-lo em sua viagem às sucursais. Luan se sente aliviado por não ser ele. Minha chefe tenta convencer Gustavo de mil maneiras a não me levar junto com ele. Argumenta, por exemplo, que não tenho experiência e estou há pouco tempo na empresa, mas acaba desistindo. Gustavo é quem manda, e ela tem de acatar. Bem feito!
Ligo para meu pai na quarta-feira e explico que vou adiar minhas férias por causa da viagem. Ele aceita numa boa e me incentiva a fazer um bom trabalho. Se ele soubesse o que está por trás dessa história, me trancaria bem trancada para me impedir de sair. Minha irmã, ao contrário, fica irritada comigo. Para ela, estar longe de Madri por várias semanas é uma falta de consideração da minha parte. Com quem ela vai desabafar?
Na quinta-feira, Gustavo passa para me buscar com seu motorista às seis da manhã. Viajamos em seu jatinho particular, e eu fico chocada com tanto luxo. Acho que acabamos de sair da cidade. Olho para tudo com tanta curiosidade que tenho a impressão de que Gustavo está se esforçando para não rir.
Quando chegamos a Barcelona, um carro nos pega no aeroporto de Prat e nos leva ao hotel Arts. Que vida dura! É só o melhor da cidade! Nos hospedamos no último andar em duas suítes. Ele cumpriu sua promessa: quartos separados. Quando a porta se fecha atrás de mim e eu me vejo no meio daquele cômodo imenso, olho a meu redor. Tudo é grande, espaçoso. E o melhor de tudo: há uns janelões que me permitem apreciar o mar. Animada com o luxo que me cerca, largo minha mala e me aproximo da janela. Incrível!
Após curtir a paisagem por alguns minutos, começo a bisbilhotar e a mexer nas coisas. Abro o frigobar e vejo chocolate. Devoro alguns. Quando descubro a parte do quarto onde fica a cama, não contenho meu espanto. É maravilhosa! Janelões que dão para o mar, e roupa de cama violeta combinando com um divã lindo. A cama é enorme e eu me jogo nela. Como é macia! O banheiro é outra maravilha. Madeira clara e uma banheira rodeada de espelhos. Uau!
Quando saio do banheiro, o telefone toca. É Gustavo.
— E aí, gostou da suíte?
— Adorei. Enorme. Cinco vezes maior que a minha casa — brinco.
Escuto seu riso do outro lado da linha.
— Em meia hora te espero na recepção — avisa. — Não esquece os documentos.
Chego à recepção pontualmente e vejo Gustavo conversando com uma mulher. Alta, glamorosa e morena. Moreníssima. Quando ele me vê, faz sinal para que me junte a eles e nos apresenta uma à outra:
— Kemelly, esta é minha secretária, a senhorita Castela.
A tal Kemlly me olha de cima a baixo e isso me deixa intrigada, mas, num gesto de profissionalismo, apertamos as mãos e Gustavo acrescenta em alemão:
— Senhorita Castela, a senhorita Garcia veio de Berlim. Ela vai passar uns dias conosco. Kemelly é a encarregada de verificar se podemos lançar nosso medicamento no Reino Unido.
Sorri enquanto a morena de pernas compridas concorda com a cabeça. Mas percebo algo estranho em seu olhar. Não sei o que é, mas não me agrada. Um homem se aproxima e nos informa que nosso carro nos espera lá fora. Caminhamos os três até uma enorme limusine preta. Gustavo senta ao lado da mulher e se esquece de mim. Fico inquieta. Mas o que mais me incomoda é perceber que entre eles houve ou há alguma coisa. Os olhares da loura revelam isso. De qualquer forma, como sou muito profissional, mantenho a compostura enquanto olho pela janela e tento pensar em outra coisa. Quando chegamos aos escritórios centrais de Barcelona, somos recebidos pelo chefe da sucursal, Xavi Dumas. Assim que me vê, sorri para mim e logo cumprimenta o chefão e Kemelly.
— Oi, Ana Flávia — dirige-se a mim, em seguida. — Que bom te ver de novo!
— Digo o mesmo, senhor Dumas.
Em seguida, sua secretária Julia me cumprimenta.
— Ana, por que não me disse que viria?
— Porque até ontem eu não sabia que precisaria vir — respondo e lhe dou um abraço.
Com expressão divertida, Julia observa Gustavo e logo me olha com malícia.
— Com o chefão alemão... Está podendo, hein?!
Nós duas rimos, mas logo nos dirigimos até uma salinha que ela nos indica.
Instantes depois, vários diretores, entre eles Gustavo e Kemelly, entram nessa parte do escritório. É uma sala retangular com painéis escuros e uma parede de vidro que dá para uma mata. No centro da sala há uma mesa comprida com várias cadeiras e, num dos lados, várias mesinhas menores. Sento numa dessas mesinhas, e Gustavo presidirá a reunião bem na minha frente. Seu olhar implacável me faz lembrar o apelido que Luan colocou nele: Iceman. A lembrança me faz sorrir.
A reunião começa e Julia, avisada por seu chefe, levanta do meu lado e senta na mesa maior. Seu chefe quer que ela traduza para a tal Kemelly tudo o que ele for dizendo. Presto atenção ao que eles dizem e observo que Julia é uma ótima tradutora. Mas ocorre algo que me surpreende. Em dado momento, o senhor Dumas menciona o pai de Gustavo e este, muito sério, mas também muito educadamente, lhe pede que não volte a citá-lo. O que será que houve entre o pai e o filho? Uma hora depois, no meio da reunião, recebo uma mensagem no meu notebook.

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