Capítulo 52

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Os dias passam e não volto a perguntar quem era aquela mulher. Na quarta-feira à tarde, meu pai me liga. Minha irmã já fez fofoca com ele, dizendo que voltei com Gustavo, e ele diz que está feliz por mim. De coração.
Na quinta, quando chego ao trabalho, estranho ao ver Luan juntando suas coisas.
— O que você está fazendo?
— Juntando minhas coisas.
— Por quê?
Luan suspira e dá de ombros.
— Não renovaram meu contrato e, gentilmente, me informaram que hoje é meu último dia de trabalho.
Olho para ele perplexa. E por que será que minha chefe não renovou o contrato? Não consigo ficar quieta.
— Como assim, cara? Que história é essa de não renovarem o contrato? Você já falou com o senhor Mioto?
— Não. Pra quê? Ele não vai com a minha cara, você sabe.
— Mas... mas você tem que falar com ele — insisto. — Luan, lá fora o desemprego está altíssimo e a Universal atualmente é sua única opção.
— E?
Vejo um movimento na sala da minha chefe e pergunto:
— E com a chefe, você falou? Você e ela se dão muito bem e...
— Foi ela mesma quem disse que não renovariam o contrato — responde Luan.
Isso me deixa furiosa. Como essa bruxa não pode renovar o contrato se ela é sua amante?
E, sem conseguir mais não mencionar o segredo que guardo há meses, cochicho para ele:
— E você não vai fazer nada pra que ela mude de opinião? — Luan olha para mim e continuo: — Olha só, Luan, não sou boba, sei que rola uma historinha entre vocês. Além disso, uma vez eu estava no arquivo enquanto vocês se pegavam na sala dela.
Meu colega fica com uma cara de espanto.
— Porra! Você sabia?
— Sabia. E por isso não entendo por que ela não faz nada pra conseguir a renovação do teu contrato.
Luan se apoia na mesa.
— Olha, Ana Flávia, a única coisa que eu posso te dizer é que já faz um mês que eu e sua chefe não temos nada. Ela foi atrás de outro. Buttini, o vigia.
— Buttini?
— É.
— Mas ele é um menino...
— Pois é, linda. Você já sabe que a chefe gosta dos mais novinhos.
Fico desconcertada, e Luan acrescenta:
— Olha, Ana Flávia. Não se envolva com nenhum chefe, porque, quando ele se cansar de você, vai te chutar e buscar outra.
Seu comentário me atinge em cheio. Se ele soubesse...
Nesse momento olho na direção da sala de Gustavo e vejo que está ao telefone. Tenho que falar com ele. Luan é um bom funcionário e merece que renovem seu contrato.
— Vou falar com o senhor Mioto.
— Está louca?
— Deixa isso por minha conta, está bem?
Luan dá de ombros, senta-se à sua mesa e continua arrumando suas coisas enquanto me dirijo à sala de Gustavo e bato na porta. Quando entro, Gustavo já desligou o telefone e agora examina uns documentos.
— O que deseja, senhorita Castela?
Sem deixar de interpretar meu papel, vou direto ao ponto:
— Senhor Mioto, por que o senhor não renovou o contrato do seu secretário?
Gustavo me olha surpreso.
— Do que a senhorita está falando?
— Luan está arrumando tudo dele já. Minha chefe informou que não renovariam o contrato.
Está tão admirado quanto eu.
— Se sua chefe decidiu não renovar, ela deve ter os motivos dela, não acha?
— Mas ele é o seu secretário... — insisto.
O homem por quem estou apaixonada me olha.
— Ele nunca teve a minha simpatia e a senhorita sabe disso — replica. — O fato de ele e sua chefe ocuparem as horas do expediente em outra coisa que não o próprio trabalho é algo de que não gosto nem um pouco. Seu profissionalismo pra mim ficou totalmente comprometido.
Fico perplexa, olhando para ele, mas Gustavo segue com seu discurso:
— E, antes que a senhorita solte alguma de suas pérolas, senhorita Castela, deixe-me lembrá-la de que essas coisas eu só permito a mim mesmo na empresa, entendido?
Mais chocada ainda, respondo:
— Isso é abuso de poder.
— Exatamente. Mas aqui o chefe sou eu.
Sua resposta me deixa sem palavras.
— Senhorita Castela, o que veio me pedir?
Eu o provoco com o olhar e contesto:
— Que não o demitam. Encontrar um trabalho hoje em dia está muito difícil.
Gustavo me olha... me olha... me olha e finalmente diz:
— Sinto muito, senhorita Castela, mas não posso fazer nada.
Ouço uma porta, olho para trás e vejo minha chefe saindo da sua sala. Passa na frente de Luan e nem lhe dirige o olhar. A raiva me corrói e cochicho para que ninguém nos escute:
— Como você não pode fazer nada? Você é o chefe, merda! Essa idiota, pra não dizer coisa pior, foi procurar outro amante e por isso está demitindo Luan. Pelo amor de Deus, Gustavo... faz alguma coisa! Pode realocá-lo na empresa. Ele foi o secretário do seu pai por muito tempo e o seu também, por mais que você não goste muito dele.
— Você se importa tanto assim com Luan?
Sua pergunta faz meu sangue ferver.
— Não me importo nesse sentido que você imagina, então não comece a pensar bobagem senão vou ficar zangada de verdade. Só estou te dizendo que Luan é um cara jovem que sem este trabalho vai passar fome. Ele, assim como você, tem seus gastos, precisa de um teto e comida pra sobreviver e... e... Meu Deeeeus! É tão difícil entender isso que estou dizendo?
A expressão de Gustavo não muda, mas, ao coçar o queixo, ele murmura:
— Já te disse alguma vez que você fica linda quando está nervosa?
— Gustavo!
— Tudo bem — suspira. — Vou falar com o RH. O contrato dele vai ser renovado, mas pedirei que o transfiram a outro departamento. Não quero vê-lo aqui, entendido?
— Obrigaaaaaaada!
Quero pular de alegria, mas me contenho. Sei que Gustavo obrigará o RH a renovar o contrato.
— A propósito, senhorita Castela, quando precisam renovar o contrato da senhorita?
— Em janeiro.
Gustavo se apoia na sua poltrona, me olha de alto a baixo e murmura:
— Veja como se comporta, porque, caso eu descubra que a senhorita está fazendo algo parecido com o que fez seu colega, no arquivo ou qualquer outro lugar da empresa, vai pro olho da
rua.
Devo ter feito uma cara ridícula. Gustavo sorri com malícia.
— Algo mais?
— Não... bem, sim. — Ele ergue a sobrancelha e eu murmuro: — O senhor fica muito lindo quando sorri.
Ele ri, e, achando graça, dou meia-volta e saio. Me sento na minha sala e cinco minutos depois toca o telefone da mesa de Luan. É do RH, para avisá-lo de que seu contrato será renovado e ele será transferido de departamento.

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Continua......☆

O próximo capítulo.....

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