Capítulo 21

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Quando tudo acaba, Kemelly, Gustavo e eu nos dirigimos até a limusine que nos espera e, sem dar tempo a Gustavo para me humilhar de novo, me sento logo ao lado do motorista.
Nem vem!
Eu os ouço falar. Inclusive escuto Kemelly cochichando e rindo como uma galinha. Ouço o que falam e fico morrendo de raiva. Não gostaria de me sentir assim. Só de olhar para Kemelly já dá para saber o que ela procura. Cadela!
Imagino que vão fechar os ambientes da limusine, mas desta vez Gustavo não dá essa ordem. Quer que eu fique a par de toda a conversa. Fala em alemão, e ouvi-lo me deixa agitada. Me provoca.
Ao chegar ao hotel, a limusine para. Abro minha porta, desço. Desejo com todas as minhas forças perder de vista Gustavo e essa imbecil, mas espero educadamente que meu chefe e sua acompanhante desçam do carro. Depois me despeço e vou embora. Quase corro até o elevador e, quando as portas se fecham, suspiro aliviada. Enfim, sozinha! O dia foi horrível e quero desaparecer. Quando chego à suíte, jogo a pasta no lindo sofá. Ligo o som. Solto o cabelo, tiro o blazer e ponho a blusa para fora da saia. Preciso de um banho.
Então ouço batidas na porta. Minha mente me diz que é ele. Olho ao redor. Não tenho escapatória, a menos que me jogue do topo do prédio e morra espatifada em pleno asfalto. Que desgosto para o meu pobre pai! Nem pensar! Decido ignorar as batidas. Não quero abrir, mas a pessoa do outro lado insiste. Cansada, finalmente abro a porta e qual não é minha surpresa quando vejo Kemelly na minha frente. Me olha de cima a baixo.
— Posso entrar? — pergunta em alemão.
— Claro, senhorita Garcia — respondo também em seu idioma.
A mulher entra. Fecho a porta e me viro.
— Você vai ficar por aqui no fim de semana, como fez em Barcelona? — pergunta, antes que eu possa dizer qualquer coisa.
Faço o que Gustavo costuma fazer. Contraio a expressão do meu rosto. Penso... penso e penso e por fim respondo:
— Vou.
Minha resposta a deixa irritada. Passa as mãos pelo cabelo e depois as coloca na cintura.
— Se sua intenção é ficar com ele, pode esquecer. Ele vai estar comigo.
Enrugo a testa, como se ela falasse chinês e eu não entendesse nada.
— Do que está falando, senhorita Garcia?
— Você e eu sabemos muito bem do que estou falando. Não se faça de desentendida. Vai me dizer que você não é uma espanhola sem um tostão furado que vê em Gustavo uma oportunidade?
Fico boquiaberta pelo que ela acaba de dizer. Pisco os olhos e deixo cair a máscara que carrego dentro de mim.
— Olha, querida, você está se confundindo comigo. E, se você continua por esse caminho, vai ter problemas, porque eu não sou de ficar de bico calado, não. Portanto, cuidado com o que diz, senão vai ter que passar por cima de uma espanhola sem um tostão furado.
Kemelly se afasta um passo de mim. Deve ter levado a sério minha advertência.
— Acho que o mais inteligente da sua parte seria se afastar dele acrescenta. — Eu própria vou me encarregar de tudo o que Gustavo precisar. Eu o conheço muito bem e sei como satisfazer suas vontades.
Aperto os punhos. Tão forte que acabo cravando as unhas neles. Mas estou consciente de que não posso agir como gostaria. Então conto até vinte, porque até dez não é suficiente, ando até a porta e a abro.
— Kemelly — digo, com toda a gentileza de que sou capaz —, saia já do meu quarto porque, se continuar aqui, algo terrível vai acontecer.
Quando ela vai embora, bato com a porta enquanto solto os maiores palavrões. Tiro os sapatos e os atiro com fúria no sofá. Que ódio!
Minha indignação me enlouquece. Gustavo estava me usando para colocar ciúmes naquela boneca inflável. Xingo tudo e todos e dou um chute na poltrona chique. Como fui tão imbecil? Sem querer pensar em mais nada, tiro meu notebook da pasta, até que meu celular apita. Recebo uma mensagem. Gustavo.
“Venha ao meu quarto.”
Ler isso me deixa ainda mais irritada. Sempre me considerei uma bonequinha em seus braços, mas neste momento me dou conta de que sou uma boneca idiota. Digito com raiva:
Vai à merda.”
A resposta chega rápido.
Ao fim de alguns segundos, ouço o barulho de uma porta se abrindo e, bem na minha frente, aparece Gustavo sem camisa, com cara de chateado e a chave na mão. Sem dizer nada, aproxima-se de onde estou sentada, me pega pelo braço, me levanta e me beija. Me beija de forma tão profunda, que sinto sua língua na entrada da minha garganta. Tento não corresponder. Me nego. Mas meu corpo me trai. Meu corpo o deseja. É incontrolável. E, instantes depois, sou eu quem o beija em busca de mais. Com urgência leva suas mãos ao botão traseiro da minha saia, e nos chocamos contra a parede. Sem salto alto eu sou muito pequena a seu lado. Sempre gostei disso, assim como ele gosta de sentir sua superioridade. Com sua perna ele separa as minhas, enquanto uma de suas mãos chega em baixo da minha blusa e desliza pelo meu ventre. Fecho os olhos e me deixo levar. Deixo que ele continue. Sem tirar minha saia, sua mão continua o caminho até que se enfia por dentro da minha calcinha e me toca até chegar ao clitóris. Me estimula. Me excita. Com seus dedos, sua experiência e minha lubrificação, ele me massageia e me inflama. Meu clitóris se incha e eu solto um gemido. Respiro ofegante. Enlouqueço e me esfrego contra ele ao sentir aquela invasão, até que, com sua mão livre, me dá um tapinha. Isso me excita mais ainda. Me deixa louca e, instantes depois, ele desabotoa a própria calça, tira a mão do meu sexo e me puxa até me levar ao centro do quarto. Fixa seus olhos em mim e murmura enquanto aproxima seus lábios dos meus:
— Pequena, você não faz ideia do quanto eu te desejo.
Abaixa o zíper da minha saia, e ela cai no chão. Agacha-se, encosta o nariz na minha calcinha e aspira. Dá uma leve mordidinha no meu púbis e eu respiro ofegante. Suas mãos possessivas me tocam e me acariciam. Sobem por minhas pernas e seguram a borda da minha calcinha. Ele a retira. Estou nua outra vez da cintura para baixo na frente dele e não falo nada. Não ofereço a menor resistência. Me deixo levar enquanto ele me estimula, me possui e me enlouquece.
Levanta-se. Me empurra até o encosto do sofá, me vira de bruços e me faz recostar ali. Meus braços e minha cabeça caem, enquanto meu traseiro continua totalmente exposto a ele. Por alguns segundos eu curto as mordiscadas que ele dá na minha bunda e sinto suas mãos invasoras sobre mim. De novo um tapa. Desta vez mais forte. Me arde. Mas a ardência diminui quando sinto Gustavo se apertar contra mim e seu pênis torturante me avisar de que vai me fazer sua. Abre minhas pernas, enquanto com uma das mãos aprisiona minha barriga sobre o encosto do sofá para que eu não me mexa. Com a outra mão pega seu pênis ereto e passeia desde minha vagina quente até meu ânus e vice-versa. Brinca entre minhas pernas, encharcando-me ainda mais.
— Vou te foder, Ana. Hoje você está me deixando louco e eu vou te foder do jeito que fiquei o dia inteiro imaginando.
Ouvir isso me sufoca. Aguça todos os meus sentidos e eu adoro isso. Percebo que curvo meu traseiro disposta a recebê-lo. Me sinto como uma cadela no cio em busca de alívio. Gustavo deixa seu corpo cair sobre o meu. Morde meu ombro, depois minhas costas, e eu me contorço. Estou encharcada, pronta e molhada para recebê-lo. Meu corpo implora. Gustavo me penetra de uma vez só e exige:
— Preciso te ouvir gemendo. Agora!
Sem conseguir evitar, um gemido ruidoso sai da minha boca. Sua ordem me deixa mais excitada. Suas mãos exigentes me agarram pela cintura e me apertam contra ele até que estou completamente possuída. Grito. Me contorço. Vou explodir. Sai de mim uns centímetros, mas entra de novo várias vezes, me preenchendo com uma série de movimentos rápidos e fortes que me fazem gritar. Sinto seus testículos encostando na minha vagina a cada movimento e, quando seu dedo toca meu clitóris e o pressiona, eu grito de novo. Grito de prazer.
A cada estocada sinto que ele me rasga. Isso me excita e eu me abro ainda mais para que continue me rasgando e me faça totalmente sua. Fazemos sem preservativo, e sentir o contato suave e rugoso de sua pele estimula minha excitação. A dureza de suas palavras e sua vontade de me comer me enlouquecem de uma forma selvagem. Minha vagina se contrai a cada investida e sinto como ela o absorve, o atrai, o deixa completamente rendido. Escuto sua respiração agitada em minha orelha e os ruídos calientes de nossos corpos se chocando, uma vez, outra vez... uma vez, outra vez. São viciantes.
Calor.
Estou morrendo de calor.
Uma quentura me sobe pelos pés e invade meu corpo todo. Quando chega à minha cabeça, explode e eu explodo junto. Grito. Me contorço e sinto convulsões, ao mesmo tempo que percebo fluidos escorrendo pelas minhas pernas. Tento me soltar. Mas Gustavo não deixa. Continua me penetrando enquanto meu orgasmo devastador nos enlouquece. Meu corpo, esgotado de tanto prazer, se contorce e, após uma investida potente que me encaixa ainda mais no encosto da poltrona, Gustavo sai de dentro de mim, apoia a cabeça em minhas costas e, depois de um grunhido forte e viril, sinto algo escorrendo em meu traseiro. Ele goza em cima de mim.
Por alguns segundos, permanecemos nessa posição. Ele em cima de mim. Nas minhas costas. Nossos corações acelerados precisam voltar a seu ritmo normal antes que possamos dizer qualquer coisa, enquanto no som do quarto está tocando Garota de Ipanema.
Quando Gustavo se ergue e me solta, eu faço o mesmo. Vestida só de blusa, eu olho para ele, e ele sorri satisfeito enquanto abotoa a calça. Acabamos de fazer um sexo selvagem, e ele gosta disso. Eu sei. Meu sangue ferve. Estou indignada. Sem conseguir me conter, minha mão me escapa e eu acabo lhe dando uma bofetada ruidosa.
— Sai daqui — exijo. — É o meu quarto.
Não fala nada. Apenas me encara. Seus olhos, que há poucos minutos sorriam, agora estão frios. Iceman voltou e em sua pior versão. Incapaz de permanecer calada diante dele, depois do que acabo de fazer, grito:
— Quem você pensa que é para entrar no meu quarto?
Não responde e eu grito de novo:
— Quem você pensa que é para me tratar desse jeito? Acho... acho que você se enganou comigo. Não sou sua puta...
— O quê?!
— O que você ouviu, Gustavo — insisto, enquanto vejo o desconcerto em seus olhos. — Eu não sou sua puta para que você entre aqui e me coma sempre que te dá vontade. Para isso você tem a Kemelly. A maravilhosa senhorita Garcia, que está disposta a continuar fazendo tudo o que você quiser. Quando você pretendia me contar que está ficando com ela? O que está acontecendo? Já estava planejando uma orgia entre nós três sem me consultar?
Não responde.
Apenas me encara, e vejo raiva, fogo e desconcerto em seu olhar. Sua respiração é ritmada e profunda. Quero que ele vá embora. Quero que suma do meu quarto, antes que a víbora que há dentro de mim acabe ressurgindo e dizendo coisas piores. Mas Gustavo não se move. Tudo o que faz é me olhar, até que me dá as costas e sai. Quando a porta se fecha, levo minha mão à boca e, sem querer, começo a chorar. Dez minutos depois, tomo um banho. Preciso tirar o cheiro que está na minha pele.
E, quando saio do chuveiro, algo está bem claro para mim. Preciso ir embora daqui. Abro o notebook e reservo uma passagem de volta para Madri. Às onze da noite estou sentada dentro de um avião enquanto repasso mentalmente o bilhete que deixei em cima da cama e que tenho certeza de que Gustavo lerá.


Senhor Mioto:
Voltarei no domingo à noite para continuar nosso trabalho. Se o senhor resolveu me demitir, por favor me avise para me poupar a viagem.
Atenciosamente,
Ana Flávia Castela

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Continua... ☆

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