𝟎𝟎𝟏.

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𝟐 𝐘𝐄𝐀𝐑𝐒 𝐋𝐀𝐓𝐄𝐑

Hillary, pegue as coisas do seu irmão enquanto estamos tirando as malas do carro. — Ordenou minha mãe.

Manguei dela em silêncio.

— Que droga — Suspirei.

Imã — O pequeno veio devagarinho até mim, segurando seu boneco de plástico — Quelo água.

Espera aí, Tom. — Revirei os olhos — Agora não.

Mas eu quelo agola! — Bateu seu pé no chão — Eu vou contar para a mamãe!

Tá, vai em frente. — Dei de ombros.

Tom foi correndo até a nossa mãe reclamar que eu não havia pegado sua garrafinha de água. Sinceramente, aquele garoto conseguia ser bem chato às vezes. Não demorou muito para minha mãe gritar do outro lado do carro.

— Hill, pegue a garrafinha de água dele! Ele está com sede.

Bufei e procurei sua garrafinha em meio a aquele tanto de coisas. Tom veio correndo em minha direção.

— Aqui, toma — Estendi a garrafa.

Obligado, imã — E saiu correndo.

Dei um pequeno sorrisinho. Eu não conseguia ficar irritada com ele por muito tempo. Andei com algumas sacolas e as coisas do meu irmãozinho até a porta de entrada da nossa casa. Se a eu de dois anos atrás visse isso, ela diria que estava super-hiper-mega feliz de voltar para casa, mas em minhas situações atuais, voltar para lá era meio esquisito.

Depois de passar praticamente dois anos inteiros fazendo um tratamento no hospital, eu já não me sentia muito à vontade em qualquer lugar. Eu podia dizer que era uma garota bem peculiar e esquisita quando era menor, mas agora eu estava ainda mais esquisita.

Depois da temporada que passei naquele hospital, meu comportamento mudou completamente e eu podia dizer que amadureci muito mais, pelo menos esse era meu ponto de vista.

O engraçado de pisar dentro daquela antiga casa em que eu costumava morar, era que quando fiz isso, um frio na barriga correu rapidamente por mim. Eu não esperava aquele tipo de reação, até porque me fechei para muitas coisas e não sentia tantas saudades de casa assim.

Examinei a sala e a cozinha, aquele lugar onde tudo aconteceu. Desviei meu olhar e me direcionei até a escada, subindo para avaliar como meu quarto estava. Abri a porta dele lentamente e percebi que tudo estava arrumado, do mesmo jeito de antes. Aquele quarto não combinava mais comigo, definitivamente.

Empurrei minhas malas para dentro de meu quarto e me sentei em cima da cama. Escutei meu celular vibrando e fui checar quem era. Uma notificação da enfermeira Emma apareceu em minha tela. A enfermeira Emma era uma mulher que fiz amizade nesses meus dois anos no hospital.

Ela ficava responsável por mim, e nos dias em que eu demorava mais no hospital e meus pais ficavam ocupados trabalhando, ela fazia questão de conversar comigo e fazer meus dias melhorarem um tanto.

Respondi a breve mensagem de Emma, que perguntava se eu já havia chegado em casa. Depois, larguei meu celular e me deitei, olhando para o teto.

𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒, walker scobell.Where stories live. Discover now