Não consigo descrever a reação de Walker ao me ver, muito menos a minha ao ver ele. Só consigo dizer que Walker continuou parado por longos segundos, que mais me pareceram minutos sem fim, me observando.— Hillary? — Se aproximou de mim — Você está...
— Diferente? É, eu sei. — Desviei meu olhar do dele, sem jeito.
— Você está bem? — Perguntou, preocupado — O tratamento fez efeito?
— Para com isso, Walker — Sussurrei — Eu estou bem.
— Você não me disse que tinha voltado. — Sussurrou também, para que Heather não ouvisse.
— A gente não se fala há dois anos, Walker. — Retruquei.
Walker ficou sem argumentos para completar. Antes que pudéssemos continuar a nossa conversa, uma professora de meia idade entrou pela porta da sala, fazendo todos os alunos caminharem para seus lugares.
*
Fiz questão de passar o intervalo todo trancada no banheiro para que Walker ou qualquer outra pessoa que eu não queria ver me encontrasse. Já estávamos em casa e eu (obviamente) estava no meu quarto, refletindo sobre o dia de hoje.
Primeiro Heather, e aí depois Walker? Ainda teve o fato de que Heather e Walker se abraçaram como se...
Apaguei esses pensamentos ridículos de minha cabeça. E se eles realmente estivessem namorando, não seria da minha conta. Depois de tudo o que eu fiz com Walker, seria mais do que justo ele fazer pior.
Ouvi batidas na porta de meu quarto, logo depois, minha mãe abriu a porta, segurando a garrafinha de água de Tom.
— O que foi? — Perguntei, me levantando da cama.
— Eu vim avisar que os Scobell vem jantar aqui — Falou — É melhor você começar a se arrumar.
De novo essa bosta de jantar? Eu já tinha muita coisa que me deixou surpresa no dia de hoje, e eu não estava mais a fim de reclamar. Eu já havia me acostumado com o mundo conspirando contra mim e não esperava nada de diferente.
Minha mãe percebeu minha cara de tacho e logo usou o argumento:
— A Heather quer te ver, filha.
— Tá. — Andei até meu guarda-roupa — Tudo bem.
Mamãe soltou um suspiro e por fim, fechou a porta de meu quarto.
*
Estava tentando manter Tom comportado em cima do sofá já que as visitas já estavam para chegar.
— Tom, para de pular no sofá! — Segurei-o pelo braço — Fica quieto por pelo menos um minuto.
— Eu quelo sair daqui! — Bateu seus pés — Por que a gente tem 'ti ficar aqui?
— Porque sim, Tom. — Me recostei no sofá — A mamãe mandou. Você gosta de obedecer a mamãe, não é?
Ele assentiu.
— Não pode desobedecer, é ruim.
— Isso mesmo — Dei tapinhas em sua cabecinha — Não pode desobedecer.
Logo após cinco minutos, escutamos batidas na porta. Minha mãe ajeitou o terno de meu pai.
— São eles, ajam educadamente! — Correu até a porta para atende-los.
Revirei meus olhos. Acho que de todas as pessoas, a minha vida era a mais difícil na face da terra. Era como se eu estivesse em alguma fanfic ou novela mexicana, ou qualquer coisa do tipo.
— Oh, olá gente! — Abriu a boca em choque — Meu Deus, como vocês estão crescidos!
Levantamos para cumprimenta-los. Como sempre, Leena era a única que me sentia confortável para cumprimentar normalmente.
— Que menininho lindo! — Os olhos de Heather brilharam ao ver Tom — Nossa, Tom. Você é realmente muito parecido com sua mãe. Prazer, sou a tia Heather.
As bochechas de Tom coraram e ele saiu correndo. Dei uma pequena risadinha com aquele gesto fofinho. Heather andou até mim, me trazendo uma sensação de desconforto.
— Querida, você está linda. — Sorriu docemente — Você está melhor? Eu orei muito por você.
— Obrigada — Tentei sorrir, mas prefiro nem dizer o que acabou saindo — Eu estou bem, e obrigada pelas orações.
— Walker sentiu muito a sua falta, sabe disso, não sabe? — Acariciou meus cabelos.
Tia Heather era sempre tão gentil... Mas pra que aquele tipo de comentário?
— Eu sei. — Assenti, já ficando sem graça.
— Você não se importaria de falar com ele, não é?
Aquilo já estava passando dos limites. Ou eu já estava chegando no meu limite.
— Tudo bem. — Dei um passo para trás.
— Ele com certeza vai querer falar com você, não me leve a mal. Você não sabe o quanto ele...
— Eu já entendi que ele se preocupou, mas não sei se ele vai realmente querer falar comigo.
— Ele vai, querida. Ele vai.
Por fim, dei um sorriso forçado para ela e saí de perto. Já começou assim? Cumprimentei Tanner e Pete, até que chegou a vez de Walker.
— Hillary — Falou.
— Walker. — Fechei minha expressão.
Ele estendeu sua mão. Demorei um tempo para aperta-la de volta.
— Você está diferente. — Sorriu, sem graça.
Por aquele comentário, tive a obrigação de analisá-lo para fazer uma observação sobre ele também, mas quanto mais eu o olhava, mais corada eu ficava. Mas que droga é essa? Fechei a expressão novamente e desviei o olhar.
— É, eu sei. Você também está. — Falei.
Ficamos ali parados como dois tontos por mais alguns segundos, até que Tom se aproximou de nós dois.
— Imã — Me segurou pelo braço — Ele é seu namolado?
Engasguei com minha própria saliva. Walker franziu seu cenho.
— O que? — Me soltei de Tom — Está ficando doido, Tom? O que pensa que está falando? É claro que ele não é meu namorado!
Ele soltou algumas gargalhadas de criança e saiu correndo. Aquela pestinha.
— Só... Ignora isso, tá? — Me virei para Walker, sem jeito — Eu tenho que ir. Vou ajudar minha mãe a pôr os pratos.
Saí correndo dali sem mais delongas. E como vocês podem ver, o jantar já começou maravilhoso.
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𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒, walker scobell.
Fanfiction𝐀𝐏𝐎́𝐒 dois anos na Inglaterra concluindo seu tratamento, Hillary finalmente se cura de sua doença e resolve voltar com sua família para sua cidade de nascença. 𝐂𝐎𝐌 tudo o que aconteceu, Hillary não pôde evitar de obter mudanças em sua person...