𝟎𝟎𝟐.

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Não consigo descrever a reação de Walker ao me ver, muito menos a minha ao ver ele. Só consigo dizer que Walker continuou parado por longos segundos, que mais me pareceram minutos sem fim, me observando.

— Hillary? — Se aproximou de mim — Você está...

— Diferente? É, eu sei. — Desviei meu olhar do dele, sem jeito.

— Você está bem? — Perguntou, preocupado — O tratamento fez efeito?

— Para com isso, Walker — Sussurrei — Eu estou bem.

— Você não me disse que tinha voltado. — Sussurrou também, para que Heather não ouvisse.

— A gente não se fala há dois anos, Walker. — Retruquei.

Walker ficou sem argumentos para completar. Antes que pudéssemos continuar a nossa conversa, uma professora de meia idade entrou pela porta da sala, fazendo todos os alunos caminharem para seus lugares.

*

Fiz questão de passar o intervalo todo trancada no banheiro para que Walker ou qualquer outra pessoa que eu não queria ver me encontrasse. Já estávamos em casa e eu (obviamente) estava no meu quarto, refletindo sobre o dia de hoje.

Primeiro Heather, e aí depois Walker? Ainda teve o fato de que Heather e Walker se abraçaram como se...

Apaguei esses pensamentos ridículos de minha cabeça. E se eles realmente estivessem namorando, não seria da minha conta. Depois de tudo o que eu fiz com Walker, seria mais do que justo ele fazer pior.

Ouvi batidas na porta de meu quarto, logo depois, minha mãe abriu a porta, segurando a garrafinha de água de Tom.

— O que foi? — Perguntei, me levantando da cama.

— Eu vim avisar que os Scobell vem jantar aqui — Falou — É melhor você começar a se arrumar.

De novo essa bosta de jantar? Eu já tinha muita coisa que me deixou surpresa no dia de hoje, e eu não estava mais a fim de reclamar. Eu já havia me acostumado com o mundo conspirando contra mim e não esperava nada de diferente.

Minha mãe percebeu minha cara de tacho e logo usou o argumento:

— A Heather quer te ver, filha.

— Tá. — Andei até meu guarda-roupa — Tudo bem.

Mamãe soltou um suspiro e por fim, fechou a porta de meu quarto.

*

Estava tentando manter Tom comportado em cima do sofá já que as visitas já estavam para chegar.

— Tom, para de pular no sofá! — Segurei-o pelo braço — Fica quieto por pelo menos um minuto.

Eu quelo sair daqui! — Bateu seus pés — Por que a gente tem 'ti ficar aqui?

Porque sim, Tom. — Me recostei no sofá — A mamãe mandou. Você gosta de obedecer a mamãe, não é?

Ele assentiu.

Não pode desobedecer, é ruim.

Isso mesmo — Dei tapinhas em sua cabecinha — Não pode desobedecer.

Logo após cinco minutos, escutamos batidas na porta. Minha mãe ajeitou o terno de meu pai.

— São eles, ajam educadamente! — Correu até a porta para atende-los.

Revirei meus olhos. Acho que de todas as pessoas, a minha vida era a mais difícil na face da terra. Era como se eu estivesse em alguma fanfic ou novela mexicana, ou qualquer coisa do tipo.

— Oh, olá gente! — Abriu a boca em choque — Meu Deus, como vocês estão crescidos!

Levantamos para cumprimenta-los. Como sempre, Leena era a única que me sentia confortável para cumprimentar normalmente.

— Que menininho lindo! — Os olhos de Heather brilharam ao ver Tom — Nossa, Tom. Você é realmente muito parecido com sua mãe. Prazer, sou a tia Heather.

As bochechas de Tom coraram e ele saiu correndo. Dei uma pequena risadinha com aquele gesto fofinho. Heather andou até mim, me trazendo uma sensação de desconforto.

— Querida, você está linda. — Sorriu docemente — Você está melhor? Eu orei muito por você.

— Obrigada — Tentei sorrir, mas prefiro nem dizer o que acabou saindo — Eu estou bem, e obrigada pelas orações.

— Walker sentiu muito a sua falta, sabe disso, não sabe? — Acariciou meus cabelos.

Tia Heather era sempre tão gentil... Mas pra que aquele tipo de comentário?

— Eu sei. — Assenti, já ficando sem graça.

— Você não se importaria de falar com ele, não é?

Aquilo já estava passando dos limites. Ou eu já estava chegando no meu limite.

— Tudo bem. — Dei um passo para trás.

— Ele com certeza vai querer falar com você, não me leve a mal. Você não sabe o quanto ele...

— Eu já entendi que ele se preocupou, mas não sei se ele vai realmente querer falar comigo.

— Ele vai, querida. Ele vai.

Por fim, dei um sorriso forçado para ela e saí de perto. Já começou assim? Cumprimentei Tanner e Pete, até que chegou a vez de Walker.

— Hillary — Falou.

— Walker. — Fechei minha expressão.

Ele estendeu sua mão. Demorei um tempo para aperta-la de volta.

— Você está diferente. — Sorriu, sem graça.

Por aquele comentário, tive a obrigação de analisá-lo para fazer uma observação sobre ele também, mas quanto mais eu o olhava, mais corada eu ficava. Mas que droga é essa? Fechei a expressão novamente e desviei o olhar.

— É, eu sei. Você também está. — Falei.

Ficamos ali parados como dois tontos por mais alguns segundos, até que Tom se aproximou de nós dois.

Imã — Me segurou pelo braço — Ele é seu namolado?

Engasguei com minha própria saliva. Walker franziu seu cenho.

— O que? — Me soltei de Tom — Está ficando doido, Tom? O que pensa que está falando? É claro que ele não é meu namorado!

Ele soltou algumas gargalhadas de criança e saiu correndo. Aquela pestinha.

— Só... Ignora isso, tá? — Me virei para Walker, sem jeito — Eu tenho que ir. Vou ajudar minha mãe a pôr os pratos.

Saí correndo dali sem mais delongas. E como vocês podem ver, o jantar já começou maravilhoso.

𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒, walker scobell.Where stories live. Discover now