𝟎𝟎𝟕.

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Li e reli a mensagem umas trocentas vezes seguidas. Aquele " Hill, eu queria te mostrar um lugar. Você aceitaria sair comigo? " Parecia mais um pedido para um encontro, e eu realmente não sabia o que responder. Primeiro que eu não poderia deixar Tom sozinho em casa, então claramente eu não poderia ir, mas segundo, eu não poderia negar... A minha vontade de ir era imensa.

Felizmente (ou infelizmente, quem sabe) meus pais chegaram bem na hora da dúvida mais cruel da minha vida. Desci as escadas correndo e avistei meus pais abraçando Tom.

— Oi mãe, oi pai — Os cumprimentei — Será que eu poderia sair hoje?

Minha mãe franziu o cenho.

– Sair? Sair para onde? —Perguntou.

— Contanto que não seja com um garoto, está ótimo — Meu pai falou, carregando Tom nos braços.

— Então... — Cocei minha nuca — Ah, quer saber? Deixa pra lá, eu...

— Não, filha! — Mamãe me interrompeu — Fale para onde você gostaria de sair.

— Ah, não. Não era nada demais. Era só o Walker que estava me chamando pra...

— Ó Walker? — Papai arqueou uma sobrancelha — Um garoto?

— E desde quando você tem problemas com garotos, pai? — Perguntei.

— William, pare com isso, é só o Walker! — Mamãe reclamou e andou até mim — Filha, se você quiser, pode ir.

— Não, mãe, é sério! Pode esquecer, não era nada importante e...

Subitamente, ouvimos uma buzina do lado de fora.

— Está esperando por alguém? — Papai questionou.

— Já tinha marcado com o Walker?

— Eu não estou esperando por ninguém, eu não sei vocês... — Falei.

Fomos até a janela para ver quem estava lá. Era um carro branco, bem bonito por sinal. O vidro se abriu lentamente e... Walker?

—É o Walker ali mesmo? — Mamãe falou, estreitamente os olhos.

— Meu Deus, é ele mesmo! — Papai falou.

— Ele já está dirigindo? Na verdade, o Walker cresceu muito!

— Ei, senhora Campbell e senhor Campbell! — Walker esclareceu o vidro — A Hillary está?!

— Está sim! — Mamãe concentrada de volta — Um minuto!

Ela se virou para trás e olhou para mim.

— O Walker está te chamando, querido. Vai lá!

— Eu... Você tem certeza disso?

— Mas é claro! — Mamãe praticamente me empurrou até a porta — Vai lá e veja o que ele quer.

Praticamente fui obrigado, apesar de também estar interessado em saber o que exatamente Walker queria. Caminhei até o carro de Walker e me aproximei da janela.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei.

— Não está óbvio? — Franziu o cenho.

— Não. — Respondi.

— Você não leu minha mensagem?

— Li, mas...

— Você não quer vir comigo?

Engoli em seco.

— Não era pra eu aceitar primeiro para você vir aqui? — Cruzei os braços.

— Quero ter certeza.

— Está gastando gasolina, sabe disso, não sabe?

— Eu não me importo.

— Eu não sabia que você dirigia. — Comentei.

- Logotipo da resposta, Hill. Você quer ou não quer?

Olhei para trás, vendo meus pais pertinho da janela. Até meu irmão tinha se juntado, mas que merda era aquela?

— Tá, eu aceito. — Dei de ombros — Mas é só porque não vou aguentar ficar mais um minuto sequer com meu irmão.

Ele destravou a porta do carro e eu me senti no banco da frente.

- Eu sou um! — Tom falou da janela — Aonde você está indo?

Pra longe de você e nunca mais vou voltar! — Ironizei, até Walker dar partida no carro.



*


Você odeia seu irmão? Walker disse, com as mãos no volante.

Eu olhei para a vista distraída, que acabei de nem prestar atenção direito na pergunta.

Hã? Perguntei, me sentindo uma tonta.

Eu perguntei se você odeia seu irmão. Repetiu.

— Ah, não. — Suspirei — Eu não odeio ele. Muito pelo contrário.

— Você percebeu que assustou ele quando disse que nunca mais voltaria, não percebeu? — Perguntou.

— Percebi, e esse foi meu propósito. — Dei de ombros — Coisas de irmãos.

— É, sei bem como é.

Olhei através da janela e continuei observando a paisagem. Então, resolvi perguntar:

— Para onde você vai me levar?

— Já estamos chegando — Avisou — Não sei quando começou a confiar tanto em mim assim.

— Nem eu. — Confessei.

— Eu podia estar te sequestrando, sabia? — Se virou para mim.

— Se concentra na estrada — Falei, fazendo-o virar a cabeça de volta para o painel — Se estivesse mesmo me sequestrando, não iria querer receber um golpe meu.

— Eu achei que você estivesse fraca.

Percebi o tom irônico na sua frase.

— Emocionalmente, fisicamente não. — Sorri, convencida.

𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒, walker scobell.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora