𝑪𝑯𝑨𝑷𝑻𝑬𝑹 𝟐𝟒

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Meu pesadelo começou assim

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Meu pesadelo começou assim.

Eu estava numa rua deserta em alguma cidadezinha à beira-mar, no meio da noite. Havia uma tempestade. O vento e a chuva açoitavam as palmeiras ao longo da calçada. Edifícios de estuque cor-de-rosa e amarelo se enfileiravam na rua, as janelas fechadas com tábuas. A um quarteirão dali, depois de uma carreira de hibiscos, o mar estava revolto.

Flórida, pensei. Embora não tivesse certeza de como sabia isso. Eu nunca estivera na Flórida.

Então ouvi cascos chapinhando no calçamento. Virei e vi meu amigo Grover correndo para salvar sua vida.

Sim, eu disse cascos.

Grover é um sátiro. Da cintura para cima, parece um adolescente comum e desengonçado, com uma barbicha igual a penugem de pêssego e um problema sério de acne. Ele caminha mancando de um jeito estranho, mas, a não ser que você por acaso o pegue sem calça (coisa que não recomendo), jamais saberá que existe algo de não humano nele. Jeans folgados e pés falsos disfarçam o fato de que ele tem cascos e um traseiro peludo.

Grover foi meu melhor amigo no sexto ano. Junto com três meninas: Olivia, a amigável; Annabeth, a inteligente; e por fim Diane, a lutadora. Tinham me acompanhado naquela aventura para salvar o mundo, mas eu não o via desde o último mês de julho, quando ele partira sozinho em uma perigosa missão - uma missão da qual nenhum sátiro jamais voltara.

De qualquer modo, em meu sonho, Grover corria, segurando seus sapatos humanos nas mãos como costuma fazer quando precisa se mover depressa. Passou batendo os cascos pelas pequenas lojas de suvenir e de aluguel de pranchas de surfe. O vento dobrava as palmeiras quase até o chão.

Grover estava aterrorizado com algo que vinha atrás dele. Devia ter acabado de vir da praia. A areia molhada se prendia em torrões ao seu pelo. Tinha escapado de algum lugar. Estava tentando fugir de... alguma coisa.

Um rugido de fazer os ossos tremerem atravessou a tempestade. Atrás de Grover, do outro lado do quarteirão, surgiu uma figura sombria. Ela derrubou um poste de iluminação com um golpe violento. A lâmpada explodiu em um milhão de fagulhas.

Grover cambaleou, choramingando de medo. Murmurou para si mesmo: "Preciso escapar. Preciso avisá-los!"

Não pude ver o que o perseguia, mas ouvi a coisa resmungando e praguejando. O chão estremeceu quando ela se aproximou. Grover se lançou em uma esquina e vacilou. Tinha entrado em um pátio sem saída cheio de lojas. Não havia tempo para voltar. A porta mais próxima fora arrombada pela tempestade.

A placa acima da vitrine escura dizia: BUTIQUE NUPCIAL DE STO. AGOSTINHO.

Grover disparou para dentro. Mergulhou atrás de uma arara cheia de vestidos de noiva.

A sombra do monstro passou na frente da loja. Pude sentir o cheiro da coisa - uma combinação nauseante de lã de carneiro molhada, carne podre e aquele esquisitíssimo odor corporal azedo que só os monstros têm, como o de um gambá que comesse apenas comida mexicana.

𝐏𝐞𝐫𝐜𝐲 𝐉𝐚𝐜𝐤𝐬𝐨𝐧 𝐚𝐧𝐝 𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐥𝐲𝐦𝐩𝐢𝐚𝐧𝐬Where stories live. Discover now