TRÊS ANOS E MEIO ATRÁS

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Boate Santamaria. Ibiza, Espanha.

38°57'16.79" N, 1°24'17.39" E


Ao desligar a motocicleta e a estacionar a algumas quadras de seu objetivo, Lydia pôde finalmente checar as luzes neon iluminavam o centro do distrito sombrio de Ibiza. Passou o dia inteiro se preparando, estudando os nomes de seus alvos antes da chamada de Adalberto naquela sexta-feira com seu bilhete dourado.

Não perguntara onde conseguiu ingressos para a Santamaria, uma das maiores boates de Ibiza e porta de entrada para certos negócios do crime organizado europeu, tampouco fez caso da presença de sua futura parceira. Não importava.

Em prol de sua família, ela aceitaria qualquer condição imposta por seu benfeitor.

Alisou a correntinha e apertou o botão na moldura para que ela abrisse e estampasse o sorriso de sua garotinha. Ao lado dela, seu finado marido carregando-a nos ombros, ambos alegres, sem preocupações.

Um riso, junto a lágrimas, surgiu em seu rosto enquanto esperava a chegada de Priya nos arredores daquela boate. Fechou a correntinha, a deixou repousada entre os seios e suspirou ao fitar a majestosa boate.

Soube que a Santamaria ganhou uma reputação inicial como o primeiro e principal clube polissexual da Europa, sendo comparado a uma versão ao ar livre das famosas boates da noite novaiorquina. E a imponência podia ser vista de longe, pois o ambiente poderia caber fácil mais de quinze mil pessoas.

Enrugou-se no casaco de couro, pois o tecido do tubete vermelho-sangue fazia pouco para inibir o frio emanado bela noite de fim de ano. Nada podia fazer pelas coxas desnudas e por isso trocava o peso das pernas, movimentando-as, a espera daquela maldita. Não gostou nem um pouco da demora.

Queria estar lá dentro, embrenhando-se e navegando pelas águas tempestuosas que era o submundo. Será que ela finalmente saberia do onde Don Cacciola estava? Dos motivos pelos quais ela...

Não, preferiu olhar para o chão sujo do estacionamento de terra batida e rezou para sua parceira naquela missão chegar logo, pois não queria mais pensar em tais eventos. Apesar de compreender os motivos de Adalberto, seu passado era doloroso demais para esquecê-lo.

Sua ânsia e desejo de causar uma guerra parecia bem maior que seu controle. Queria voltar a academia, dar inúmeros socos no saco de pancadas, nos bonecos de borracha para acalmar os nervos.

Era experiente por deus. Não era mais uma jovem garota de vinte anos que colocava o egoísmo e o desejo de sangue na frente das necessidades do grande esquema, do grande jogo. Sorriu ao imaginar-se em um trono, vendo o tumulo de seus inimigos. Uma breve visão do que aconteceria, se os planos deles fossem realizados.

Pegou, do bolso do casaco, o celular e iria mandar uma mensagem quando notou a aproximação de um carro escuro. Dele, finalmente viu os cabelos levemente ondulados de Priya saindo da porta do motorista. Revirou os olhos e se aproximou, com certa dificuldade devido aos seus saltos, no momento em que ela fechou a porta.

— Demorou.

— O cabelo — a morena, cujo rico bronzeado a deixava bem escura, quase de um tom amadeirado ajeitou duas das mechas do cabelo — foi o culpado. — Agora ela olhou ao redor. — Pronta?

— Nasci pronta.

Caminhou lado a lado dela que ajeitava a bainha de seu vestido curto, justo e negro.

Passaram rapidamente pelos seguranças que só pediram identificação e, quando foram autorizadas para a área exclusiva, Lydia assobiou para um riso nasal de sua acompanhante. Eles nem sequer quiseram-nas revistar.

Instintos Criminais [Em Hiatus]Where stories live. Discover now