Capítulo 4

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Rum Point, Ilhas Cayman. Caribe.
Aprox. 19° 22' 42.5532" N, 81° 17' 53.1528" W


Illya lhe disse, desde a caminhada pelo vale das sombras, que mover dinheiro era a sua arma. Koji, outrora, riu de deboche. Agora, com os bíceps cansados, formigados depois de inúmeras braçadas e as panturrilhas ameaçando arrefecer sobre a pressão das águas cristalinas do paraíso, via a sabedoria por trás das palavras do amigo.

Em meio ao cenário familiar, calmo, bonito e relaxante, colocou a cena da morte de Damiani em uma caixinha na mente e a trancou, entretanto não jogou a chave fora.

Para proteger sua família, é isso que você deve fazer. Suas mãos não ficarão limpas, Koji. Novamente, o banqueiro morto no pier da Seven Miles voltou a lhe assombrar. Talvez sim devesse jogar a chave fora.

Em prol de sua sanidade mental.

Não vou afundar na escuridão, Damiani. Jamais. Não foi para isso que entrei para esse mundo.

Não foi? A Inami sabe o que você anda fazendo? Ou sua mãe? Aceite a realidade, Koji, e será bom para nós dois.

Ignorou a voz que o puxava cada vez mais para o abismo da loucura e procurou Leslie. Ela inclusive parecia ser uma veterana em mergulhos do tipo. Checou bem os materiais, lhe ensinou a mergulhar e ainda fez testes em águas rasas antes de abandonarem o navio na costa de uma praia.

Havia, no mínimo, uma hora de distância entre eles e o local onde a atenção da ilha estava concentrada.

Leslie vestia um curto macacão de mergulho sem mangas, e amarrou não somente o coldre de perna, mas o de ombro também. Não perguntou a finalidade clara delas ou contestou sobre elas estarem molhadas. Conhecia muito bem a esposa para saber que por trás da face estoica ou um sorriso sutil, ocultava uma mulher enfurecida.

Quis então admirar a beleza natural. O mergulho em torno do cais que se aproximava, apesar do enorme cansaço e esforço, foi bastante bom. Viu muitos peixes, corais e até um enorme caranguejo eremita. Se imaginou deslocando-se pelo relevo marinho, sem preocupação ou desejos, livres de amarras e compromissos.

Os quais chocaram-se as bochechas no momento em que Leslie atingiu as areias e jogou as máscaras de respiração próxima as mesas de piquenique à beira-mar. Uma boa olhada ao redor e Koji percebeu os motivos pela naturalidade dos clientes ao ver um homem e uma mulher em roupas de mergulho pisando na areia.

Próximo ao bar, inúmeros mergulhadores conversavam tranquilamente. Outros gritavam entre o consumo de carne e cerveja. Alguns até com as mangas de seus macacões amarrados à cintura. A cena corriqueira tornou Leslie e Koji mais um casal na multitude de pessoas, a ponto de receberem da garçonete um menu com as ofertas do bar próximo.

Era tão risível a cena. Certamente eles viam a fumaça no horizonte, não? Rejeitando ficar com uma delicadeza digna das ladies britânicas, Leslie continuou em linha reta para o estacionamento.

Ele preferiu ver as redes, as cadeiras de praia e como o local era bem arrumado e limpo. Os catamarãs ao longe decoravam o horizonte como verdadeiros fortes virados para a baía. Por um momento, se sentiu observado, investigado. Somente os chamados da esposa tiraram-lhe do transe do momento.

De longe, sua mulher parecia uma Lara Croft, com o adendo do sotaque. Ainda mais quando ela escolheu uma moto esportiva.

- Suba.

- Tá bem mandona para alguém que matou alguém.

- Ele não foi meu primeiro e não será meu último. - Leslie foi até um banco de madeira, se agachou e retirou um papel-envelope preso debaixo dele. - Suba.

Instintos Criminais [Em Hiatus]Where stories live. Discover now