TRÊS ANOS E MEIO ATRÁS

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Las Dalias, Ibiza
39°01'44.3″N, 1°33'26.8″E


Não era difícil para Lydia achar Ibiza relaxante, tranquilizante. Ao cruzar os braços enquanto esperava "Illya" descer as escadarias do hotel, ela via o agitar das ondas, o cheiro salgado das águas e a beleza idílica das praias capazes de servir como um refúgio a vida de merda de forma serene.

Sabia muito bem que não poderia se enfeitiçar, ainda assim, se pegou caminhando nas areias após um dia de trabalho, divertindo-se entre piadas e brincadeiras com sua família. Sorrindo tristemente e cabisbaixa, voltou a apertar a correntinha e se lembrar por quem fazia tudo o que fazia.

Observou o vai e vem das pessoas, treinando a analise corporal e comportamental tão enraizada nos treinamentos com Adalberto. Há quanto tempo o casal de jovens estava junto? Teria o recepcionista, um gato? Certamente viu pelos de um nas mangas de seu uniforme. O homem de casaco de couro e barba bem feita, sentado no sofá da recepção, tinha cara de poucos amigos. Seria ele um observador da máfia?

Ou apenas alguém enfezado com o sol e calor?

"Illya" apareceu do elevador portando um sorriso de orelha a orelha, evidenciando ainda mais as covinhas e escondendo ainda mais seus olhos. Alegre, ele também não tinha senso algum de segurança situacional. Completamente absorto, mal reparou que alguns homens do saguão se remexeram onde estavam.

Para um contador da máfia, ele era relaxado demais. Assim como eu era.

Retirou da bermuda as chaves de seu carro antes de abotoar a camisa de linho e ajeitar o chapéu panamá. Os óculos escuros presos na gola da camisa deram-lhe um charme suave, tal como o andar felino que ela conhecia muito bem.

Lydia acenou levianamente e esbanjou um sorriso de ternura, amaciando um pouco o short saia escolhido. A ação teve o efeito desejável, pois "Illya" fitou suas pernas delineadas por um momento antes de voltar a atenção para seus olhos.

- Não é meu estilo deixar uma mulher esperando, mas tinha sono acumulado. - Ele uniu as mãos em um sinal de clamor. - Perdoe esse mero mortal.

- Sem problemas, Illya. - Lydia colocou uma das mãos em seus próprios ombros, massageando-os um pouco. Aproveitou também para ajeitar a alça da bolsa larga que carregava. - Só cheguei aqui tem uns cinco minutos, mais cinco iria bater a sua porta.

Eu cheguei aqui duas horas antes. Afinal, quero saber quem você é de verdade, Illya Makhachev, ou deveria dizer...

- Para onde iremos hoje? - "Illya" aproveitou que estava com as mãos unidas para esfregar as mãos.

- Da onde eu venho, são os homens que levam as mulheres para um lugar especial. Mágico.

- De onde eu venho, homens como eu não saem com assassinas. - Ele elevou um pouco os lábios superiores para a esquerda. - Touché.

- Como descobriu? - Lydia não deveria subestimar a capacidade de um contador da máfia. Podia desconversar, fingir que não era com ela, mas o tom do rapaz dizia que qualquer coisa que não a confirmação seria vista como conversa fiada. - Eu sou uma executiva e nem ando armada.

- Quer enganar quem, Francesca? - Sentiu o calor da manhã de Ibiza. - Ou seria Lydia Moretti? Leslie Holt? Da mesma forma que você sabe quem sou, eu também sei quem você é.

- E por que topou sair comigo então? - Ela abaixou os óculos e mostrou a tempestade rampante no azul de seu olhar.

- Gosto de dar a oportunidade as pessoas. - Voltou a sorrir. - E vamos nos introduzir propriamente, não? - Ele esticou a mão. - Koji Sato, ao seu dispor.

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⏰ Last updated: May 26 ⏰

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Instintos Criminais [Em Hiatus]Where stories live. Discover now