🪻o menino do retrato

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Pequeno e aconchegante. Isso foi o que ele pensou primeiro quando foi aparatado na sala de estar da casa de Sirius, sua nova casa, a casa deles. Era muito bonito. Tudo era quase novo. A sala de estar era estreita. Um sofá de dois lugares de cor creme e uma poltrona atrás de uma mesa de centro de carvalho escuro. Uma bela pintura de um lago pendurado no papel de parede azul suave. O piso era de madeira clara e o espaço era iluminado pelo sol que entrava pela janela. Logo após a porta ficava a sala de estar. Pouco mobiliado e decorado. Um candeeiro de pé e uma pequena mesa alta com um livro. Um grande sofá estava na sala acompanhado apenas por uma pintura de... Sirius?

- Isso é você? – ele perguntou curioso. Uma sobrancelha cuidadosamente levantada.

- Bem... – o rubor no rosto de Sirius era cativante – Meu tio Alphard me deu esta folha e achou que pendurar um retrato meu seria uma boa ideia. Era dele.

- Então, seu tio tinha um retrato de você com 15 anos? – em sua voz você podia ouvir facilmente o tom cético.

- Bem, eu era o Herdeiro da Família Negra – Ele suspirou um pouco antes de continuar como se estivesse relembrando um passado melhor – Eu estava em desacordo com minha família na melhor das hipóteses, mas eles me trataram como o Herdeiro que eu era – Os dois se aproximaram do retrato .
No retrato, Sirius, de quinze anos, olhava para eles. Seu rosto era altivo e dava para ver um pouco de desdém, talvez pelo pintor, por seus pais ou por qualquer pessoa, na verdade. De qualquer forma, sua expressão agora imortalizada parece olhar para o mundo com certo desprezo, como se o mundo estivesse abaixo dele. Suas vestes, pretas e cinza, em perfeita harmonia com seus cabelos e olhos, faziam-no parecer nobre. Ele segurava sua varinha na mão direita, colocada sobre o coração.

Em seu dedo indicador, o dedo que representava sua lealdade, estava o que só poderia ser o anel da Herança da Família Negra. Um lindo anel de sinete, feito de prata com uma linha de pequenos diamantes rodeando um B escrito com bom gosto. Estava descansando inocentemente sobre seu coração, onde deveria estar sua lealdade. Se ele, um pobre mestiço, sabia das implicações disso, Sirius, que foi criado como o filho orgulhoso da Família Negra, deveria saber ainda melhor. Seu tio estava lembrando Sirius de seu lugar.

Na verdade, Sirius não pensou muito nisso antes. Ele riu ao ver a pintura, criticando o tio por seu sentimentalismo, você tem um retrato de cada um de seus sobrinhos e sobrinhas, tio Alphie? Ele perguntou enquanto provocava seu tio. Ele não parou para realmente olhar a pintura inteira. Claro, ele parecia bonito. Mas obviamente isso não foi tudo.

Ele se lembra daquele dia claramente. Sua mãe disse que havia pedido apenas o melhor para ele. Ele estava preparado para o pintor há quase 4 horas, sem movimento. A mãe disse: “Deve ser perfeito porque vai refletir não só o seu rosto, mas o futuro desta família”. Ele parou e não se moveu. Não houve briga entre eles naquele dia. Um verdadeiro milagre. Provavelmente o fato de ele não ter reclamado tanto ajudou. E a mãe dela olhou para ele com olhos cheios de orgulho.

Olhando mais de perto seus olhos, agora olhando-os com mais consciência, teve a sensação de tê-los visto em outro lugar, nos olhos de outra pessoa.

Órion Negro e Arcturus Negro. Foi lá que ele viu, e não estava falando da bela cor prateada líquida que eles pareciam preferir. Não, era a expressão de tudo que estava abaixo deles. Fique orgulhoso acima de tudo. Quantas vezes ele não ouviu?

No final, parece que ele não esqueceu.

- Meu retrato foi encomendado pelos meus pais. Uma cópia foi enviada a cada um dos ramos da família. Um em casa, um para meu tio Cygnus, e este dado para meu tio Alphard – Uma pontada de tristeza bateu no coração de Severus ao ouvir a voz de Sirius. Havia uma emoção turbulenta nos olhos de Sirius que Severus não conseguiu permitir que continuasse a apodrecer.

- Você está lindo – ele deixou escapar com uma cara séria a primeira coisa que lhe veio à mente. E obviamente tirou Sirius do lugar escuro onde ele estava.

- Ah, querido, pensei que você nunca iria admitir – ele passou a mão pela cintura e o puxou para mais perto dele. Severus olhou para a mão ofensiva.

- Assim que estivermos devidamente acomodados, pedirei a alguém que pinte um retrato de nós dois – algo brilhou nos olhos de Sirius, mas ele ainda não conseguiu decifrar o quê.

- Você não precisa estar com a mão aí para me dizer isso – ele disse com os dentes cerrados. A maldita mão só desceu mais até pousar em sua bunda direita. Ele negaria a todos o grito indigno que soltou assim que Sirius lhe deu um aperto forte e longo.

- Você tem toda razão meu querido. Eu não preciso disso, mas eu quero isso. – Um sorriso cheshire cresceu no rosto de Sirius.
- Agora você está à minha mercê. Eu sou seu marido e aceitarei o que for meu direito.

Antes que Severus pudesse protestar, ele foi puxado para um abraço e ali mesmo sua boca foi atacada por um beijador ávido. Sim, ele era de fato o marido de Sirius. Ele havia se inscrito nisso sozinho, sem ameaças e sem coerção. Simplesmente acordo. Era seu dever cuidar do marido e não podia fugir da responsabilidade agora que estava legalmente casado. No mundo bruxo era assim que funcionava. Esse foi um dos principais motivos pelos quais sua própria mãe se deixou maltratar tanto. Ele, por outro lado, não permitiria que tais coisas acontecessem com ele. Sim, ele concordou em se casar com Sirius, mas se não o respeitasse seria questão de algumas gotas de Belladona em seu chá. Ser Viúva Negra também era uma opção.

Obviamente, se Sirius provou ser um bom marido, ele também continuará sendo um marido atencioso. Afinal, ele era um sonserino e seu objetivo era viver uma vida confortável e saudável. Ele já subiu na escala social. Sim, Sirius foi destituído de seu título de herdeiro da família. Mas ele ainda era um sangue puro de raça perfeita. Agora, ele havia deixado para trás seu horrível nome trouxa. Severus Black, tinha um certo significado. Ele seria o dono de casa perfeito para Sirius. Ele já havia se provado uma noiva digna, apesar de ser mestiço, era puro, mais puro que muitos outros puro-sangues. Ele se lembra do silêncio após o casamento de Bellatrix. Ninguém disse nada porque ela era negra. Agora ele também é negro. Se seu marido quisesse tomar o que era seu por direito, ele não reclamaria. Afinal, ele iria pegar o que era seu por direito também.

Quando Sirius o soltou, ele ficou parado por dois segundos, atordoado pela devastação. Mas sua mente só conseguia ecoar esse pensamento. Ele teve que pegar o que era dele também.

E ele fez isso.

Antes que Sirius pudesse dizer qualquer coisa ou se mover novamente, Severus colocou os braços em volta do pescoço de Sirius e, andando um pouco na ponta dos pés, percorreu todo o caminho para um beijo. Tão selvagem quanto o de Sirius. A reação de Sirius só demorou um segundo. Ele ficou furioso com a ousadia de Severus.

Logo suas mãos estavam vagando pelo seu novo marido. Sentindo tudo o que antes só conseguia observar de longe. Foi emocionante a emoção de ter sua obsessão nos braços. Ele agora estava obcecado não só por Severus, mas também por sua cintura. Estreito e firme. Ele abraçava-o sempre que tinha a oportunidade de fazê-lo.
Eles logo se separaram por falta de oxigênio.

Lindos olhos negros olhando para ele, pupilas arregaladas. Ele se aproximou dele para sussurrar em seu ouvido que talvez devessem subir. Severus se fortaleceu e assentiu lentamente depois de olhar para o chão para esconder o rubor em suas bochechas. Sirius não perdeu tempo. Ele pegou o marido nos braços, segurando-o em um estilo nupcial que lhe permitiu esconder o rosto entre o pescoço e a clavícula.

Ele estava grato, muito grato pela contribuição de James, sem ele, ele não encontraria uma desculpa para chamar Severus, nunca em um milhão de anos ele esperaria que Severus lhe propusesse casamento imediatamente. Graças a Merlin, eles fizeram as coisas certas. Agora que Severus era seu marido, não havia como escapar.

Uma vida adequada - TRADUÇÃO - Where stories live. Discover now