Capítulo 3

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[Dia 5 – 14:27 (Não costumo escrever durante o dia, mas, isso é importante. Ela não me reconheceu ainda; pelo menos é o que parece. Daqui alguns minutos vamos nos encontrar, pra eu apresentar o bairro “mais uma vez” pra ela... Já faz muito tempo...)]


  Era de se esperar que Joe se atrasasse um pouco, já que o tempo não era o seu melhor amigo em quase todas as situações, só que, dessa vez, ele se atrasou muito mais do que deveria.

  — Oi! Me desculpa, eu perdi a noção da hora enquanto caminhava.

  Joe chegou em frente da igreja, num pique quase de corrida, já com um pouco de suor em sua testa.

  Luna já estava esperando quando ele chegou.

  Logo de cara, Joe quis elogiar a sua aparência, apesar de não o fazer. Ela estava usando um vestido cinza, com alguns detalhes em branco, que, curiosamente, combinava com a fachada azul claro da igreja.

  — Oi, aconteceu alguma coisa no caminho para cá?

  Luna não parecia está irritada, apesar do olhar levemente cansado e entediado.

  — O pior que não. Eu só comecei a responder uns amigos pelo celular, e me distraí mais do que eu queria!

  Ele levou a mão até seus olhos, como se tentasse esconder a expressão de vergonha em seu rosto.

  — Tudo bem!

  O sorriso da garota era suave e aconchegante, e isso trouxe algumas memórias de volta para a mente de Joe.

  “Em suas memórias, as duas crianças estavam com os cotovelos e joelhos ralados. Não era como se fosse machucados profundos, mas, no corpo de uma criança, qualquer corte dói mais do que em um adulto.”
  “Todas a paisagem estava embaçada, já que não se lembrava de todos os detalhes, mas, ele mantinha em sua memória, aquilo que era mais importante. Elas caminhavam lentamente, uma se apoiando na outra, em direção a casa da menina, que era quem morava mais perto da praça aonde o ‘acidente’ havia acontecido.”
  “O menino chorava um pouco, mas estava com vergonha de si mesmo, já que, apesar de também chorar, a menina estava se controlando melhor do que ele.”
  “A ideia de descer o escorrega mais alto tinha sido dele. Ela de início não queria participar, mas, ele conseguiu a convencer de descerem juntos. Afinal, o que poderia dar errado?”
  “Os machucados que eles conseguiram respondiam aquela ingênua pergunta.”

  Joe não se lembrava de tudo o que aconteceu naquele dia. Já faziam tantos anos, que até a ideia de ter se machucado em um escorrega parecia apenas um sonho vago. Mas, o sorriso que a Luna mostrava agora na sua frente, o lembrou de como ela sempre sorria alegre para o fazer parar de chorar quando essas coisas aconteciam.

  “Ela sempre foi muito forte, né?”

  Enquanto encarava aquele sorriso nostálgico, o garoto não conseguiu evitar de elogiá-la em seus pensamentos.

  “Ela sempre foi tão incrível!”

  — Sarça ardente... Sarça ardente...

  — Oi??
  Ele foi surpreendido com a fala de Luna.

  — Finalmente! Pensei que você tinha entrado em algum tipo de transe, ou algo do tipo. Do nada você começou a olhar pra mim sem piscar.

  — Normalmente, quando alguém se distrai, as pessoas normais se cutucam!

  Joe tentou fingir que nada havia acontecido.

  — Graças a Deus, eu não sou uma pessoa “normal”. – ( Mais uma vez, aquele sorriso... ) – E também, qual a melhor forma de fazer um cristão prestar atenção em uma voz, se não usando uma planta em chamas?

  — Você tem um ponto. Então, demorei muito?

  — Me encarando? Ou pra chegar até aqui?

  — Desculpa...

  Novamente, ele quis esconder seu rosto envergonhado.

  — Tô brincando, Jony!

  — Jony?

  Joe pareceu realmente confuso.

  — É. Seus amigos te chamam de Joe, mas achei Jony um pouco melhor!

  — Por quê?

  — De início eu queria te chamar de Natan, mas, era assim que eu chamava um amigo de infância meu, mas, tem alguns anos que não o vejo, então acho melhor chamar de Jony.

  “Natan... Faz anos que ninguém me chama assim!”

A Escolha Certa - Um Romance Um Tanto Quanto Cristão Onde histórias criam vida. Descubra agora