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POV AURORA

Uma das piores sensações é essa: Sentir-se sozinha e perceber que não se pode contar com ninguém.

Sentir que não há mais motivação para seguir, por nada nem por ninguém. Afinal, quem sabe, tudo seria bem melhor se você não existisse mais.

Eu não sei mais o que dizer, não sei mais o que fazer, nem sei o que estou sentindo, nem consigo chorar mais.

Sinto a queimação em meus pulsos quando aquele policial os prende mais uma vez naquele dia. Ele segura firme em meus braços que estão atrás das minhas costas.

Antes de ser arrastada entre os corredores desse presídio, dou uma última olhada para o delegado Theodoro, que continua sentado, mas seus olhos permanecem em mim.

— Vamos lá, vadiazinha! — o policial nojento sussurra em meus ouvidos, fazendo com que apenas eu ouça o que ele acabou de dizer. Ele sai me puxando pelo braço por entre os corredores.

— Tire os objetos de metal, caso tenha. — uma senhora falou assim que paramos em frente a uma enorme mesa.

— Eu não tenho nada. — falei.

— Aqui está sua roupa. — estendeu-me o uniforme laranja.

Como minhas mãos estavam algemadas atrás de minhas costas, eu não conseguia segurar o uniforme, o policial que me acompanhava pegou com brutalidade o uniforme das mãos da senhora guiando-me até o banheiro.

— Pode me dar licença? — perguntei assim que chegamos no banheiro.

Em silêncio, o policial retirou minhas algemas e cruzou os braços.

— Se troque logo. — mandou.

Encarei-o por longos minutos e percebi que ele não iria sair dali para que eu pudesse me trocar. Zero privacidade. Uma falta de respeito por parte dele.

Suspirei pesadamente e comecei a tirar minhas roupas, ficando apenas com as peças íntimas. O policial nojento encarava meu corpo como se fosse uma carne suculenta; seus olhares me incomodaram bastante. Mas o que eu poderia fazer?

Vesti minha roupa o mais rápido que pude para sair daquela cena constrangedora. Assim que terminei de me vestir, o policial me algemou novamente e me guiou até a cela onde eu ficaria pelos próximos dias ou anos.

Passamos por várias portas que estavam fechadas e, por fim, avistei a enorme grade que dava acesso à ala onde as presas ficavam.

Meu coração acelerou e eu travei meus pés no chão com medo de entrar ali. Eu tinha medo do que poderia enfrentar...

— Não me faça te arrastar ainda mais! — o policial falou entredentes.

Balancei a cabeça negativamente para afastar todos os meus pensamentos, abaixei minha cabeça e me deixei ser conduzida para dentro daquela ala. Um policial que ficava de guarda ali abriu as grades para que passássemos.

— Carne nova no pedaço! — ouvi uma voz feminina do meu lado direito, mas recusei-me a olhar para a dona dessa voz.

— Oi, bonequinha. — outra pessoa falou.

A DetentaOnde histórias criam vida. Descubra agora