08

39 10 2
                                    

POV THEODORO

Passei a mão no rosto tentando me acalmar para não cometer uma loucura ou fazer algo que eu me arrependesse depois.

Uma das detentas que mais me dá trabalho aqui falava sem parar e acusava a Aurora, alegando que ela começou essa briga. Por outro lado, Aurora dizia que não.

Eu acreditava nela.

Não deveria, mas acreditava.

Eu via tanta sinceridade e inocência naqueles olhos azuis. Por um impulso filho da puta, acabei abraçando-a. Ultrapassei uma linha que eu não deveria.

Me arrependo? Sim.

Faria de novo? Sim.

— Cale a boca! — falei rudemente, me levantando e batendo na mesa. — Eu te conheço e não é de hoje, Tereza!

— Oras, senhor diretor, você vai fazer o que? Me colocar na solitária? — debochou. — Mas e a bonequinha, não vai ser punida mais uma vez? Afinal, eu não briguei sozinha.

Apertei meus punhos com força.

Eu realmente não queria colocar Aurora na solitária. Meu coração se aperta só de imaginar. Mas eu não poderia punir apenas a Tereza dessa vez... infelizmente, o infeliz do policial bateu o pé que quem iniciou toda a confusão foi a Aurora. Eu não acredito, mas não posso defendê-la dessa vez.

— As duas ficaram na solitária por três dias. — decidi por fim. Não consegui olhar para a Aurora para ver sua reação, eu estava me odiando nesse momento.

A minutos atrás, eu estava a consolando. Cedi meu abraço para que ela chorasse e agora, estou magoando-a.

Merda.

— Delegado, por favor, eu juro que não iniciei essa briga. — ouvi sua voz embargada pelo choro preso. Ela estava com medo. Apavorada, eu diria. Afinal, ela nunca conheceu a solitária e não imagina o que pode estar lhe esperando.

Eu queria expulsar todo mundo da minha sala, pegar na mãozinha dela e lhe conduzir até o sofá fazendo com que ela sentasse em meu colo e ali, eu a consolaria mais uma vez.

Que diabos eu estou pensando? Por Deus, eu sou o delegado e diretor dessa penitenciária, não posso me deixar levar por uma detenta.

Sem conseguir encará-la, olhei para a minha mesa, respirando fundo para não voltar atrás da minha decisão, e eu estava quase fazendo isso.

— Levem elas. — falei para os policiais que estavam acompanhando as duas detentas.

Ouvi os passos se distanciando e a porta se fechando logo em seguida. Bufei irritado e me sentei em minha cadeira, passando a mão no rosto.

— O que foi, irmão? — ouvi a voz do meu irmão. Tinha até me esquecido que esse infeliz estava aqui.

— Por que não foi embora ainda, cara? — perguntei irritado, levantando o olhar para encarar meu irmão.

— Eu sei que você me ama, tá. Mas me fala uma coisa, por que toda vez que eu venho aqui encontro essa detenta? — perguntou se referindo a Aurora.

— Eu sou o diretor desse presídio, qualquer problema com as presas, eu tenho que resolver.

— Ai ai ai, Theo, você quer mentir pra mentiroso? — perguntou, se levantando do sofá e caminhando até a cadeira em frente à minha mesa. Ele se sentou em minha frente e cruzou os braços. — Vamos, me conta, o que está havendo entre vocês?

— Nada.

— Nada? Qual é, eu vi o jeito que você olha pra ela... Está afim dessa garota? — perguntou.

A DetentaOnde histórias criam vida. Descubra agora